quarta-feira, 21 de setembro de 2011

A liturgia: formada de missionários de Jesus Cristo

A liturgia e a missão


Todos sabemos que a missão antes de ser um “fazer” é um “receber”. Se cremos que, como nos ensina o Concílio Vaticano II, “a liturgia é o cume para o qual tende toda a ação da Igreja” (SC, n.10), ou seja,a liturgia é o ponto alto de todo trabalho missionário, também cremos que a mesma liturgia é primordialmente fonte de toda a vida cristã (LG,n11), fonte da santificação dos homens e da glorificação de Deus (SC, n.10), fonte e ápice de toda evangelização (PO, n.5) e que cada vez que comemos do pão e bebemos do cálice, anunciamos a morte do Senhor até que ele venha (cf. ICor 11,26).
“A missão da Igreja está em continuidade com a de Cristo: ‘Como o Pai me enviou, também eu vos envio’ (Jo 20,21). Por isso, a Igreja tira força espiritual de que necessita para levar a cabo sua missão da perpetuação do sacrifício da cruz na eucaristia apresenta-se como fonte e simultaneamente vértice de toda evangelização, porque seu fim é a comunhão dos homens com Cristo e, nele, com o Pai e com o Espírito Santo” (Carta Encíclica de João Paulo II, Ecclesia de Eucharistia, n.22).
Assim, a comunidade cristã de Antioquia envia seus membros em missão: depois de ter jejuado, rezado e celebrado a Eucaristia, ela faz notar que o Espírito escolheu Paulo e Barnabé para serem enviados (cf. At 13,1-4).
Da liturgia, portanto, enquanto irrupção gratuita de Deus, nasce a força e o dinamismo missionário da Igreja, como muito bem intuiu o primeiro documento do Concílio Vaticano II, a Constituição sobre a Sagrada Liturgia em seus parágrafos iniciais.
“Por isso, enquanto a Liturgia cada dia edifica em templo santo no Senhor, em tabernáculo de Deus no Espírito aqueles que estão dentro dela [...], ao mesmo tempo admiravelmente lhes robustece as forças para que preguem Cristo. Destarte ela mostra a Igreja aos que estão fora como estandarte erguido diante das nações, sob o qual se congregam num só corpo os filhos de Deus dispersos, até que haja um só rebanho e um só pastor” (SC, n.2).
São Paulo define sua ação missionária de anunciar o Evangelho com verbos litúrgicos, a saber, prestar culto e fazer memória. Esta memória de que fala São Paulo, segundo os exegetas, deve ser colocada na linha da anámnesis litúrgica e significa a memória da obra salvífica de Deus que se faz presente em cada liturgia que celebramos.
“Em alguns trechos desta carta eu vos escrevi com certa ousadia, a fim de vos reavivar a memória, em virtude da graça que Deus me deu: a graça de ser ministro de Jesus Cristo junto aos pagãos, prestando um serviço sacerdotal ao evangelho de Deus, para que os pagãos se tornem uma oferenda bem aceita, santificada no Espírito Santo” (Rm 15,15-16).
Neste texto a vocação missionária é descrita como a graça de ser ministro (=liturgo) de Jesus Cristo entre os pagãos, exercitando o ofício sagrado do evangelho de Deus, para que os pagãos se tornem uma oblação agradável, santificada, pelo Espírito Santo. Como se pode ver, aqui, “a evangelização é função litúrgica, sagrada e, com sua conversão a Cristo, os que se convertem, tornam-se oferta santificada pelo Espírito e aceita a Deus”.
Liturgia em Mutirão II - CNBB


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