domingo, 18 de setembro de 2011

Justiça aos últimos: doação e gratuidade no amor



Irmãos e irmãs,
Neste Santo Domingo, o Senhor nos chama a aprofundar o sentido da sua aliança para conosco como dom gratuito do seu amor em Jesus Cristo. Celebramos a vida de Cristo que se manifesta em todas as pessoas e grupos que vivem uma abertura para com todos, superando barreiras de relação, iluminados neste mês de setembro pela Palavra de Deus decisiva para a fé e o agir do cristão.


Isaías faz um apelo, mostrando que sem conversão ao projeto de Deus, as comunidades estarão aumentando sempre mais a diferença entre o céu e a terra e, dessa forma, colaborando na manutenção da sociedade injusta em que vivemos. Voltar-se para Deus, eis o chamado, é um movimento que exige transformação radical do ser humano, com pensamentos e ações que seguem a lógica e os valores de Deus; convidando-nos a renúncia aos esquemas do mundo, descobrindo o Deus, cujos caminhos estão acima dos caminhos dos homens, céu acima da terra.

Paulo neste trecho da carta aos filipenses incentiva-nos a anunciar a boa nova e a viver conforme o evangelho de Cristo. Isso faz refletir o sentido da vida para nós. Como viver senão em Cristo? A vida em Cristo incorpora e materializa o evangelho na vida do cristão, trilhando os caminhos novos de vida e salvação.

No Evangelho de Mateus a parábola dos trabalhadores da vinha revela-nos que Deus chama à salvação todos os homens, sem considerar a história na fé, as qualidades ou os comportamentos anteriormente assumidos, interessando apenas a forma como se acolhe o seu convite. Porém, exige uma mudança de nossa relação com Deus, para que não seja marcada pelo interesse, mas pelo amor e pela gratuidade. Assim, pergunta-se: Quais são os últimos da nossa sociedade? Como fazer-lhes justiça? Onde está a justiça do Reino? O neoliberalismo é o melhor caminho para se chegar à justiça do Reino?

Através da parábola dos trabalhadores da vinha, Mateus mostra-nos a situação da Galileia no tempo de Jesus. Muitas pessoas, sem emprego, aguardavam esperançosas que alguém as contratasse para trabalhar em seus campos. O dono da vinha toma a iniciativa de ir ao encontro dessas pessoas para oferecer-lhes a oportunidade de trabalhar em sua vinha. Ainda ordena que o pagamento da diária seja igual para todos os trabalhadores, mesmo os que foram contratados na última hora da tarde. Assim, Jesus proclama a salvação como obra da bondade de Deus, infinitamente maior que o merecimento humano. A graça do pai leva o ser humano a empenhar-se para acolher o dom da salvação. O convite para participar do seu projeto de amor, ressoa até os últimos, os excluídos que ninguém se preocupa em contratar: “Ide vós também para a minha vinha”. Em Jesus manifesta-se a bondade e a graça de Deus, a Boa Nova do Reino, que transforma a realidade das pessoas marginalizadas da sociedade.

A luz do Evangelho somos convidados a olhar nossas comunidades. É necessário se examinar acaso não se esteja vivendo nela a dimensão do tempo, como naquela apresentada por Mateus. Será que entre nós não há gente que se acha “dono” da pastoral, ou do serviço que presta, porque “tem mais tempo de casa”? Fazer parte da Igreja há tempos não confere nenhum certificado ou maior dignidade. E isto serve tanto para leigos quanto para consagrados e a hierarquia. Sou dos que chegaram cedo para o trabalho da vinha, ou estou entre os da última hora? O que isto significa no meu seguimento? Sei acolher os que chegam depois de mim? Sirvo aos irmãos na comunidade, ou gosto de ser servido?

Enquanto pautarmos nossa vida pelos critérios dos operários da primeira hora jamais alcançaremos a justiça do Reino, pois, vivemos a dinâmica da retribuição e dentro dela quem produz mais terá obviamente contrapartida maior pelo seu trabalho. Na dinâmica do Reino as pessoas valem pelo que são e não por aquilo que são capazes de produzir, ou por outros aspectos mais considerados pela sociedade. Nesse sentido, somos chamados a viver uma relação filial com o Pai, trabalhando em sua vinha, colocando nossa vida a serviço das pessoas excluídas. Como o apóstolo Paulo, possamos viver em comunhão com Cristo, a serviço de sua obra evangelizadora. Experimentemos Deus no sentido mais profundo da aliança com os irmãos e irmãs, fazendo justiça aos últimos, com doação e gratuidade. Assim seja! Amém.

Um comentário:

  1. Ola Joél a paz de Jesu, muito seu texto Joél muito boa esplicação,fiqe comm Deus abraços.

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Palavra em mim agradece, pois seu comentário é muito importante para a nossa caminhada dialógica.
Obrigado!