“As mil e uma noites são a estória de cada um.
Em cada um mora um sultão. Em cada um mora uma Xerazade. Aqueles que se dedicam
à sutil e deliciosa arte de fazer amor com a boca e o ouvido (estes órgãos
sexuais que eu nunca vi mencionados nos tratados de educação sexual...) podem
ter a esperança de que as madrugadas não terminarão com o vento que apaga a
vela, mas com o sopro que a faz reacender-se.”
“Temos agora a chave para
compreender as razoes do amor: o amor nasce, vive e morre pelo poder –
delicado- da imagem poética que o amante pensou ver no rosto da amada....”
“Amor é estado de graça e
com amor não se paga”. Nada mais falso do que o ditado popular que afirma que
“amor com amor se paga”. O amor não é regido pela lógica das trocas comerciais.
Nada te devo. Nada me deves. Como a rosa que floresce porque floresce, eu te amo
porque te amo.”
“Uma carta de amor é um
papel que liga duas solidões. A carta é paciente. Guarda as suas palavras. E,
depois de lida, poderá ser relida. Ou simplesmente acariciada. Uma carta contra
o rosto – poderá haver coisa mais terna? Uma carta é mais do que uma mensagem.
Mesmo antes de ser lida, ainda dentro do envelope fechado, tem a qualidade de
um sacramento: presença sensível de uma felicidade invisível....”
“Saudade é a dor que se
sente quando se percebe a distância que existe entre o sonho e a realidade.
Mais do que isto: é compreender que a felicidade só voltará quando a realidade
for transformada pelo sonho, quando o sonho se transformar em realidade”.
Trechos
do livro O retorno e terno – crônicas de Rubem Alves.
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