Irmãos e irmãs,
Neste Santo Domingo, somos
convidados a reconhecer a Palavra de Deus na figura profética de João Baptista.
Escolhido por Deus para ser profeta, ainda antes de nascer, ele é um “dom de
Deus” ao seu Povo, veio, apenas, dirigir o olhar dos homens para Cristo e
preparar o coração dos homens para acolher “a salvação” que estava para chegar.
Na primeira leitura, Isaías apresenta-nos
uma misteriosa figura profética, eleita por Deus desde o seio materno, a fim de
ser a “luz das nações” e levar a Palavra ao coração e à vida de todos os
homens. Impressiona especialmente a centralidade que Deus assume na vida do
profeta: toda a missão profética brota de Deus e sustenta-se de Deus.
Na segunda leitura dos Atos dos
Ap[ostolos, Paulo fala aos judeus de Antioquia do profeta João. Na perspectiva
de Paulo, a missão de João consistiu em convidar os homens a uma mudança de
vida e de mentalidade, numa espécie de primeiro passo para acolher o “Reino”
que Jesus veio, depois, propor. Paulo deixa claro que João não é o Messias
libertador, mas sim aquele que vem preparar o coração dos homens para acolher o
Messias.
No Evangelho, Lucas relata o
nascimento de João. Para Lucas, os acontecimentos ligados ao seu nascimento
mostram como o profeta João é um “dom de Deus”. Começa, nessa altura, a
tornar-se claro para todos que Deus está por detrás da existência de João, e
que a sua missão é ser um sinal de Deus no meio dos homens.
O relato começa com a descrição
do quadro de alegria que acolheu o nascimento do filho de Zacarias e de Isabel.
A alegria significa que chegaram os tempos novos, os tempos do cumprimento das
promessas de Deus, o tempo da misericórdia de Deus.
Por ocasião da circuncisão,
põe-se a questão do nome que irá ser dado ao menino. Aparece aqui o costume
helenista, assumido pelo judaísmo mais recente. Os vizinhos e parentes dão como
adquirido que o menino se chamará como o pai. No entanto, Isabel e Zacarias
escolhem um outro nome: João, sugerido pelo anjo, aquando do anúncio do nascimento
do menino. O nome significa literalmente “o Senhor concede graça”: o menino é
um “dom de Deus” e o primeiro sinal da graça que Deus vai derramar sobre os
homens, através do Messias que está para chegar. Por outro lado, o acordo da
mãe e do pai sobre um nome que não era familiar aparece como divinamente
inspirado.
“A mão do Senhor estava com ele” -
a expressão inspira-se no Antigo Testamento, onde serve para exprimir a proteção
de Deus sobre os seus fiéis e a sua ação sobre os profetas. Aqui, significa que
João tem a proteção de Deus e que Deus age nele. Tudo isto define um quadro de
intervenção e de presença de Deus, mostrando que toda a existência de João se
compreende à luz da iniciativa divina.
Há ainda no texto, uma referência
à ida de João para o deserto; deserto é o lugar onde Israel fez a sua
experiência de encontro com o Deus libertador, onde sentiu de forma especial o
amor de Deus e onde o Povo assumiu o compromisso da aliança: é essa experiência
que João vai fazer, para depois a apresentar ao seu Povo. Além disso, a
referência ao deserto prepara a próxima aparição de João no Evangelho, cerca de
trinta anos depois.
A Igreja, solenemente, celebra o
nascimento de São João Batista. Santo que, juntamente com a Santíssima Virgem Maria,
é o único a ter o aniversário natalício recordado pela liturgia. João batista
nasceu seis meses antes de Jesus Cristo, seu primo, e foi um anjo quem revelou
o seu nome ao seu pai, Zacarias, que há muitos anos rezava com sua esposa para
terem um filho. Estudiosos mostram que possivelmente depois de idade adequada,
João teria participado da vida monástica de uma comunidade rigorista, na qual,
à beira do rio jordão ou mar morto, vivia em profunda penitência e oração:
"João usava um traje de pêlo de camelo, com um cinto de couro à volta dos
rins; alimentava-se de gafanhotos e mel silvestre".
O que o tornou João Batista tão
importante para a história do cristianismo é que, além de ser o último profeta
a anunciar o messias, foi ele quem preparou o caminho do senhor com pregações
conclamando os fiéis à mudança de vida e ao batismo de penitência, por isso “Batista”.
Como nos ensinam as sagradas escrituras: "Eu vos batizo na água, em vista
da conversão; mas aquele que vem depois de mim é mais forte do que eu: eu não
sou digno de tirar-lhe as sandálias; ele vos batizará no Espírito Santo".
Os evangelhos nos revelam a
inauguração da missão salvífica de Jesus a partir do batismo recebido pelas
mãos do precursor João e da manifestação da Trindade Santa. São João, ao reconhecer e apresentar Jesus
como o Cristo, continuou sua missão em sentido descendente, a fim de que
somente o messias aparecesse. O grande santo morreu na santidade e reconhecido
pelo próprio cristo: "em verdade eu vos digo, dentre os que nasceram de
mulher, não surgiu ninguém maior que João , o Batista". João é um “dom de
Deus”, vem com uma missão de Deus, sinal profético e vivo, da presença de Deus
no meio do seu Povo. Assim seja! Amém.
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