domingo, 13 de novembro de 2011

Talentos: a serviço da vida...não da exploração!

Irmãos e irmãs,
Neste Santo Domingo, somos convidados a fazer uma análise sobre os talentos que recebemos do Pai e, por isso, nos reunimos para celebrar a páscoa de Jesus. Escutando a parábola dos talentos, recebemos do Senhor a força para vencer todo o medo, para frutificar em boas obras na espera de sua vinda, como servos dedicados ao Senhor.

No livro dos Provérbios, o autor reconhece a fugacidade da beleza. Assim, merece louvor mesmo é a mulher que teme o Senhor. Então, a mulher descrita é símbolo da sabedoria e da diligência no cumprimento da própria missão. Portanto, o cristão deve assemelhar-se à mulher que administra com sabedoria a própria casa. Os dons pessoais não são um mero ornamento pessoal. São recursos, recebidos para bem cumprir a missão recebida do Criador.

Paulo escrevendo aos Tessalonicenses, preocupados com a data da vinda de Cristo, alguns não querendo trabalhar, pensando que Cristo viria logo. Paulo já havia ensinado à comunidade que Cristo não marcou data, virá sem aviso prévio. O importante não é especular a respeito da data, mas viver uma vida decente a serviço da comunidade e de acordo com o evangelho da justiça, pois, todos nós somos filhos da luz e filhos do dia. Dessa forma, Paulo alerta-nos para a certeza da vinda do Senhor. Ele não procura assustar-nos, mas nos quer vigilantes para acolher com festa o Senhor que vem para nos salvar. Viver na sobriedade para entrar alegres no “salão da festa eterna!”.

No Evangelho, Mateus revela-nos Jesus, Salvador da humanidade, apresentando-nos a Parábola dos talentos, com vários aspectos que causam estranheza. Os fatos relatados da vida real são característicos de uma sociedade oportunista, de mercado e lucro. Assim, o estrangeiro, é um senhor ambicioso que, ao viajar, determina a seus três servos que façam render seu dinheiro. Os dois servos mais "capazes" fizeram o dinheiro render cem por cento, e foram qualificados de servos bons e fieis pelo senhor, na sua volta, e foram promovidos. O servo menos capaz devolveu o dinheiro sem nenhum lucro. O senhor o qualificou de “mau e preguiçoso". Reclamou que ele devia ter colocado no banco para render juros. E ainda mais, o senhor até identificou-se a si próprio como aquele que "colhe onde não planta e ajunta onde não semeia", características próprias de patrões que enriquecem se apropriando dos frutos da exploração do trabalho dos trabalhadores! Dessa forma, é uma crítica a este tipo de sociedade que se fundamenta a partir do mercado, acúmulo do capital e da mais valia, como forma, de ampliar os lucros e aumentar a separação entre ricos e pobres.

De outra forma, a interpretação mais comum da parábola dos talentos, na linha do discurso escatológico sobre o fim do mundo, quer salientar o tema da vigilância ativa, trabalhando em favor da Justiça do Reino, fazendo frutificar os talentos-dons, que Deus concede a cada pessoa. Diante disso, a distribuição dos talentos varia de acordo com a capacidade de cada um. Um recebeu cinco, outro recebeu dois, e o terceiro recebeu um. Quem recebeu cinco produziu outros cinco, quem recebeu dois produziu outros dois. Mas., quem recebeu um escondeu o dinheiro do patrão e não o fez render. Depois de muito tempo, o patrão volta para o ajuste de contas, elogiando e premiando os dois primeiros que fizeram render os talentos recebidos. Em relação, ao terceiro servo, ele reclama da esterilidade deste servo que não fez render os seus pertences. Tira-lhe o que tem para doar a quem se empenha. Chama-o de inútil e o condena. Este servo provavelmente ficou com medo de correr o risco e não ser bem sucedido nos negócios buscou sua própria segurança enterrando o talento recebido.

As comunidades não devem ficar ociosas nem temerosas, mas devem fazer frutificar a palavra de Jesus em vista do crescimento do Reino dos Céus. A mulher que, com seus dons, trabalha tanto no serviço doméstico, como na produção para sustento da família é louvada na primeira leitura. A segunda leitura também é um estimulo às comunidades à vigilância, na espera da volta do Senhor.

Deus distribui talentos-dons a todo mundo. Assim, todo aquele que busca sua própria segurança e não quer correr o risco de um engajamento na comunidade, colocando-se a serviço, está forjando preconceitos a respeito de Deus. Deus nos dá dons diversos e cabe a nós o empenho em fazê-los frutificar. Não por medo do Senhor, mas, em comunhão com ele, pela alegria e felicidade na comunicação e partilha destes dons. Quantos em nossas comunidades estão frutificando seus talentos? Não é possível ao cristão não fazê-los frutificar. É preciso fazê-los frutificar para o bem de todos e a favor do Reino de Deus. Somente assim é que poderemos viver na esperança de um dia alcançarmos a graça de Salvação no Senhor.

A Parábola de Jesus é uma reafirmação da fé na vinda gloriosa de Jesus. Não é a pedagogia do medo, mas os filhos devem estar prontos para a volta de Jesus! Devemos estar atentos e vigilantes para recebê-lo com festa. A alegria vem do fato que Jesus cumprirá sua Palavra: “Ele virá para nos salvar definitivamente!”. Deus nos colocou no mundo para cuidar do jardim e para crescer na vida divina segundo o modelo de seu Filho Jesus. Este é o sentido de nossa vida na terra! “Não somos um grão de areia perdido no deserto; somos um sonho de Deus, somos seus filhos, participantes de sua natureza divina”. Ele nos quer participantes responsáveis neste projeto de salvação e vida plena, como alegres criaturas humanas premiadas pela maravilhosa proposta divina: sermos seus filhos à imagem e semelhança de Jesus, que voltará para colher os frutos da semente colocada no íntimo de nosso coração no dia de nosso Batismo. Sua Palavra é luz, eficaz, precisa frutificar, no serviço amoroso e gratuito ao próximo, único caminho de fazer multiplicar os dons, servindo à vida e não à exploração. Assim seja! Amém.

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