domingo, 18 de agosto de 2013

Serdes portadores de Cristo, como Maria Assunta ao Céu


Na primeira leitura, diante das perseguições sofridas pelas comunidades cristãs, o livro do Apocalipse procura dar uma resposta, um consolo, um incentivo à luta e à esperança. Nosso trecho traz imagens simbólicas principais:  a arca da Aliança -  o Templo, a arca, a aliança, os sinais cósmicos indicam que Deus vai falar, vai comunicar-se com os homens. A Arca, no Primeiro Testamento, trazia as tábuas da Lei, expressão de Deus para o povo. A arca, aqui, pode simbolizar aquela que traz em seu seio a própria Palavra de Deus; a mulher - ela estava vestida de glória e protegida por Deus, vestida como o sol, tem traços da eternidade divina, lua sob os pés, e na cabeça, uma coroa de 12 estrelas. Ela representa a vitória da comunidade dos filhos de Deus do Primeiro e Segundo Testamento, 12 tribos e 12 apóstolos. A mulher é uma imagem polivalente: É Eva, a mãe da humanidade, que vai dar à luz um descendente capaz de esmagar o mal; é o povo de Deus do Primeiro Testamento, 12 estrelas; é Sião-Jerusalém, que dará à luz o Messias; é Maria mãe de Jesus; é a comunidade-Igreja, mãe dos cristãos. A fuga da mulher para o deserto indica a vida da Igreja até o fim da história em meio às perseguições e na intimidade com Deus.
A tradição da Igreja sempre aplicou este trecho do Apocalipse a Maria que é a Nova Eva, figura da humanidade, figura da Igreja geradora de cristãos. Assunta ao céu, ela antecipa na glória de Jesus o futuro vitorioso de cada cristão; o dragão, é a personificação do mal, a autossuficiência; é o poder totalitário dos impérios perseguidores da Igreja. No tempo de João, era o Império Romano que perseguia os cristãos. É sanguinário, vermelho, poderoso, sete cabeças, duas coroas, mas seu poder não é absoluto nem perfeito. Pretende lutar contra Deus, estrelas do céu e quer devorar o Filho da Mulher, o Messias que veio para destruí-lo; o Filho, é Jesus que, com sua ressurreição, “foi levado para junto de Deus e do seu trono” se tornou o vencedor do dragão, do pecado, do mal e da morte. Apresenta “a salvação, o poder e a realeza do nosso Deus e a autoridade do seu Cristo”

A segunda leitura é todo dedicado à ressurreição, que alguns estavam negando. Primeiro, ele recorda o anúncio fundamental: Cristo morreu e ressuscitou. Essa certeza da nossa fé é testemunhada por muitos que viram o Cristo ressuscitado. Se, como alguns estão afirmando, os mortos não ressuscitam, também Cristo não ressuscitou e, então, é vã a nossa fé. Mas isso não é verdade. No trecho de hoje, Paulo apresenta dois argumentos: Jesus é o Novo Adão -  Adão morreu e na sua morte todos morreram. Jesus é o novo Adão ressuscitado. Ele é o primeiro fruto de uma nova colheita. Os primeiros frutos garantem a qualidade da colheita. Isto significa que se Cristo ressuscitou como primícias, todos nós ressuscitaremos depois dele. Em Adão a morte, em Cristo a vida; A vitória de Cristo sobre o mal e a morte, Jesus vence todas as forças e estruturas injustas e inimigas da vida. Todos esses inimigos ele os colocará debaixo dos seus pés. Só depois que isso tiver acontecido é que ele entregará o Reino a Deus Pai. Aí será o fim. Mas qual será o maior inimigo da vida? É a própria morte. Este é o último inimigo a ser destruído. Cristo já o destruiu em seu próprio corpo, mas a vitória só será completa quando ele a destruir em cada um de nós. Aí, sim! Aí, ele entregará o Reino a seu Pai para que Deus seja tudo em todos. É bom lembrar que nesta luta de destruição de tudo que gera a morte cada cristão deve estar profundamente empenhado.
No Evangelho, temos dois encontros: o encontro de duas futuras mães e o encontro de duas crianças! O primeiro é Maria que se encontra com Isabel - Quem é Maria? Quem é Isabel? Duas pessoas pobres, mas agradecidas pelo dom da fecundidade. Isabel era estéril e Maria não teve relações com nenhum homem. Deus se manifesta nos pobres trazendo-lhes a riqueza da vida. As palavras de Isabel são inspiradas em textos do Primeiro Testamento: “Seja bendita entre as mulheres, Jael”, “Tu és bendita, ó filha, pelo Deus altíssimo, mas que todas as mulheres da terra”, “Bendito seja o fruto do teu ventre”, “Como entrará a Arca do Senhor em minha casa?”
Maria é vista aqui como a Arca da Aliança, pois ela traz em seu seio a salvação de Deus e Isabel reconhece o Salvador, que irá nascer do ventre de Maria. As palavras inspiradas de Isabel são repetidas, há dois mil anos, por milhões de lábios devotos todos os dias ao rezarem a Ave Maria. Maria é bem-aventurada, porque acreditou nas promessas do Senhor. Sua grandeza provém, sobretudo de sua fé assumida.
O segundo encontro é em Jesus que se encontra com João Batista, à saudação de Maria, João Batista se agita no seio de Isabel saltando de alegria, e ela se enche do Espírito Santo. É claro que Lucas quer mostrar a presença da Boa Nova no seio de Maria. A presença do Salvador já alegra o coração do precursor.
O cântico de Maria é apresentado como resposta de Maria à saudação de Isabel. Lucas o compõe também com palavras do Primeiro Testamento, principalmente inspirado no cântico de Ana, como expressão da gratidão dos pobres – resto de Israel – que aguardavam a libertação. O núcleo do cântico nos mostra uma espécie de inversão de valores. Na dimensão religiosa Deus destrói a autossuficiência humana, dispensa os soberbos de coração. Na dimensão política, Deus derruba os poderosos de seus tronos e eleva os humildes, refazendo as relações de opressão em relações de fraternidade. Na dimensão social, Deus despede os ricos de mãos vazias e enche de bens os famintos, transformando as relações de exploração em relações de partilha. É a misericórdia de Deus chegando na vida de todos os descendentes de Abraão, que conservaram seu temor ao Deus sempre fiel às suas promessas salvíficas.
Nossa Senhora foi, exaltada por Deus. Escolheu-A para Mãe do Seu Unigênito. Encheu-A de toda a graça. Fez d’Ela a mais bela de todas as Suas criaturas, elevou-A ao Céu em corpo e alma, não deixando que o Seu corpo fosse destruído pela podridão do sepulcro. Na pessoa da Santíssima Virgem, a Igreja alcançou já aquela perfeição sem mancha nem ruga, que lhe é própria. Mas os fiéis de Cristo, esses têm ainda de trabalhar para crescer em santidade, vencendo o pecado. Por isso levantam os olhos para Maria na qual a Igreja é já perfeitamente santa.  Esta luta pela salvação, esta luta pela santidade tem em Maria o modelo. Temos de copiar as suas virtudes. Elas são o caminho para vencer.
Maria é modelo de caridade, que é a maior de todas as virtudes: amor de Deus que a leva a obedecer prontamente e em tudo à vontade de Deus. Amor aos outros, gastando-Se generosamente ao serviço deles. Sem poupar sacrifícios. Ajudando a prima no serviço da casa, como humilde criada, Ela que é a Mãe de Deus. Ajuda-a também espiritualmente e em primeiro lugar. Ao saudar Isabel esta fica cheia do Espírito Santo e o menino salta-lhe no seio e é santificado pela presença de Maria. É que Ela leva dentro de Si a Cristo. Por isso pode comunica-Lo aos outros.
Esse é o segredo dos cristãos: serem portadores de Cristo, como gostavam de dizer os primeiros cristãos. E é levando-O consigo que se pode comunica-Lo aos que nos rodeiam e transformar o mundo.  Aprendamos com Nossa Senhora. Amemos aos outros praticando as obras de vida e salvação.  Assim seja! Amém.

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