domingo, 25 de setembro de 2011

SIM: concretude de vida e amor



Irmãos e irmãs,
Neste Santo Domingo, damos graças ao Pai porque Jesus é o filho que aprendeu a obediência por meio da materialização da vida e se tornou, por isso, fonte de salvação para os que aceitam entrar no seu caminho. Assim, celebramos a páscoa de Jesus Cristo que se manifesta em todas as pessoas e grupos que, livres, procuram viver em comunidade a luz da Palavra de Deus.

Na primeira leitura, Ezequiel acentua que a misericórdia do Senhor acompanha o povo no exílio. Mas, a palavra de Deus possibilita um novo começo, formação de uma nova comunidade, comprometida com a reconstrução do futuro. A mensagem de Ezequiel nos ensina a não culpar Deus por nossos erros. O mundo e a sociedade são o campo onde o Pai nos pede um compromisso com a justiça do Reino. Não há como ficar em cima do muro, é preciso assumir nossa luta em favor dos empobrecidos e da justiça plena.

Paulo na carta aos Filipense conclama a comunidade a ter os mesmos sentimentos de Cristo, procurando viver o amor mútuo, a comunhão com o Espírito, a ternura e compaixão; não fazendo nada por ambição pessoal, nem se considerando melhores que os outros. Cristo é o exemplo, tornando-se servo, esvaziando-se por amor a nós até o extremo da cruz. Tenhamos as mesmas disposições de vida que havia em Jesus, horizonte da nossa fé e de nossa ação na família, comunidade e sociedade.

No Evangelho de Mateus, o texto mostra como os dois filhos se dirigem ao pai, as atitudes que adotam e, especialmente, suas palavras e ações. O filho verdadeiro não mostra apenas disponibilidade, mas trabalha na vinha do pai, praticando a sua justiça. É imagem dos cobradores de impostos e as prostitutas que precedem no Reino, porque acolhem a Boa Notícia anunciada por Jesus. Eles experimentam a presença salvadora de Deus manifestada em Jesus, cuja missão foi preparada e testemunhada por João. Assim, adesão a Jesus e a sua mensagem proporciona a entrada no Reino.

Questionados por Jesus, os chefes religiosos e autoridades respondem imediatamente e com clareza, que foi o primeiro filho que fez a vontade do pai. Jesus, então, lhes argumenta que não foi isto que eles próprios fizeram, identificando-se assim com o segundo filho, que, embora afirmando que estava disposto a fazer a vontade do pai, na realidade abandonou-a. João Batista veio anunciando a vontade do Pai na conversão e na prática da justiça, mas os chefes de Israel não acreditaram nele. Julgavam-se justos por serem observantes da Lei e de se proclamarem filhos de Abraão, com o que pretendiam ter a salvação garantida.

O segundo filho nos mostra uma relação do rito, sentir-se protegido por Deus, na religião do sim da euforia, sem raiz, sem maturidade, do sim formal, sem exigência e compromisso com a ética, o respeito à vida e a busca da justiça, relação com Deus, por trás de uma instituição religiosa. É preciso decidir-se. E quem se decide por Jesus tem que estar empenhado em cumprir o Plano de Deus. Cumprir a vontade do Pai é colocar o fazer acima do dizer. Para Deus, não existe oração sem ação.

Assim, o primeiro Filho, aquele que disse não, acabou mudando de ideia e foi trabalhar na Vinha do Pai, porque descobriu a relação com ele, que não se fundamenta no formalismo, na obrigatoriedade, no meramente ritual, mas sim no amor, que quer celebrar a vida, onde o rito de gestos e palavras, nada mais é do que a expressão dessa gratidão, que irrompe do fundo da alma humana, e sobe a Deus em oferta agradável, descobrindo um projeto de vida.

É muito mais do que cumprir rituais e recitar longas orações: “Nem todo aquele que diz Senhor, Senhor, entrará no reino dos céus; mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está no céu”. O desejo de Deus é que todos os homens se salvem. O seu projeto de vida nunca exclui ninguém, mas é necessário que através de uma fé encarnada na vida e na história, haja uma resposta autêntica.

Nesse sentido, cristãos atuantes e membros da Igreja, precisam tomar cuidado, pois, todos aqueles que rotulamos como Filhos perdidos e ovelhas desgarradas, poderão nos preceder no coração de Deus, se continuarmos pensando que o mundo se divide entre bons e maus, entre santos e pecadores, entre justos e injustos, e que nós, estamos sempre do lado dos bons, só porque um dia dissemos SIM...A fidelidade à vontade do Pai manifesta-se com ações concretas, não com palavras sem compromisso.

O Pai nos convida a trabalhar na sua vinha, a entrar no seu Reino, guiados por seu Filho Jesus, que permaneceu fiel ao seu plano de amor. Cumprir a vontade do Pai é cumprir o mandamento do amor. Escutamos a Palavra e que nossa resposta para o trabalho na vinha do Senhor, não seja pura formalidade, mas seja um SIM forjado na concretude da vida e no amor pleno. Assim seja! Amém.

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