domingo, 4 de novembro de 2012

Bem-aventuranças: caminho para a Santidade



Neste Santo Domingo, celebramos a Solenidade de Todos os Santos e Santas, fazendo comunhão com todos os que vivem a plenitude das bem-aventuranças e, foram proclamados e reconhecidos pela Igreja como santos por terem aceitado o convite de Deus.

A primeira leitura do Livro do Apocalipse mostra-nos que havia uma multidão de eleitos – de todas as tribos, povos e línguas - os 144 mil - multidão incontável que está diante do cordeiro, santos e santas. O mistério da glória eterna é assim descrito: a visão de Deus; a multidão dos que cantam; a alegria e a felicidade dos eleitos mergulhados no amor de Deus – Santos e Santas. Cada um deve sentir-se ao mesmo tempo entusiasmado e confiante em um dia vir a fazer parte dessa multidão.
Desta forma, ser Santo é ter vivido de tal maneira que na hora do julgamento mereça ouvir aquela palavra doce: - vinde, benditos de Meu Pai, possui o Reino que vos está preparado desde o princípio dos tempos.  É encontrar-se unido a Cristo e aos irmãos pela graça do batismo, e procurar ardentemente pautar o seu viver ao ritmo de Cristo. Ser santo é reconhecer muitas vezes a sua fraqueza, as suas quedas e o seu pecado e nunca desanimar, voltando-se para a misericórdia divina que salva.

A segunda leitura mostra-nos que o projeto de Deus é o admirável projeto de amor que o Pai nos consagrou em nos chamar filhos de Deus. Filhos do Pai, envolvidos no amor, seremos semelhantes a Cristo, em sua plena manifestação e o veremos tal como Ele é; seremos puros de coração a semelhança de Cristo Jesus. Nossa filiação se traduz na prática da justiça se traduz na vivência das bem-aventuranças. Santidade não é uma culminância de vida, mas uma conquista no dia a dia, nos fatos corriqueiros, na busca dos acertos em família e na sociedade.

No Evangelho revelam-se as condições das bem-aventuranças, ajudando-nos a compreender a santidade consumada e a daqueles que, sem terem atingido a perfeição, estão no caminho, porque se esforçam a todo o momento por fazer a vontade divina, e não desanimam perante as fraquezas. Esses sabem recorrer regularmente aos sacramentos que santificam; não se conformam com o que fizeram, e procuram hoje ser melhores do que ontem, porque seguem à Palavra divina, os preceitos: - não murmureis … não digais mal de ninguém… não pratiqueis o mal… esforçai-vos por praticar a caridade… sede apóstolos… sede pobres de espírito… buscai a justiça…. sede puros de coração… aguentai com firmeza e paciência as perseguições… e as injustiças… porque vosso é o Reino dos céus. Ser santo é um admirável projeto de Deus. O plano divino não exclui ninguém, mas coloca exigências.

O espírito das Bem-aventuranças é um programa a cumprir que conduz à santidade.  O ensinamento de Jesus contido no Evangelho tem sido sucessivamente partilhado pela Igreja, que procura interpretar à luz das circunstâncias de cada época a verdade imutável da mensagem divina.
Nos documentos da Igreja encontramos em muitos lugares conceitos sobre a santidade.  Jesus é declarado autor mestre e modelo de santidade. A santidade de Cristo é destacada, como a vocação universal de todos os cristãos à santidade e a ajuda que cada um, conforme a circunstância pode buscar nos sacramentos. Os fiéis são chamados expressamente o Povo santo de Deus.
Concretizemos a santidade dos leigos, dos trabalhadores, dos estudantes..., dos que sofrem, sem esquecer a santidade dos bispos, dos padres, dos diáconos, dos religiosos. Cada um deve encontrar o seu enquadramento próprio e assumir as suas responsabilidades. Esta doce e imprescindível tarefa do leigo cristão é realizada no espírito das bem-aventuranças e no exercício da missão profética, sacerdotal, e real, que, como batizados, todos somos chamados a desempenhar.
Sendo um programa a exigir empenhamento e dedicação, ele enquadra-se na própria dimensão espiritual de homens e mulheres que Deus chama à vida para ser santo. O exemplo dos santos nos guia. A graça dos sacramentos nos ajuda. Jesus é o autor, modelo e mestre de toda a santidade. Santidade é o chamado que Deus nos faz no exemplo daqueles que nos precederam, santidade de Deus revelada nos seus Santos.
Estamos habituados a ligar a memória dos santos a famosas figuras do passado como São Bento, Santo Antônio, São Francisco de Assis, São Domingos de Gusmão. Esses Santos ilustraram a história da Igreja e esta apresenta-os como exemplos e modelos de quem melhor serviu o plano de Deus. Portanto, ser Santo é ter atingido o termo desta vida terrena em comunhão com Deus, encontrar-se na bem-aventurança, junto de Deus. 
Nas bem-aventuranças encontramos valores universais, que podem ser entendidos e acolhidos por todos, como oferta de um estado de felicidade a ser vivido por aqueles que comungam com a vontade de Deus. Elas orientam para práticas a serem assumidas por aqueles que buscam a vida. As quatro primeiras bem-aventuranças referem-se aos pobres, aqueles que choram, sofrem a opressão e exploração do sistema social, esperam pela justiça, anunciando a intervenção libertadora de Deus. As outras bem-aventuranças apontam para aqueles que se empenham em uma prática transformadora do mundo. São os misericordiosos que se solidarizam com os sofredores, com o coração desapegado das riquezas e livres para servir aos mais necessitados. Promovem a vida e a paz, comprometendo-se com a luta pela implantação da justiça característica do Reino dos Céus, no seguimento de Jesus.
As bem-aventuranças situam-se entre a pobreza e a justiça. Pobreza como forma concreta de libertar-se da submissão aos interesses dos ricos e poderosos, colocando sua vida a serviço da Vida. E o apelo à justiça é o fundamento das demais bem-aventuranças, pelas quais podemos transformar o mundo, tornando-o rico em fraternidade, justiça e paz. Ser pobre em espírito é trilhar o caminho da justiça
A festa de Todos os Santos é momento oportuno para uma revisão da caminhada da comunidade. Olhando para os que nos precederam, santos e mártires, a comunidade é convidada a se questionar sobre seu caminho de santidade. Somos filhos de Deus. O nosso batismo nos deu o caminho da Santidade, que se faz com a centralidade do seguimento de Jesus, que todos devemos buscar para sermos santos e santas, pois, esta é a nossa vocação. E nossa filiação se traduz na prática da justiça.
A prática da justiça se traduz na vivência das bem-aventuranças. Ao tentar vivê-las, os cristãos deparam com conflitos, perseguições e morte patrocinados pela sociedade estabelecida que não aderiu ao projeto de Deus. Neste sentido, a memória dos mártires da caminhada é esperança e conforto: Jesus tem a última palavra sobre os conflitos e as forças do mal. Urge à comunidade denunciar e resistir em meio às tribulações. Não há outro caminho de santidade, Santidade é estar com Deus e, sendo mais santos, o mundo torna-se melhor para todos. Jesus, com a pedagogia das bem-aventuranças, respeita nossa liberdade de escolha, porém, aponta-nos as bem-aventuranças, como caminho para a santidade. E não há outro caminho a não ser o da santidade! Assim seja! Amém.

Um comentário:

  1. Olá,
    Que os santos não canonizados continuem a fazer o bem perto de nós!!!
    Abraços fraternos de paz e bem

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Palavra em mim agradece, pois seu comentário é muito importante para a nossa caminhada dialógica.
Obrigado!