sábado, 30 de julho de 2011

Banquete da vida: com cinco pães e dois peixes



Neste santo domingo, o Senhor manifesta sua compaixão para conosco e não nos deixa ir embora sem comer. Abençoa o pouco que temos e multiplica nosso alimento! Comendo com ele, satisfeitos, assumimos sua palavra: “Deem vocês mesmos de comer!” Assim, comungamos da páscoa de Jesus Cristo que se manifesta em todas as pessoas que têm compaixão com os pequenos e que cumprem a ordem de Jesus Cristo de dar de comer à multidão, contribuindo para acabar com a fome ao seu redor.

Ouvindo a profecia de Isaias constata-se que a atitude de Deus é de bondade, compaixão e piedade: “A vós todos que estais com sede, vinde às águas; vós que não tendes dinheiro, apressai-vos, vinde e comei, vinde comprar sem dinheiro, tomar vinho e leite, sem nenhuma paga. Por que gastar dinheiro com outra coisa que não o pão, desperdiçar o salário senão com satisfação completa?”. Portanto, a leitura de Isaías aponta que Deus tem uma proposta de vida para os oprimidos de todos os tempos, convidando-os a saírem da penúria e a vivenciarem a partilha da criação. Em vista de sair do exílio e da dependência dos que vivem à custa de explorar o povo. É um chamado pleno para a libertação, pois, Deus não quer irmãos explorando irmãos, a criação é para todos.

Neste trecho da carta de São Paulo, há uma clara confirmação do amor de Deus para com a humanidade. E acolhendo este amor, não há força alguma capaz e nos separar deste amor. Cientes desta certeza, seremos vitoriosos frente aos obstáculos, enfrentando com consciência, tornando-se profeta da esperança e missionário do mundo novo.

No evangelho, Mateus narra a partilha dos pães entre Jesus, seus discípulos, e a multidão. João Batista, que com seu anúncio do Reino de justiça atraia as multidões, foi preso e executado. Jesus percebe que é passível de sofrer o mesmo. Assim, retira-se para um lugar isolado com seus discípulos, indo de barco através do lago da Galiléia. Sendo seguindo, pelas multidões pela margem do lago acompanhando-o. Quando Jesus desce do barco, encontra a multidão e vendo suas necessidades, tem compaixão e cura os doentes, livrando-os da exclusão social e promovendo a vida.
E ao entardecer os discípulos percebem que as necessidades das multidões, já cansada, abatida e com fome e sugerem que sejam dispersas e enviadas para comprar comida. Jesus, com sua pedagogia de amor, apresenta-lhes outra solução: "Vós mesmos dai-lhes de comer". Os discípulos, porém, afirmam que têm apenas alguns pães e alguns peixes. Jesus pede que sejam trazidos, os abençoam e os partem. Os discípulos os distribuem. Este gesto sensibiliza os corações das outras pessoas, que traziam reservadamente seu alimento. Eles também partilham e todos são satisfeitos.
Jesus fazendo a vontade do Pai, não apresenta um milagre econômico e nem religioso, mas a partilha dos bens da Criação. Não deixa ninguém passar fome, não apenas materialmente, mas torna-se nosso alimento, através do pão e do vinho, corpo e sangue, alimento eterno. É o banquete da Vida, que sacia plenamente aqueles que dele participam. Assim, a eucaristia não deve ser um mero ritual, deve indicar partilha da Vida. Partilha do Pão da Vida, que é Jesus e partilha do pão que dá a vida material, que indica a autenticidade da eucaristia. Como consequência não haverá mais carências, materialmente, afetivamente ou espiritualmente.
Partilha é gesto concreto de amor, que contagia e transforma a comunidade. A benção de Jesus sobre os pães e peixes que os discípulos lhe trazem significa dedicar a Deus aquilo que é de Deus, libertando do sentimento de posse, abrindo para o dom de Deus que coloca ao alcance de todos.
A proposta de vida nova nasce e cresce na partilha dos bens da criação. Quando partilhamos esses bens (terra, moradia, saúde, educação, comida) é possível saciar a todos e ainda sobrar. A Eucaristia, nesse sentido, é o memorial da vida nova inaugurada por Jesus. Celebrá-la é tomar consciência disso, fazendo tudo o que for possível para construir uma sociedade justa, fraterna e igualitária. Cabe, portanto, uma pergunta: Qual a boa notícia que anunciamos aos milhares de pobres que frequentam nossas celebrações? Como fazer para não frustrar suas esperanças?
Neste sentido, somos chamados a participar do banquete. E assim, Jesus nos convida a alimentar de sua palavra e da eucaristia, para que pessoa alguma venha a passar fome. Esta atitude começa no momento em que a força do pão do céu transformará a todos numa comunidade de partilha e de responsabilidade que age com os olhos e o coração de Deus: “com cinco pães e dois peixes será possível modificar a vida de muitos irmãos e irmãs em todas as partes”. Isso nos mostra que a solução para os problemas da fome e da miséria, não está num milagre, mas na consciência coletiva e na corresponsabilidade solidária, construída pela comunhão entre todos. Ao se compadecer dos pobres e famintos, Jesus nos ensina que devemos ter compaixão e partilharmos com eles, o muito ou o pouco que temos, pois, Deus não abandona seus filhos, uma vez que nada e ninguém pode nos separar do amor de Deus por nós, manifestado em Cristo Jesus, nosso Senhor. Assim seja! Amém.

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