Irmãos
e irmãs,
Este
Santo Domingo apresenta a imagem do casamento como imagem que exprime de forma
privilegiada a relação de amor que Deus estabeleceu com o seu Povo. A questão
fundamental é, portanto, a revelação do amor de Deus. Celebramos ainda, a Solenidade
da Padroeira do Brasil, Nossa Senhora Aparecida. Maria é apresentada como a
Serva do Senhor que diz “sim” à sua Palavra, como a cheia de graça, que si
mesmo nada é, mas que tudo por bondade de Deus.
Temos
neste trecho do Livro de Ester o desfecho de um episódio que por pouco não se
transformou em massacre do povo eleito, exilado e cativo na Pérsia. Ester
substituía a rainha, destronada por ter caído na desgraça do Rei Xerxes. O
primeiro ministro do rei, odiava os judeus e conseguiu que ele consentisse o
extermínio do povo de Deus. Ester sendo judia e sabendo da trama, intercede em
favor de seu povo e alcança o benefício do rei. Ester é figura de Maria
enquanto intercede pela salvação do povo.
No
Livro do Apocalipse a mulher adornada de todo seu esplendor – o sol, a lua e as
doze estrelas, imagens tradicionais – simbolizam o povo de Deus: antes de tudo,
o antigo Israel, do qual nasceu Jesus segundo a carne; depois o novo Israel, a
Igreja, Corpo de Cristo. Um e outro são vítimas das perseguições do dragão,
isto é, de satanás, aqui descrito como os símbolos do domínio. O menino, dado à
luz pela mulher, é evidentemente o messias, visto tanto em sua realidade
histórica como misticamente nos cristãos.
O
Evangelho apresenta, no contexto de um casamento - cenário da “aliança”, um
“sinal” que aponta para o essencial do “programa” de Jesus: apresentar a
humanidade o Pai que os ama, e que com o seu amor os convoca para a alegria e a
felicidade plenas. Revela-nos que Jesus veio ao mundo para trazer a Boa Nova do
Reino de Deus e firmar a Nova e eterna Aliança entre Deus e os homens através
do mistério pascal. Assim, a água da purificação dos judeus, sinal do Antigo
Testamento que está para terminar, será substituída pelo vinho da Nova Aliança
que alegra os nossos corações e nos traz a salvação. E isso acontece numa festa
de casamento, sinal das núpcias do Cordeiro e prefiguração da Igreja como
esposa de Cristo.
Assim,
o relato conta-nos que ”Houve uma festa de casamento”. Jesus foi convidado:
“Jesus também tinha sido convidado para essa festa de casamento, junto com seus
discípulos”. Eis agora o drama: “Faltou
vinho”. No rito do casamento, o momento alto era quando os esposos bebiam no
mesmo copo de vinho; o vinho é o símbolo do amor. Então, neste casamento, que é
símbolo da aliança entre Deus e o seu povo, falta a elemento mais importante:
falta o amor. “Faltou vinho e a mãe de Jesus lhe disse: ‘Eles não têm vinho! ”.
A mãe não diz, como estamos acostumados a ler nas velhas traduções “Não tem
mais vinho”. O vinho nunca esteve. E tampouco diz: “Não temos vinho”, porque o
Israel fiel sempre conservou com Deus este relacionamento de amor. Portanto
sempre existiu o vinho do amor. A mãe de Jesus se preocupa com a massa do povo
“Não têm vinho” e portanto chama a atenção de Jesus sobre a situação do povo.
“Jesus
respondeu: "Mulher, que existe entre nós? Quer dizer o que importa isso
para mim e para você? Jesus se dirige
com esta expressão para declarar o papel dela de esposa da aliança. “Minha hora
ainda não chegou", a hora da aliança de Jesus será quando derramará o seu
sangue na cruz. A nova aliança não será como a antiga, feita de sangue de
touros, mas com o próprio sangue de Jesus, quer dizer do próprio filho de Deus.
“A mãe de Jesus” – pela terceira vez aparece este termo – o número três na
simbologia hebraica significa o que é completo, o que está cheio – “disse aos
que estavam servindo”: e aqui o evangelista usa o termo “diáconos” que
significa não aqueles que devem servir, mas aqueles que servem livremente por
amor e se colocam voluntariamente a serviço dos outros. "Façam o que ele
mandar." As palavras da mãe de Jesus, a sua ordem, repetem aquilo que o
povo disse a Moisés depois da aliança” Tudo o que o Senhor mandar fazer nós o
faremos”.
“Haviam
seis potes de pedra”, o número sete indica a totalidade, o número seis indica a
imperfeição. Portanto, há algo de imperfeito. Estes potes pois, são de pedra e
não de barro, portanto pesados, imóveis. Para que deviam servir estes potes?
“Para os ritos de purificação dos judeus”. No texto original não existe a
palavra ‘rito’. Fala-se simplesmente de “purificação dos judeus”. Eis aqui, no
centro do episódio, o evangelista aponta o motivo pelo qual falta o amor.
Porque falta o amor? Porque um relacionamento com Deus alicerçado só sobre a
observância da lei fazia sentir o povo sempre indigno, sempre culpado... E
sabemos quando nos sentimos sempre culpados, não podemos experimentar o amor de
Deus. Eis o problema que existe neste casamento onde falta o vinho, falta o
amor: é a purificação quer dizer uma religião, uma lei que fazia sempre sentir
as pessoas indignas e sempre culpadas. Além do mais, o evangelista afirma que
deviam conter seiscentos litros ou mais e portanto sempre esta capa pesada da
purificação.
E
agora a intervenção de Jesus: “Encham de água esses potes”. Os potes não vão
conter nunca a água da purificação. Será o próprio Jesus que irá fornecer a
verdadeira água da purificação. "Agora tirem e levem ao mestre-sala".
Aparece pela primeira vez um personagem importante que é o mestre-sala. Nestes
almoços que podiam ter a duração de uns dias, havia um encarregado que devia
vigiar o desenrolar da festa e, sobretudo devia ficar atento às provisões. No
entanto este personagem importante não percebe que está faltando vinho.
Os
chefes não se dão conta da situação do povo, que está sem amor. Para eles não
interessa. No entanto Jesus diz: ”Agora tirem e levem ao mestre-sala". E
eles levaram. “Este provou a água transformada em vinho”; os odres não conterão
nunca vinho, símbolo do Espírito que Jesus vai efundir, mas a água se torna
vinho quando é haurida dos potes. De fato o texto diz: “ Os que serviam estavam
sabendo, pois foram eles que tiraram a água”, portanto nos odres tem água, mas
quando sai se transforma em vinho, porque o vinho é o dom de Jesus. É a nova
aliança alicerçada sobre o amor.
“Este
provou a água transformada em vinho, sem saber de onde vinha e exclama: “Todos
servem primeiro o vinho bom e, quando os convidados estão bêbados, servem o
pior. Você, porém, guardou o vinho bom até agora."
O
episódio de Caná marca o início dos sinais de Jesus, que têm como finalidade
levar a nova humanidade à maturidade da fé e a posse da vida. Assim, a
comunidade cristã, entregando-se total e definitivamente ao esposo da
humanidade, participa da Nova Criação, o mundo novo. Vivemos tempos de
plenitude, tempos de vinho novo. Os que caminham com Jesus na construção do reino
de Deus são pessoas novas. Portanto, anuncia o programa de Jesus: trazer à
relação entre Deus e a humanidade o vinho da alegria, do amor e da festa. Este
programa – que Jesus vai cumprir paulatinamente ao longo de toda a sua vida –
realizar-se-á em plenitude no momento da “Hora” – da doação total por amor. E o início de tudo foi a ação de Maria, que
pede o milagre a Jesus, mas que com sua adesão ao projeto de Deus, abriu
caminho para o início do Novo Testamento.
Desta
forma, Maria indica-nos com clareza qual é o segredo da eficácia, qual é o
caminho da salvação, como chegaremos à verdadeira felicidade: que façamos o que
nos diz o Seu Filho, que cumpramos fielmente e com amor os Mandamentos da lei
de Deus, que a penitência que hoje agrada a Deus é aquela que vai unida ao
cumprimento fiel dos nossos deveres de todos os dias. Nossa Senhora é modelo e
exemplo maravilhoso de fé, pois, acreditou, desde o primeiro momento, que havia
de cumprir-se tudo o que lhe foi dito da parte do Senhor. Confiemo-nos à sua
poderosa proteção, pois, Maria é modelo
para toda a comunidade que crê. Assim seja! Amém.
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