domingo, 22 de dezembro de 2013

Jesus, Deus-conosco

Irmãos e irmãs, este Santo Domingo diz-nos, fundamentalmente, que Jesus é o “Deus-conosco”, que veio ao nosso encontro para oferecer uma proposta de salvação e de vida nova.
Na primeira leitura, o profeta Isaías anuncia que Javé é o Deus que não abandona o seu Povo e que quer percorrer, de mãos dadas com ele, o caminho da história… É n’Ele que devemos colocar a nossa esperança. O “sinal” de Deus é este: “a jovem conceberá e dará à luz um filho, e o seu nome será “Deus conosco”. O nascimento desse bebê será a garantia de que a descendência de David continuará e de que, apesar do ataque dos inimigos, Judá terá um futuro. Este bebê é, portanto, um sinal de que “Deus está conosco” e que continua a cuidar do seu Povo e a oferecer-lhe um futuro de esperança.
Na segunda leitura, sugere-se que, do encontro com Jesus, deve resultar o testemunho: tendo recebido a Boa Nova da salvação, os seguidores de Jesus devem levá-la a todos os homens e mulheres e fazer com que ela se torne uma realidade libertadora em todos os tempos e lugares. Num começo solene, Paulo define-se a si mesmo como servo de Jesus Cristo, apóstolo por chamamento divino e eleito para anunciar o Evangelho.
Dizer que é “servo de Jesus Cristo” significa dizer que ele pôs a sua vida, incondicionalmente, ao serviço de Jesus Cristo. Assim, na perspectiva de Paulo, o “Evangelho” é a proposta libertadora de Deus, que se tornou viva e presente no mundo através da pessoa de Jesus Cristo, o Messias, e que se destina à salvação de todos. Não se trata de uma coleção de textos mortos, ou de uma doutrina bem ou mal articulada; mas trata-se de uma proclamação viva, ativa, transformadora, capaz de gerar vida nova e liberdade plena naqueles que a escutam e a acolhem. Paulo sente que toda a sua vida está ao serviço desse projeto e que a sua missão é levá-lo a todos. Pois, ele nasceu para anunciar o Evangelho e para ser testemunha do projeto de salvação que Deus quer oferecer a todos.
O Evangelho apresenta Jesus como a encarnação viva desse “Deus conosco”, que vem ao encontro de homens e mulheres para lhes apresentar uma proposta de salvação. Contém, naturalmente, um convite implícito a acolher de braços abertos a proposta que Ele traz e a deixar-se transformar por ela.
Segundo a narração de Mateus, José apercebeu-se que Maria estava grávida, durante a fase dos esponsais… Como sabia não ser o pai do bebé que estava para chegar, resolveu abandonar Maria, em segredo; mas um anjo do Senhor apareceu-lhe em sonhos e esclareceu o mistério: “Aquele que vai nascer é fruto do Espírito Santo”. O anúncio do anjo a José segue o esquema dos relatos do Antigo Testamento, em que se anuncia o nascimento de uma personagem importante: o anúncio está rodeado de sinais divinos, o “anjo do Senhor”, o sonho; que provocam medo e espanto; o mensageiro divino anuncia qual será o nome e a missão da criança que vai nascer; dá-se um sinal que confirma o anúncio, o cumprimento das Escrituras. A função destes anúncios é vincular a personagem, desde o seu nascimento, com o projeto divino. Este mesmo esquema estereotipado é, aliás, usado por Lucas para descrever o nascimento de João Batista.
Neste episódio temos, portanto, não uma descrição de fatos históricos, mas uma catequese sobre Jesus, que é apresentada recorrendo a esquemas literários, conhecidos dos escritores bíblicos. Então, o que é que esta catequese procura ensinar?
Fundamentalmente, procura-se mostrar que Jesus vem de Deus, que a sua origem é divina, Maria encontra-se grávida por virtude do Espírito Santo”. Procura-se, ainda, ensinar qual será a missão de Jesus: o nome que Lhe é atribuído mostra que Ele vem de Deus com uma proposta de salvação para todos, “Jesus” significa “Javé salva. Também se diz, de forma clara, que Ele é o Messias de Deus, da descendência de David, que os profetas anunciaram, a referência ao seu nascimento de uma “virgem” não deve ser vista como a afirmação do dogma da virgindade de Maria, mas como a afirmação de que Jesus é o Messias anunciado pelos profetas – enviado por Deus para restaurar o reino de David.
De qualquer forma, a figura de José desempenha um papel muito importante… O anjo dirige-se a ele como “filho de David” e pede-lhe que receba Maria e que ponha um nome à criança. A imposição do nome é o rito através do qual um pai recebe uma criança como filha. Assim, Jesus passa a fazer parte da família de David e a ser, naturalmente, a esperança para a restauração desse reino ideal de paz e de felicidade pelo qual todo o Povo esperava. Pela obediência de José, realizam-se os planos e as promessas de Deus ao seu Povo. Sendo que, este Jesus que esperamos é – de acordo com a catequese que a primitiva comunidade cristã nos apresenta por intermédio de Mateus – o “Deus que vem ao encontro”, para oferecer a salvação. A festa do Natal que se aproxima deve ser o encontro de cada um de nós com este Deus; e esse encontro só será possível se tivermos o coração disponível para O acolher e para abraçar a proposta que Ele nos veio fazer, de amor e salvação. Eis que Deus oferece a sua presença: Ele é o Emanuel, Deus conosco! Depois do Natal, ninguém está totalmente perdido. A solidão total não existe mais. Deus está sempre presente. Mas é necessário que os seus mediadores manifestem esta presença. Se encontrarmos um irmão perdido, estendamos a mão para que Natal seja verdadeiramente Natal para ele e ele saiba que Deus está bem presente entre os seus. Fazei que, ao aproximar-se a festa da salvação, nos preparemos com maior empenho para celebrar dignamente o mistério do vosso Filho. Que vive e reina para sempre. Assim seja! Amém.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Palavra em mim agradece, pois seu comentário é muito importante para a nossa caminhada dialógica.
Obrigado!