domingo, 22 de julho de 2012

Jesus - aquele que cuida das ovelhas



Este Santo Domingo dá-nos conta do amor e da solicitude de Deus pelas “ovelhas sem pastor”. Esse amor e essa solicitude traduzem-se, naturalmente, na oferta de vida nova e plena que Deus faz a todos.

Na primeira leitura, pela voz do profeta Jeremias, Javé condena os pastores indignos que usam o “rebanho” para satisfazer os seus próprios projetos pessoais; e, paralelamente, Deus anuncia que vai, Ele próprio, tomar conta do seu “rebanho”, assegurando-lhe a fecundidade e a vida em abundância, a paz, a tranquilidade e a salvação.
O “rebanho” não é propriedade dos “pastores”, mas do Senhor… Deus chamou-os a uma missão concreta, encarregou-os de cuidar do seu “rebanho” e eles, depois de terem aceite o compromisso, falharam totalmente. Assim, o próprio Javé vai intervir, no sentido de salvar o seu “rebanho”. A intervenção de Deus justifica-se pelo facto de se tratar do “rebanho” do Senhor e de Ele ter responsabilidades para com as suas ovelhas.
Dessa forma, Deus faz a escolha de “pastores” exemplares. A missão desses “pastores” será, simplesmente, “apascentar”. Isso implica, naturalmente, o cuidado, a solicitude, o amor, a ternura pelo rebanho… Esses pastores estarão, naturalmente, ao serviço do rebanho e não usarão o rebanho para concretizar os seus interesses pessoais. As “ovelhas” aprenderão a confiar nesse “pastor” que as ama e não terão mais “medo nem sobressalto”; o rebanho de Javé terá vida em abundância. O “pastor” irá trazer a harmonia, a paz, a tranquilidade, a salvação, a vida verdadeira ao Povo de Deus.

Na segunda leitura, Paulo fala aos cristãos da cidade de Éfeso da solicitude de Deus pelo seu Povo. Essa solicitude manifestou-se na entrega de Cristo, que deu a todos, sem exceção, a possibilidade de integrarem a família de Deus. Reunidos na família de Deus, os discípulos de Jesus são agora irmãos, unidos pelo amor. Tudo o que é barreira, divisão, inimizade, ficou definitivamente superado.
Paulo explica que foi pelo sangue de Cristo que eles se aproximaram de Deus. Antes, eles adoravam os ídolos e tinham convicções religiosas; mas desconheciam o verdadeiro Deus e a sua proposta de salvação; agora, foram admitidos a fazer parte da família de Deus. A Lei de Moisés, com as suas prescrições e exigências, que não permitiam aos pagãos a possibilidade de integrar o Povo de Deus, fica anulada.
Todos aqueles que aceitaram integrar a comunidade de Jesus, sem diferenças de etnias, classes sociais ou culturais, pertencem à mesma família, a família de Deus, integrando a comunidade dos santos. Todos – judeus e pagãos – são, agora, membros da comunidade trinitária do Pai, que oferece a vida, do Filho, que vem ao encontro da humanidade para lhes comunicar a vida do Pai e do Espírito, que mantém unidos os membros deste “corpo” entre si e com Deus. Na nova economia da salvação, o que conta é a disponibilidade para acolher a vida que Deus oferece e ser um Novo Homem e Nova Mulher.

No Evangelho, Marcos recorda-nos que a proposta salvadora e libertadora de Deus, apresentada em Jesus, é agora continuada pelos discípulos. Os discípulos de Jesus são – como Jesus o foi – as testemunhas do amor, da bondade e da solicitude de Deus por homens e mulheres que caminham pelo mundo perdidos e sem rumo, “como ovelhas sem pastor”. Assim, a missão dos discípulos tem sempre Jesus como referência. Portanto, os discípulos enviados ao mundo em missão devem vir ao encontro de Jesus, dialogar com Ele, escutar as suas propostas, elaborar com Ele os projetos de missão, confrontar o anúncio que apresentam com a Palavra de Jesus.
O texto começa com o regresso dos discípulos que, entusiasmados, contam a Jesus a forma como se tinha desenrolado a missão que lhes fora confiada. Depois, Jesus convida-os a irem com Ele para um lugar isolado e descansarem um pouco. A referência à necessidade de os “apóstolos” descansarem, pois, nem sequer tinham tempo para comer pretende ser um aviso contra o ativismo exagerado, que destrói as forças do corpo e do espírito e leva, tantas vezes, a perder o sentido da missão. Assim, é ao lado de Jesus, escutando-O, dialogando com Ele, gozando da sua intimidade, que os discípulos recuperam as suas forças. Se os discípulos não confrontarem, frequentemente, os seus esquemas e projetos pastorais com Jesus e a sua Palavra, a missão tende a fracassar.
Os discípulos foram com Jesus, mas as multidões adivinharam para onde Jesus e os discípulos se dirigiam, tinham seguido Jesus e os discípulos a pé e chegaram primeiro. E ao desembarcar, Jesus viu as pessoas, teve compaixão delas: “porque eram como ovelhas sem pastor” e pôs-se a ensiná-las. É em Jesus e na sua proposta que as multidões encontram vida verdadeira e plena.
Jesus, o Bom Pastor, é o nosso mediador junto do Pai. Ele conhece e ama a todos e a cada um de nós. Foi fiel ao plano do Pai, entregando sua vida para a nossa salvação. Então, a tarefa da comunidade, das lideranças, de agentes de pastoral e de quem tem qualquer responsabilidade no rebanho de Cristo é lutar sempre pela vida. É também muito importante aprendermos as atitudes de Jesus. É fundamental a atitude carinhosa de conhecer, chamar pelo nome, ser capaz de proteger a dar vida, pelo bem-estar das ovelhas.
Jesus, o Bom Pastor, conduz as ovelhas a Deus. Esse pastoreio é transmitido por Ele a nós -Igreja. Através dela, o Cristo torna-se vivo. A Igreja constitui sinal e instrumento por meio do qual Jesus Cristo deseja conduzir todos ao Pai, a fonte da vida. É pelo testemunho dos seus discípulos que Jesus continua a ser o Bom Pastor no mundo inteiro, para todos os seres humanos. Ele exerce essa função de modo especial pelos ministros ordenados: bispos, presbíteros e diáconos, religiosas e religiosos. Todos os cristãos, por seu testemunho, participam do pastoreio universal de Jesus Cristo. Ao mesmo tempo em que somos conduzidos, ouvindo a sua voz, sendo ovelhas, exercemos também a missão de pastores, conduzindo as pessoas – “ovelhas sem pastor” até a fonte da vida.
No caminho profético e missionário, nossa Igreja continua a ser neste tempo, o rosto de Cristo – Pastor quer na celebração, Escuta da Palavra e prática da Caridade, continua cuidando e protegendo seu povo. Como Jesus Cristo, o Bom Pastor das ovelhas, somos todos chamados a conhecer e a nos deixar conhecer pelo povo que o Senhor nos confia. Neste conhecimento mútuo, certamente chegaremos às esperanças e inquietações do povo de Deus e será a partir deste chão que poderemos concretizar o princípio da vida para todos ensinada por Jesus que compadece de seu rebanho. Assim seja! Amém.


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