domingo, 17 de junho de 2012

Semente revolucionária



Irmãos e irmãs, 
Neste Santo Domingo, somos convidados a olhar para a vida e para o mundo com confiança e esperança. Deus, fiel ao seu plano de salvação, continua, hoje como sempre, a conduzir a história humana para uma meta de vida plena e de felicidade sem fim, acreditando na força plena da semente. 

Na primeira leitura, o profeta Ezequiel assegura ao Povo de Deus, exilado na Babilónia, que Deus não esqueceu a Aliança, nem as promessas que fez no passado. Apesar dos desastres e das crises que as voltas da história comportam, Israel deve continuar a confiar nesse Deus que é fiel e que não desistirá de oferecer ao seu Povo um futuro de tranquilidade, de justiça e de paz sem fim. 
Deus não abandonou o seu Povo: Ele próprio vai tomar um “ramo novo”, plantá-lo na montanha de Israel, fazê-lo dar frutos e torná-lo uma árvore resistente e de grande porte. Desta forma, irá restabelecer a dinastia davídica em Jerusalém, assegurando ao seu Povo um futuro pleno de vida, de felicidade e de paz sem fim. Deus que é o Senhor da história e que, com paciência e amor, vai concretizando o seu projeto e, através dos pequenos, aqueles que na simplicidade estão sempre disponíveis para acolher os desafios e os dons de Deus, concretiza os seus projetos de salvação e de graça. 

Na segunda leitura, Paulo recorda-nos que a vida nesta terra marcada pela finitude e pela transitoriedade, deve ser vivida como uma peregrinação ao encontro de Deus, da vida definitiva, é o tempo da fé. O cristão deve estar consciente de que o Reino de Deus, embora já presente na nossa atual caminhada pela história, só atingirá a sua plena maturação no final dos tempos, quando todos os homens e mulheres se sentarem à mesa de Deus e receberem de Deus a vida que não acaba,. É para aí que devemos tender, é essa a visão que deve animar a nossa caminhada, rumo a vida gloriosa e indestrutível. 
Assim, compete aos cristãos, enquanto “habitam este corpo” mortal, viver de acordo com as exigências de Deus, caminhar à luz da fé, assumir as suas responsabilidades enquanto discípulos comprometidos com Cristo e com o seu Reino. A perspectiva dessa vida plena que nos espera para além desta terra deve estar permanentemente em nosso horizonte que caminha pela história, fundamentar e iluminar o seu compromisso e a sua fidelidade a Jesus Cristo e ao Evangelho. 

No Evangelho, Marcos revela-nos uma Pedagogia sobre o Reino de Deus – essa realidade nova que Jesus veio anunciar e propor. Trata-se de um projeto que, avaliado à luz da lógica humana, pode parecer condenado ao fracasso; mas ele contempla o dinamismo de Deus e acabará por chegar a todo o mundo e a todos os corações. Assim, a semente lançada por Jesus fará com que esta realidade velha que conhecemos vá, aos poucos, dando lugar ao novo céu e à nova terra que Deus quer oferecer a todos. 
Marcos apresenta Jesus como o Messias que proclama o Reino de Deus, anunciando um mundo novo, livre do egoísmo, da opressão, da injustiça e de tudo o que escraviza os homens e os impede de ter acesso à vida verdadeira. A missão de Jesus é portadora do Reino de Deus e da transformação que ele provoca. Uma vez iniciada, a ação de Jesus cresce e produz fruto de maneira imprevisível e irresistível. Diante das estruturas e ações desse mundo, a atividade de Jesus e daqueles que o seguem parece impotente. Mas ela crescerá, até atingir o mundo inteiro. 
Neste sentido, na primeira parábola, a semente que germina e cresce por si mesma exprime a ação de Deus que comunica amor e vida a todos, suplantando os poderosos deste mundo que semeiam a fome e a morte. A segunda parábola, da pequena semente que se transforma em uma árvore acolhedora dos pássaros, exprime que a fé dos discípulos, desprezível diante do mundo, pode gerar o mundo novo de fraternidade e paz, para todas as nações com Cristo Jesus semente e árvore de vida nova. 
O Reino dos céus, em toda a sua grandeza, é parecido a um grão de mostarda, essa pequena coisa que é o bem de Deus é mais esplêndida do que a imensidão do mundo. Desta forma, podemos afirmar que Cristo é o Reino. Como se fosse um grão de mostarda, ele foi lançado num jardim, o corpo da Virgem. Cresceu e tornou-Se a árvore da cruz que cobre a terra inteira. Depois de ter sido esmagado pela Paixão, o Seu fruto produziu sabor suficiente para dar o Seu bom gosto e o Seu aroma a todos os seres vivos que n'Ele tocam. Pois, enquanto a semente de mostarda está intacta, as suas virtudes permanecem ocultas, mas desenvolvem toda a sua pujança quando a semente é esmagada. Da mesma forma, Cristo quis que o Seu corpo fosse esmagado para que a sua força não ficasse oculta. Cristo é Rei, porque é a fonte de toda a autoridade. Cristo é o Reino, pois n'Ele está toda a glória do Seu reino. 
O crescimento de um Reino de amor, de justiça, tão sonhado por Deus, depende da disposição dos semeadores. O Reino de Deus é construído aqui na terra, segundo a disposição e envolvimento dos que se dispõe a semear, a cuidar e a colaborar no sentido de fazer brotar a semente na ação do outro. Um semeador, nunca deve se deixar levar pelo pelo desanimo, pois, o seu trabalho nunca será em vão, já que muitas sementes cairão em terra boa e produzirão muitos frutos. Desta forma, semente como a palavra de Deus, palavra que é fecunda por si mesma, e que, uma vez plantada, ela sempre nasce, ainda que demore. Os seguidores de Jesus, não podem guardar a palavra de Deus só para si, devem ser anunciadores desta palavra que gera vida, aquecendo a humanidade do Divino e do humano. Pois, quanto mais a palavra de Deus é plantada nos corações de homens e mulheres, maior será a colheita. Uma semente guardada permanece bonita, mas não produz frutos, portanto, onde não se semeia, não haverá colheita! 
Cultivar a semente, é partilhar a vida, é ampliar o plantio, lançando sementes em outros corações. Possamos nós semear no nosso coração esta semente de mostarda, de modo que ela venha a ser a grande árvore do conhecimento, elevando-se em toda a sua altura para elevar os nossos pensamentos para o céu, e desenvolvendo todos os ramos. Semear no coração dos ouvintes a consciência dessa nova e revolucionária realidade da Semente que gera frutos, frutos em abundância. Assim seja! Amém.

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