Irmãos e
irmãs.
Neste Santo Domingo Quaresmal, nesta caminhada para a Páscoa somos
chamados, mais uma vez, a repensar a nossa existência. O tema fundamental da
liturgia de hoje é a “conversão”. Com este tema enlaça-se o da “libertação”: o
Deus libertador propõe-nos a transformação em homem e mulheres novos, livres da
escravidão do egoísmo e do pecado, para que em nós se manifeste a vida em
plenitude, a vida de Deus.
A primeira leitura fala-nos do Deus que não suporta as injustiças e as arbitrariedades e que está sempre presente naqueles que lutam pela libertação. É esse Deus libertador que exige de nós uma luta permanente contra tudo aquilo que nos escraviza e que impede a manifestação da vida plena.
No texto que nos é proposto temos o relato da vocação de Moisés. O
contexto é o das manifestações de Deus; e Deus manifesta-Se para “comprometer”
Moisés, enviando-o em missão e fazendo dele o instrumento da libertação. Fica
claro que o chamamento de Moisés é uma iniciativa do Deus libertador, apostado
em salvar o seu Povo. Deus age na história humana através de homens de coração
generoso e disponível, que aceitam os seus desafios.
Moisés foi chamado por Deus e enviado por Ele em missão: “Eu sou (ou
serei) ‘aquele que sou’ (ou que serei)”. Este nome acentua a presença contínua
de Deus na vida do seu Povo, uma presença viva, ativa e dinâmica, no presente e
no futuro, como libertação e salvação.
A segunda leitura avisa-nos que o cumprimento de ritos externos e vazios
não é importante; o que é importante é a adesão verdadeira a Deus, a vontade de
aceitar a sua proposta de salvação e de viver com Ele numa comunhão íntima.
Assim, embora tenhamos recebido o batismo e participado da Eucaristia, não têm a salvação garantida: não bastam os ritos, não basta a letra. Apesar do cumprimento das regras, os sacramentos não são mágicos: não significam nada e não realizam nada se não houver uma adesão verdadeira à vontade de Deus. O fundamental, na vivência da fé é levar uma vida coerente com as exigências de Deus e viver em verdadeira comunhão com Deus.
Assim, embora tenhamos recebido o batismo e participado da Eucaristia, não têm a salvação garantida: não bastam os ritos, não basta a letra. Apesar do cumprimento das regras, os sacramentos não são mágicos: não significam nada e não realizam nada se não houver uma adesão verdadeira à vontade de Deus. O fundamental, na vivência da fé é levar uma vida coerente com as exigências de Deus e viver em verdadeira comunhão com Deus.
O Evangelho contém um convite a uma transformação radical da existência, a uma mudança de mentalidade, a um repensar a vida de forma que Deus e os seus valores passem a ser a nossa prioridade fundamental. Se isso não acontecer, diz Jesus, a nossa vida será cada vez mais controlada pelo egoísmo que leva à morte.
Na primeira parte do Evangelho, Jesus cita dois exemplos históricos - assassínio
de alguns patriotas judeus por Pilatos e a queda de uma torre perto da piscina
de Siloé. A conclusão que Jesus tira destes dois casos é bastante clara:
aqueles que morreram nestes desastres não eram piores do que os que
sobreviveram. Refuta, desta forma, a doutrina da retribuição, segundo a qual o
que era atingido por alguma desgraça era culpado por algum grave pecado. No
caso presente, esta doutrina levava à seguinte conclusão: “nós somos justos,
porque nos livramos da morte nas circunstâncias nomeadas”. Em contrapartida,
Jesus pensa que, diante de Deus, todos os homens precisam de se converter.
Na segunda parte, temos a parábola da figueira. Serve para ilustrar as
oportunidades que Deus concede para a conversão. O Antigo Testamento tinha
utilizado a figueira como símbolo de Israel, inclusive como símbolo da sua
falta de resposta à aliança. Deus espera, portanto, que o Povo - a figueira - dê
frutos, isto é, aceite converter-se à proposta de salvação que lhe é feita em
Jesus; dá-lhe, até, algum tempo e outra oportunidade, para que essa
transformação ocorra. Deus revela, portanto, a sua bondade e a sua paciência.
Quem
já não experimentou por entre os caminhos da vida, situações injustas, ingratas
e decepcionantes? Jesus procura convencer as pessoas, dizendo que não significa
dizer que, estas ou aquelas que são vítimas de determinados episódios
calamitosos sejam mais culpadas do que outras. O que a parábola quer
proporcionar é que as pessoas reflitam e decidam enveredar pelo processo da
conversão, para poder respirar e construir perspectivas de felicidade, vida
plena. Em Jesus, Deus sempre dá uma última chance.
Desta
forma, surge uma solução a partir do agricultor: ele vai remover a terra,
adubar e proporcionar mais luz, enquanto cuidará também da sombra, evitando
ainda que os insetos ataquem. Esses e outros são, portanto, os elementos
necessários para fazer a figueira poder oferecer os frutos necessários. O que
quer nos ensinar a parábola? A parábola é um convite para considerar esta
Quaresma como um tempo de graça, como um novo “ano precioso” que é concedido
para que a figueira produza frutos saborosos. Então, se ainda não decidimos
converter-nos, modificando nossos pensamentos, nossos projetos, nossas atitudes,
chegou a hora de fazê-lo. Unidos pela fé, na construção da história, de mãos
dadas e erguidas em prece, vivamos interagindo a fé com a vida - figueira que dê bons frutos. Assim seja! Amém!
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