Jesus, luz que brilha em nós e para nós...

Irmãos e irmãs,

Neste Santo Domingo, celebramos a festa da Epifania, revelação da bondade do Deus que deseja salvar a todos. Na pessoa dos Reis Magos, o Menino-Deus se revelou a todas as nações que, no futuro, seriam iluminadas pela luz da Fé. É o reconhecimento público da divindade do Menino Jesus. Se no Natal Deus se manifesta como Homem, na Epifania esse mesmo Homem se revela como Deus, em sintonia com a salvação que é oferecida a todos, por Jesus, nossa estrela-guia.

Na primeira leitura, Isaías anuncia a chegada da luz salvadora de Javé, que transfigurará Jerusalém e que atrairá à cidade de Deus todos os povos. O profeta sonha com uma Jerusalém que levantar-se-á quando chegar a luz salvadora de Deus, que dará à cidade um novo rosto, transfigurando a luz do amanhã. Assim, Jerusalém vai atrair os olhares de todos os que esperam a salvação, muitos filhos e filhas regressarão. Povos de toda a terra, atraídos pela esperança do encontro com a salvação de Deus – também irão para Jerusalém, inebriando-a de riquezas e cantando os louvores de Deus. É um convite à comunidade para que saia da prostração e cegueira em que jaz, para perceber e sentir a presença do Deus que a transforma a partir de dentro.

Na segunda leitura, Paulo escrevendo aos Efésios revela o projeto salvador de Deus como uma realidade que vai atingir toda a humanidade, juntando judeus e pagãos numa mesma comunidade de irmãos – a comunidade de Jesus. O “mistério” foi revelado a Paulo, anunciador da boa nova de Jesus entre os pagãos. Paulo insiste que, em Cristo, chegou a salvação definitiva para a humanidade; e essa salvação não se destina exclusivamente aos judeus, mas destina-se a todos os povos da terra, sem exceção e exclusão. Em Cristo, somos membros de um único corpo, partilhando o mesmo projeto salvador. Portanto, a comunidade que vive a mensagem de Jesus, como Paulo a viveu, torna-se missionária pelo fato de não excluir ninguém, principalmente os que já foram excluídos pela sociedade.

No Evangelho, Mateus apresenta a concretização da promessa de Salvação, pois: ao encontro de Jesus vêm os “reis magos”, representando todos os povos da terra, que se põem a caminho de Jerusalém com as suas riquezas (ouro e incenso) para encontrar a luz salvadora de Deus que brilha sobre a cidade santa. Seguindo aos sinais da chegada do Messias, procuram com esperança até encontrar o menino Jesus, reconhecendo-o como Senhor e aceitando a “Salvação de Deus”. Salvação esta rejeitada pelos habitantes de Jerusalém, que agora torna-se um dom que Deus oferece a todos os homens e mulheres, sem exceção. Assim, o Povo de Israel rejeita Jesus, enquanto que os “reis magos” do oriente, que são pagãos, o adoram; Herodes e Jerusalém “ficam perturbados” diante da notícia do nascimento do menino e planeiam a sua morte, enquanto que os pagãos sentem uma grande alegria e reconhecem em Jesus o seu salvador.
Os Reis são imagens daqueles (as) que mediante uma atitude humilde e sincera, pretendem atender aos sinais dos tempos, às constantes e progressivas mudanças, porque esses são a linguagem de Deus, e neles devem ser descobertos.O fato de serem três, cada um com um nome: Gaspar, Baltazar e Melchior e de diferente cor de pele, faz correspondência aos três continentes conhecidos nessa época: Europa, Ásia e África.Os Reis do Oriente encarnam a história de todos que desejam encontrar um rumo certo para a vida, deixando-se orientar pela estrela, que pode ser um astro, uma pessoa ou um acontecimento, e que em toda parte emite o seu brilho, dos mais diversos gêneros, cores, línguas e idades
Mateus afirma que Jesus nasceu em Belém, relacionando-o com os anúncios proféticos que falavam do Messias como o descendente de David que havia de nascer em Belém, restaurando o reino ideal de seu pai. Há uma estrela “especial” que apareceu no céu e que conduziu os “reis magos” para Belém, anunciando o Messias esperado, Jesus, luz da humanidade. A caminhada dos “reis magos” refletem a caminhada que o povo percorre para encontrar Jesus, atentos aos sinais - estrela, percebem que Jesus é a luz que traz a salvação, põem-se decididamente a caminho para encontrá-Lo, perguntam aos judeus – que conhecem as Escrituras – o que fazer, encontram Jesus e adorando-o como Mestre e Senhor. Grande oportunidade para o nosso discernimento: a salvação não vem dos poderosos, mas do menino pastor, o poder popular que atende às reivindicações dos excluídos. Quem entende a lógica do Deus que nasce na periferia do mundo será capaz de uma ação que desestabiliza os Herodes de hoje. O nosso caminho passa por esses Herodes, ou tem outra “estrela” outros “sonhos” para mudar a sociedade?
Se aos Reis Magos Deus chamou por meio da estrela, a nós Ele nos chama através de Sua Igreja, com sua pregação, jeito de viver em comunidade e com sua proposta de vida em abundância. Logo, a Epifania é a festa que nos convida a agradecermos ao Senhor, como também a Lhe pedir a graça de sermos guiados por toda parte através de Sua luz celeste, dessa forma, acolhermos com fé e vivermos com amor todos os dons que a Santa Igreja nos dá. A todos nós, Deus nos faz retornar à Pátria "por outro caminho". Há uma certeza quando somos inebriados pela presença, Luz radiosa do Salvador, nossos caminhos não podem e não são os mesmos. Por isso, o Encontro com Jesus, em cada momento de nossas vidas, afasta-nos do mundo e nos torna efetivamente mais próximo do Paraíso Eterno, da Glória Celeste.
Celebrando a manifestação de Jesus a todos os homens e mulheres… A alegria invade cada coração, brotando da consciência de terem seguido a voz da estrela, Jesus, “luz” que se acende na noite do mundo e atrai a si todos os povos da terra. Cumprindo o projeto libertador que o Pai nos queria oferecer, essa “luz” encarnou na nossa história, ilumina os nossos caminhos, conduze-nos ao encontro da salvação, da vida definitiva.
Epifania é um convite para sermos gratos ao Senhor, o que movia os Reis Magos era o desejo de prestar culto de adoração Àquele que acabara de nascer. A ação do Espírito Santo, levando-os a Belém, ampara-se no chamado universal de todas as nações à salvação e à participação nos bens da Redenção. Neste sentido, neste início de Ano, a festa da Epifania convida a cada um de nós a sermos “Reis” e “Rainhas”, a interpretar os sinais de Deus e a comunicá-los aos outros a fim de construirmos uma sociedade justa e fraterna. Seguindo a Estrela, Jesus, luz que brilha em nós e para nós. Assim seja! Amém