domingo, 14 de novembro de 2010

Fé na vida em Jesus

Queridos irmãos e irmãs,
Neste Santo Domingo revela-se o sentido da história da salvação e diz-nos que a meta final para onde Deus nos conduz é o novo céu e a nova terra da felicidade plena, da vida definitiva. Este quadro faz nascer em nós a esperança; e da esperança brota a coragem para enfrentar a adversidade e para lutar pelo advento do Reino.

Irmãos e irmãs em Cristo,
Na primeira leitura, anuncia-se a uma comunidade desanimada, que Javé não abandonou o seu Povo. Malaquias acalma o povo justo que serve inteiramente ao Senhor, indicando que já vai chegar o dia em que o Deus libertador vai intervir no mundo, se fará sentir a justiça de Deus sobre os que não guardam sua lei: “Eis que virá o dia, abrasador como fornalha…” (Ml 3, 19); que eles não são os que realmente dirigem o caminhar da história, mas que é o Deus da vida que a conduz, levando-a pelo caminho da paz e da vida. Todos os que caminham pelo caminho do Senhor serão iluminados pelo “sol da justiça” que traz a salvação e irradia sua luz, luz plena de vida contrapondo aos sinais de morte. O texto não pretende incutir medo, falando do “fim do mundo”, mas fortalecer a esperança em Deus para enfrentar os dramas da vida e da história.

Amados (as) em Cristo,
Durante muito tempo pensavam que, para serem bons cristãos, bastava-lhes uma vida de piedade sem conexão alguma com as suas ocupações profissionais no escritório, na fábrica, no campo, na Universidade… Muitos tinham a convicção de que os afazeres temporais, os assuntos profanos em que o homem está imerso de uma forma ou de outra eram um obstáculo para o encontro com Deus e para uma vida plenamente cristã. A vida do mestre Jesus ensina-nos o valor do trabalho, da unidade de vida, pois com o seu trabalho diário o Senhor estava também redimindo o mundo.
Muitos dos crentes de Tessalônica, perturbada por fanáticos que pregavam estar próximo o fim do mundo, diziam que não valia a pena continuar trabalhando, especificamente das “classes superiores”, pensaram que não deviam se preocupar pelas coisas da vida cotidiana, como o trabalho e que deviam esperar, de braços cruzados, a iminente vinda do Senhor e dedicar-se à ociosidade.
Paulo chama fortemente a atenção sobre essa atitude equivocada, pois são pessoas que vivem do trabalho alheio, são exploradores dos outros (escravos) e que, graças a isso, acumulam riquezas sem esforçar-se em absoluto. É a eles que Paulo se dirige fortemente: o que não quer trabalhar que não coma, já que esta atitude não é própria do ensinamento dos apóstolos.
Paulo faz-nos refletir que o trabalho é o meio de subsistência e o campo privilegiado para o desenvolvimento das virtudes humanas: a constância e o otimismo por cima das dificuldades… A fé cristã nos impele a comportar-nos como filhos de Deus com os filhos de Deus, a viver um espírito de caridade, de convivência, de compreensão, a tirar da vida o apego à nossa comodidade, a tentação do egoísmo, a tendência para a exaltação pessoal, a mostrar a caridade de Cristo e os seus resultados concretos de amizade, de compreensão, de afeto humano, de paz. O fiel cristão não deve esquecer que, além de ser cidadão da Terra, também o é do Céu, e por isso deve comportar-se entre os outros de uma maneira digna da vocação a que foi chamado, sempre alegre, compreensivo com todos, bom trabalhador e bom amigo, aberto a todas as realidades autenticamente humanas

Caríssimos em Cristo,
No Evangelho, Jesus nos recorda que nossa existência é breve. Àqueles que se encantavam com o aspecto majestoso do Templo, o Senhor recordou que tudo passa. Isso vale ainda hoje: para a nossa casa bonita, para o nosso carro, para o nosso dinheiro, nossa profissão, as pessoas às quais amamos, os projetos que temos, a nossa própria vida. Jesus com seu anúncio profético não nos quer arrancar o gosto de viver; deseja tão somente recordar que nossa vida deve ser vivida na perspectivada da eternidade, daquilo que é definitivo. Nossa vida caminha para esse momento final, o mais importante de todo nosso caminho existencial.
A curiosidade de ontem dos discípulos é a mesma de hoje. A resposta de Jesus revela-nos que o Senhor dá sinais que se referem à natureza, à história humana e à própria vida dos discípulos, à nossa vida. Isto quer dizer que a manifestação final do Senhor vai marcar tudo: a história, a criação e a vida de cada um de nós; nada ficará fora do juízo de Deus que haverá de se manifestar em Cristo! Tudo será confrontado com o amor manifestado na cruz do Senhor, a criação será transfigurada: passará a figura deste mundo como é agora e, no Espírito do Cristo, haverá um novo céu e uma nova terra.
Observamos ainda que os sinais que Jesus dá, acontecem em todas as épocas, sempre houve e haverá catástrofes na natureza, guerras e revoluções na história humana, hereges e falsos profetas no caminho da Igreja. Tem sido assim desde o início… Então, por que o Senhor apontou esses sinais? Para deixar claro que cada geração deve estar vigilante, cada geração deve recordar sempre que haverá de estar, um dia, diante do Senhor e, portanto, deve levar a sério sua fé e sua adesão a Jesus. Sobretudo num mundo como o atual, que nos quer fazer perder de vista o essencial e nos quer fazer esquecer que caminhamos para o encontro com Cristo como um rio que corre para o mar. Esses sinais não devem assustar-nos, pelo contrário são anúncio de alegria e esperança, de que um mundo novo está por surgir. Aproveitemos o tempo! Diante das dificuldades não nos deixemos levar pelo desânimo! Acreditemos na Vitória final do Reino de Cristo. Vivamos fielmente a nossa vocação cristã, não tenhamos medo de ser fiéis e de dar o bom testemunho de Cristo. Nossa vida neste mundo é semente de eternidade. E a missão dos discípulos em caminhada na história é comprometer-se na transformação do mundo, de forma a que a velha realidade desapareça e nasça o Reino.

Irmãos e irmãs,
Não fiquemos ameaçados com o fim do mundo. É um forte apelo para vivermos o presente. A perseverança apontada por Jesus não é uma virtude do futuro senão do presente. Temos que viver o Evangelho e construir o Reino, estender a mão ao irmão para construir a casa comum, perseverar no amor e cuidar deste mundo que é nossa casa e administrar seus recursos de forma que cheguem para todos, hoje e no futuro.
A vida é realmente muito curta e o encontro com Jesus está próximo. Isto ajuda-nos a desprender-nos dos bens que temos de utilizar e aproveitar o tempo; mas não nos exime de maneira nenhuma de dedicar-nos plenamente à nossa profissão no seio da sociedade.
Que possamos cantar e viver: “Ontem um menino que brincava me falou, hoje é a semente do amanhã. Para não ter medo que este tempo vai passar. Não se desespere, nem pare de sonhar. Nunca se entregue, nasça sempre com as manhãs. Deixe a luz do sol brilhar no céu do seu olhar. ‘Fé na vida, fé no homem, fé no que virá’. Nós podemos tudo, nós podemos mais. Vamos lá fazer o que será.”
Vivamos o nome de Jesus, como discípulos seus, desfrutando do dom da vida que nos presenteia na cada momento, testemunhas da boa nova com nossas palavras e com nossas obras. Sem medo do futuro porque ali espera-nos Deus, o que nos prometeu em Jesus a Vida em plenitude. Assim seja! Amém.

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