Irmãos
e irmãs,
Este
Santo Domingo revela-nos a dimensão profética que percorre a liturgia da
Palavra, em Elias, o profeta da esperança e da vida, em Paulo, o profeta do
Evangelho recebido de Deus, e, particularmente, em Jesus, o grande profeta que
visita o seu povo em atitude de total oblação.
A
primeira leitura apresenta-nos a figura da mulher de Sarepta, que significa a
perda da esperança e o sentimento de derrota e de procura de um culpado, e a
figura do profeta Elias, que acredita no Deus da vida, que não abandona o homem
ao poder da morte, ressuscitando o filho da viúva.
O
milagre de Elias significa fundamentalmente que Javé é a única fonte da vida e
da fertilidade. A vida vem de Deus. Toda a vida e ação de Elias apontam nesse
sentido; o próprio nome Elias significa “Javé é o meu Deus”. Portanto, todos os
elementos da mensagem devem ser vistos à luz desta centralidade. Todo o relato
baseia-se na relação entre pecado e doença e, na oração de Elias, que deixa
clara a sua fé num Deus pessoal, senhor e fonte de vida.
Assim,
a viúva de Sarepta, uma mulher estrangeira, confessa a fé em Elias como “homem
de Deus”, “porta-voz de Deus”: “Agora vejo que és um homem de Deus e que se
encontra verdadeiramente nos teus lábios a palavra do Senhor”. A leitura nos faz refletir: Como pensamos e
agimos hoje, nós que somos cristãos? Não ficamos muitas vezes na falta de
esperança, no derrotismo das desgraças que nos atingem? Quando é que,
verdadeiramente, agimos como se Deus fosse verdadeiramente o único Deus da vida
e da bondade? Quanto caminho a fazer para sermos profetas à maneira de Elias…
Na
segunda leitura, acolhemos a absoluta gratuidade da conversão de Paulo, para
quem o Evangelho é uma força vital e criadora, que produz o que anuncia; a sua
força é Deus. É uma força vital, uma dinâmica profética que ele recebeu diretamente
de Deus.
O
texto de hoje está situado na acentuação muito forte da absoluta gratuidade da
conversão de Paulo. A essa luz Paulo prega um Evangelho que não é de origem
humana. Poder-se-ia pensar que este Evangelho tem um conteúdo da catequese
sobre os fatos e os ditos de Jesus. Ora, Paulo, quando perseguia ferozmente os
cristãos, conhecia bem o conteúdo da sua doutrina. Para Paulo, o Evangelho é
uma força vital e criadora, que produz o que anuncia; a sua força é Deus. É uma
força vital, uma dinâmica profética que Paulo recebeu diretamente de Deus.
Assim, para Paulo, a sua conversão é obra exclusiva de Deus. Temos aqui um
equilíbrio dinâmico entre a gratuidade da fé e a adesão à tradição e magistério
eclesiástico. Somos convidados a estarmos sempre abertos à revelação de Deus, à
autêntica conversão, ao acolhimento do Evangelho vivo de Deus.
No
Evangelho, temos a revelação de Deus expressa na atitude de piedade e compaixão
de Jesus no milagre da ressurreição do filho da viúva. Deus visita o seu povo
em Jesus, “um grande profeta”, realizando o reino pela ressurreição, oferecendo
a sua vida e dando-lhe pleno sentido.
Temos
aqui o episódio da ressurreição do filho de uma viúva, em paralelismo com o da
primeira leitura. O milagre relatado neste texto, assim como o dos versículos
anteriores, respondem à pergunta de João de Batista a Jesus: “és Tu que hás de
vir ou devemos esperar outro?” Jesus oferece a salvação e mostra o verdadeiro triunfo
da vida. Não é o relato em si que é o mais importante, mas o sentido que nos
transmite.
Temos
aqui uma revelação de Deus. Diante da atitude de piedade e compaixão de Jesus,
neste milagre de ressurreição, vemos a exclamação do povo: “Deus visitou o seu
povo”. Jesus é “um grande profeta”, não apenas porque transmite a Palavra de
Deus e anuncia o reino com palavras, mas sobretudo porque veio realizar o reino
pela ressurreição, oferecendo a sua vida. Em seguida, vemos aqui o sentido da
vida. Jesus veio criar, oferecer ao homem a alegria de uma vida aberta com todo
o sentido.
Percebemos
ainda todo o caráter de sinal presente no milagre. A ressurreição do filho da
viúva testemunha Jesus que há de vir, cuja vida triunfa plenamente sobre a
morte. Significa que para nós, hoje como então, Deus se encontra onde há o
sentido da piedade, do amor vivificante. Significa ainda que, seguindo Jesus,
só podemos também suscitar vida, ter piedade dos que sofrem, oferecer a nossa
ajuda, ter uma atitude de oblação.
Assim:
ou fazemos da nossa vida um cortejo de morte, dos sem esperança, que acompanham
o cadáver, em atitude de choro, de luto, de desespero; ou fazemos do nosso
peregrinar um caminho de esperança, de ressurreição, de transformação do choro
e da morte em sentido de vida. Podemos escolher, é certo. Mas se somos
seguidores de Cristo e nos deixamos visitar por esta grande profeta, não temos
alternativa! Portanto, nossa escolha passa pela graça da ressurreição – Deus
que se faz em nós – no encontro com o outro – trazendo luz – vida nova em
Cristo Jesus. Assim seja! Amém.
Olá, Joel
ResponderExcluirQue Deus o abençoe!!!
Seja muito feliz!!!
Abraços fraternos de paz e bem