domingo, 9 de junho de 2013

Graça da ressurreição - vida nova em Cristo





Irmãos e irmãs,
Este Santo Domingo revela-nos a dimensão profética que percorre a liturgia da Palavra, em Elias, o profeta da esperança e da vida, em Paulo, o profeta do Evangelho recebido de Deus, e, particularmente, em Jesus, o grande profeta que visita o seu povo em atitude de total oblação.

A primeira leitura apresenta-nos a figura da mulher de Sarepta, que significa a perda da esperança e o sentimento de derrota e de procura de um culpado, e a figura do profeta Elias, que acredita no Deus da vida, que não abandona o homem ao poder da morte, ressuscitando o filho da viúva.
O milagre de Elias significa fundamentalmente que Javé é a única fonte da vida e da fertilidade. A vida vem de Deus. Toda a vida e ação de Elias apontam nesse sentido; o próprio nome Elias significa “Javé é o meu Deus”. Portanto, todos os elementos da mensagem devem ser vistos à luz desta centralidade. Todo o relato baseia-se na relação entre pecado e doença e, na oração de Elias, que deixa clara a sua fé num Deus pessoal, senhor e fonte de vida.
Assim, a viúva de Sarepta, uma mulher estrangeira, confessa a fé em Elias como “homem de Deus”, “porta-voz de Deus”: “Agora vejo que és um homem de Deus e que se encontra verdadeiramente nos teus lábios a palavra do Senhor”.  A leitura nos faz refletir: Como pensamos e agimos hoje, nós que somos cristãos? Não ficamos muitas vezes na falta de esperança, no derrotismo das desgraças que nos atingem? Quando é que, verdadeiramente, agimos como se Deus fosse verdadeiramente o único Deus da vida e da bondade? Quanto caminho a fazer para sermos profetas à maneira de Elias…

Na segunda leitura, acolhemos a absoluta gratuidade da conversão de Paulo, para quem o Evangelho é uma força vital e criadora, que produz o que anuncia; a sua força é Deus. É uma força vital, uma dinâmica profética que ele recebeu diretamente de Deus.
O texto de hoje está situado na acentuação muito forte da absoluta gratuidade da conversão de Paulo. A essa luz Paulo prega um Evangelho que não é de origem humana. Poder-se-ia pensar que este Evangelho tem um conteúdo da catequese sobre os fatos e os ditos de Jesus. Ora, Paulo, quando perseguia ferozmente os cristãos, conhecia bem o conteúdo da sua doutrina. Para Paulo, o Evangelho é uma força vital e criadora, que produz o que anuncia; a sua força é Deus. É uma força vital, uma dinâmica profética que Paulo recebeu diretamente de Deus. Assim, para Paulo, a sua conversão é obra exclusiva de Deus. Temos aqui um equilíbrio dinâmico entre a gratuidade da fé e a adesão à tradição e magistério eclesiástico. Somos convidados a estarmos sempre abertos à revelação de Deus, à autêntica conversão, ao acolhimento do Evangelho vivo de Deus.

No Evangelho, temos a revelação de Deus expressa na atitude de piedade e compaixão de Jesus no milagre da ressurreição do filho da viúva. Deus visita o seu povo em Jesus, “um grande profeta”, realizando o reino pela ressurreição, oferecendo a sua vida e dando-lhe pleno sentido.
Temos aqui o episódio da ressurreição do filho de uma viúva, em paralelismo com o da primeira leitura. O milagre relatado neste texto, assim como o dos versículos anteriores, respondem à pergunta de João de Batista a Jesus: “és Tu que hás de vir ou devemos esperar outro?” Jesus oferece a salvação e mostra o verdadeiro triunfo da vida. Não é o relato em si que é o mais importante, mas o sentido que nos transmite.
Temos aqui uma revelação de Deus. Diante da atitude de piedade e compaixão de Jesus, neste milagre de ressurreição, vemos a exclamação do povo: “Deus visitou o seu povo”. Jesus é “um grande profeta”, não apenas porque transmite a Palavra de Deus e anuncia o reino com palavras, mas sobretudo porque veio realizar o reino pela ressurreição, oferecendo a sua vida. Em seguida, vemos aqui o sentido da vida. Jesus veio criar, oferecer ao homem a alegria de uma vida aberta com todo o sentido.
Percebemos ainda todo o caráter de sinal presente no milagre. A ressurreição do filho da viúva testemunha Jesus que há de vir, cuja vida triunfa plenamente sobre a morte. Significa que para nós, hoje como então, Deus se encontra onde há o sentido da piedade, do amor vivificante. Significa ainda que, seguindo Jesus, só podemos também suscitar vida, ter piedade dos que sofrem, oferecer a nossa ajuda, ter uma atitude de oblação.
Assim: ou fazemos da nossa vida um cortejo de morte, dos sem esperança, que acompanham o cadáver, em atitude de choro, de luto, de desespero; ou fazemos do nosso peregrinar um caminho de esperança, de ressurreição, de transformação do choro e da morte em sentido de vida. Podemos escolher, é certo. Mas se somos seguidores de Cristo e nos deixamos visitar por esta grande profeta, não temos alternativa! Portanto, nossa escolha passa pela graça da ressurreição – Deus que se faz em nós – no encontro com o outro – trazendo luz – vida nova em Cristo Jesus. Assim seja! Amém.

Um comentário:

  1. Olá, Joel
    Que Deus o abençoe!!!
    Seja muito feliz!!!
    Abraços fraternos de paz e bem

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Palavra em mim agradece, pois seu comentário é muito importante para a nossa caminhada dialógica.
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