domingo, 15 de dezembro de 2013

Na alegre espera, o Reino acontece...

Este Santo Domingo nos lembra a proximidade da intervenção libertadora de Deus e acende a esperança no coração dos cristãos. Diz-nos: “não vos inquieteis; alegrai-vos, pois, a libertação está a chegar”.
A primeira leitura anuncia a chegada de Deus, para dar vida nova ao seu Povo, para o libertar e para o conduzir – num cenário de alegria e de festa – para a terra da liberdade.
Temos aqui um autêntico “hino à alegria”, destinado a acordar a esperança e a revitalizar o ânimo dos exilados. Qual a razão dessa alegria? É que Deus “aí está para fazer justiça”: Ele vai intervir na história, vai salvar Judá do cativeiro, vai abrir uma estrada no deserto para que o seu Povo possa regressar em triunfo a Sião.
A ação de Deus é excessiva, verdadeiramente transformadora e geradora de vida nova em abundância. A marcha do Povo da terra da escravidão para a terra da liberdade será, pois, um novo êxodo, onde se repetirão as maravilhas operadas pelo Deus libertador aquando do primeiro êxodo; no entanto, este segundo êxodo será ainda mais grandioso, quanto à manifestação e à ação de Deus. Será uma peregrinação festiva, uma procissão solene, feita na alegria e na festa. O resultado final desse segundo êxodo será o reencontro com Sião, a eterna felicidade, a alegria sem fim.
A segunda leitura convida-nos a não deixar que o desespero nos envolva enquanto esperamos e aguardarmos a vinda do Senhor com paciência e confiança. Depois de uma violenta denúncia dos ricos que oprimem os pobres e que enriquecem retendo os salários dos seus trabalhadores, o autor da carta dirige-se aos pobres e convida-os a esperar com paciência a vinda do Senhor (como o agricultor, depois de ter feito o seu trabalho, fica pacientemente, mas cheio de esperança, à espera que a terra produza os seus frutos).
A questão é, os pobres vivem numa situação intolerável de exploração e de injustiça; mas não devem resolver o seu problema com queixas e violências: devem confiar em Deus e esperar a intervenção que os salvará e libertará. A paciência e a espera confiada no Senhor são as atitudes corretas, nestes tempos em que se prepara a intervenção final de Deus na história.
Haverá, aqui, um apelo à passividade, a cruzar os braços, a demitir-se da luta pelo mundo melhor? Não devemos entender o apelo de Tiago nesta perspectiva; o que há aqui é um apelo a confiar no Senhor e a não embarcar no mesmo esquema injusto e violento dos opressores… O acento é posto na esperança que deve iluminar o coração de quem sofre: a libertação está a chegar.
O Evangelho descreve-nos, de forma bem sugestiva, a ação de Jesus, o Messias - esse mesmo que esperamos neste Advento: Ele irá dar vista aos cegos, fazer com que os coxos recuperem o movimento, curar os leprosos, fazer com que os surdos ouçam, ressuscitar os mortos, anunciar aos pobres que o “Reino” da justiça e da paz chegou. É este quadro de vida nova e de esperança que Jesus nos vai oferecer.
O nosso texto divide-se em duas partes… Na primeira, Jesus responde à pergunta de João e dá a entender que Ele é o Messias; na segunda, temos a apreciação que o próprio Jesus faz da figura e da ação profética de João.
Jesus tem consciência de ser o Messias? A resposta é obviamente positiva; para dá-la, Jesus recorre a um conjunto de citações de Isaías que definem, na perspectiva dos profetas, a ação do Messias enviado de Deus: dar vida aos mortos, curar os surdos, dar vista aos cegos, dar liberdade de movimentos aos coxos, anunciar a Boa Nova aos pobres. Ora, se Jesus realizou estas obras, é porque Ele é o Messias, enviado por Deus para libertar os homens e para lhes trazer o “Reino”. A sua mensagem e os seus gestos contêm uma proposta libertadora que Deus faz aos homens e mulheres, outrora, em nosso tempo.
Na segunda parte, temos a declaração de Jesus sobre o Batista. Mateus utiliza um recurso retórico muito conhecido: uma série de perguntas que convidam os ouvintes a dar uma resposta concreta. A resposta às duas primeiras questões é, evidentemente, negativa: João não é um pregador oportunista cuja mensagem segue as modas, nem um elegante convencido que vive no luxo. A resposta à terceira é positiva: João é um profeta e mais do que um profeta. A declaração, que começa com uma referência à Escritura pretende clarificar qual a relação entre ambos e o lugar de João no “Reino”: João é o precursor do Messias; é “Elias”, aquele que tinha de vir antes, a fim de preparar o caminho para o Messias… No entanto, aqueles que entraram no “Reino” através do seguimento de Jesus são mais do que Ele. Neste tempo de Advento, façamos da espera, uma alegria no Senhor que está chegando, fazendo o Reino acontecer. Assim seja! Amém.

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