domingo, 7 de outubro de 2012

Amor de Deus - une homem e mulher



Neste Santo Domingo Deus apresenta-nos o projeto ideal de Deus para o homem e para a mulher: formar uma comunidade de amor, estável e indissolúvel, que os ajude mutuamente a realizarem-se e a serem felizes. Esse amor, feito doação e entrega, será para o mundo um reflexo do amor de Deus.

A primeira leitura diz-nos que Deus criou o homem e a mulher para se completarem, para se ajudarem, para se amarem. Unidos pelo amor, o homem e a mulher formarão “uma só carne”. Ser “uma só carne” implica viverem em comunhão total um com o outro, dando-se um ao outro, partilhando a vida um com o outro, unidos por um amor que é mais forte do que qualquer outro vínculo.

Na segunda leitura lembra-nos a “qualidade” do amor de Deus pelos homens… Deus amou de tal forma os homens que enviou ao mundo o seu Filho único “em proveito de todos”. Jesus, o Filho, solidarizou-Se com os homens, partilhou a debilidade dos homens e, cumprindo o projeto do Pai, aceitou morrer na cruz para dizer aos homens que a vida verdadeira está no amor que se dá até às últimas consequências.
Jesus aceitou despojar-se das suas prerrogativas divinas e fazer-se “por um pouco, inferior aos anjos” a fim de que, pelo dom da sua vida até à morte, se cumprisse o projeto salvador do Pai para todos. Morrendo por amor, Jesus ensinou como é que eles devem viver, qual o caminho que eles devem percorrer, a fim de chegarem à plenitude da vida, à felicidade sem fim. Portanto, ao assumir a natureza humana, ao fazer-Se solidário com homens e mulheres, ao fazer-Se irmão, Cristo, aquele que santifica, inseriu a humanidade, os que são santificados na órbita de Deus e mostrou-lhes o caminho, que a morte não é o fim da linha para quem vive na entrega a Deus e na doação aos irmãos.

No Evangelho, Marcos mostra-nos Jesus, confrontado com a Lei judaica do divórcio, reafirma o projeto ideal de Deus para o homem e para a mulher: eles foram chamados a formar uma comunidade estável e indissolúvel de amor, de partilha e de doação. A separação não está prevista no projeto ideal de Deus, pois, Deus não considera um amor que não seja total e duradouro. Só o amor eterno, expresso num compromisso indissolúvel, respeita o projeto primordial de Deus para o homem e para a mulher.
Diante da questão posta pelos fariseus: “pode um homem repudiar a sua mulher?” - Jesus começa por recordar-lhes o estado da questão na perspectiva da Lei: “que vos ordenou Moisés?”. Efetivamente, a Lei permite o divórcio: “Moisés permitiu que se passasse um certificado de divórcio para se repudiar a mulher”; contudo, essa condescendência da Lei não resulta do projeto de Deus para o homem e para a mulher, mas é o resultado da “dureza do coração” dos homens. As prescrições de Moisés não definem o quadro ideal do amor do homem e da mulher, mas apenas regulam o compromisso matrimonial, tendo em conta a natureza humana.
Contrapondo com a Lei, Jesus vai apresentar o projeto primordial de Deus para o amor do homem e da mulher. Jesus explica que, no projeto original de Deus, o homem e a mulher foram criados um para o outro, para se completarem, para se ajudarem, para se amarem. Unidos pelo amor, o homem e a mulher formarão “uma só carne”. Ser “uma só carne” implica viverem em comunhão total um com o outro, dando-se um ao outro, partilhando a vida um com o outro, unidos por um amor que é mais forte do que qualquer outro vínculo.
A perspectiva de Jesus acerca da questão é a seguinte: nessa nova realidade que Deus quer propor ao homem - o Reino de Deus - chegou o momento de abandonar a facilidade e de apontar para um patamar mais alto. Ora, no que diz respeito ao matrimónio, o patamar mais alto é o projeto inicial de Deus para o homem e para a mulher, que previa um compromisso de amor estável e duradouro.
Portanto, Jesus reitera que a relação entre o homem e a mulher se deve enquadrar no projeto inicial de Deus e não nas facilidades concedidas pela Lei de Moisés. A perspectiva de Deus é que marido e mulher, unidos pelo amor, formem uma comunidade de vida estável. O divórcio não entra nesse projeto. Marido e esposa, em igualdade de circunstâncias, são responsáveis pela edificação da comunidade familiar e por evitar o fracasso do amor.
O nosso texto termina com uma cena em que Jesus acolhe as crianças, defende-as e abençoa-as. As crianças são, aqui, uma espécie de contraponto ao orgulho e arrogância com que os fariseus se apresentam a Jesus, bem como à dificuldade que os discípulos revelaram, nas cenas precedentes, para acolher a lógica do Reino. As crianças são simples, transparentes, sem calculismos; não têm prestígio ou privilégios a defender; entregam-se confiadamente nos braços do pai e dele esperam tudo, com amor. Por isso, as crianças são o modelo do discípulo. O Reino de Deus é daqueles que, como as crianças, vivem com sinceridade e verdade, sem se preocuparem com a defesa dos seus interesses egoístas ou dos seus privilégios, acolhendo as propostas de Deus com simplicidade e amor. Quem não é “criança”, isto é, quem percorre caminhos tortuosos e calculista, quem não renuncia ao orgulho e autossuficiência, quem despreza a lógica de Deus e só conta com a lógica do mundo, também na questão do casamento e do divórcio, quem conduz a própria vida ao sabor de interesses e valores efêmeros, quem não aceita questionar os próprios raciocínios e preconceitos, não pode integrar a comunidade do Reino – fazer parte do Amor de Deus pleno, que une homem e mulher. Assim seja! Amém.

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