Irmãos
e irmãos,
Este
Santo Domingo convida-nos à descoberta do Deus do amor, empenhado em conduzir-nos
a uma vida de comunhão com Deus e com os irmãos, agindo e promovendo a vida, de
modo singular, da Juventude – tema da Campanha Fraternidade 2013.
A
primeira leitura, a propósito da circuncisão dos israelitas, convida-nos à
conversão, princípio de vida nova na terra da felicidade, da liberdade e da
paz. Essa vida nova do homem renovado é um dom do Deus que nos ama e que nos
convoca para a felicidade.
A
questão central deste texto gira à volta da vida nova que começa para o Povo de
Deus. A Páscoa, celebrada nessa terra livre, marca o início dessa nova etapa.
Israel é, agora, um Povo novo, o Povo eleito, comprometido com Javé,
definitivamente livre da escravidão, que inicia uma vida nova nessa Terra de
Deus onde “corre o leite e o mel”.
A
segunda leitura convida-nos a acolher a oferta de amor que Deus nos faz através
de Jesus. Só reconciliados com Deus e com os irmãos podemos ser criaturas novas,
em quem se manifesta Novo homem e Nova mulher.
Deus
ofereceu-nos a reconciliação; aderir à proposta de Cristo é acolher a oferta de
reconciliação que Deus fez. Ser cristão implica, portanto, estar reconciliado
com Deus, isto é, aceitar viver com Ele uma relação autêntica de comunhão, de
intimidade, de amor e com homens e mulheres. Isto significa, na prática, ser
uma criatura nova, uma pessoa renovada.
É
desta reconciliação que Paulo se fez “embaixador” e arauto; e ao ser morto na
cruz pela Lei, Cristo mostrou como a Lei só produz morte, desqualificou-a e
afastou-nos dela, permitindo-nos o verdadeiro encontro com Deus; e pela cruz,
Jesus ensinou-nos o amor total, o amor que se dá, libertando-nos do egoísmo que
impede a reconciliação com Deus e com os irmãos.
O
Evangelho apresenta-nos o Deus/Pai que ama de forma gratuita, com um amor fiel
e eterno, apesar das escolhas erradas e da irresponsabilidade do filho rebelde.
E esse amor lá está, sempre à espera, sem condições, para acolher e abraçar o
filho que decide voltar. É um amor entendido na linha da misericórdia e não na
linha da justiça de homens e mulheres.
A
parábola apresenta-nos três personagens de referência: o pai, o filho mais novo
e o filho mais velho. A personagem central é o pai. Trata-se de uma figura
excepcional, que conjuga o respeito pelas decisões e pela liberdade dos filhos,
com um amor gratuito e sem limites. Esse amor manifesta-se na emoção com que
abraça o filho que volta, mesmo sem saber se esse filho mudou a sua atitude de
orgulho e de autossuficiência em relação ao pai e à casa. Trata-se de um amor
que permaneceu inalterado, apesar da rebeldia do filho; trata-se de um pai que
continuou a amar, apesar da ausência e da infidelidade do filho. A consequência
do amor do pai simboliza-se no “anel” que é símbolo da autoridade e nas
sandálias, que é o calçado do homem livre.
Depois,
vem o filho mais novo. É um filho ingrato, insolente e obstinado, que exige do
pai muito mais do que aquilo a que tem direito; ainda que a divisão das
propriedades pudesse fazer-se em vida do pai, os filhos não acediam à sua posse
senão depois da morte deste. Além disso, abandona a casa e o amor do pai e
dissipa os bens que o pai colocou à sua disposição. É uma imagem de egoísmo, de
orgulho, de autossuficiência, de frivolidade, de total irresponsabilidade.
Acaba, no entanto, por perceber o vazio, o sem sentido, o desespero dessa vida
de egoísmo e de autossuficiência e por ter a coragem de voltar ao encontro do
amor do pai – como filho pródigo.
Finalmente,
temos o filho mais velho. É o filho “certinho”, que sempre fez o que o pai
mandou, que cumpriu todas as regras e que nunca pensou em deixar esse espaço cômodo
e acolhedor que é a casa do pai. No entanto, a sua lógica é a lógica da
“justiça” e não a lógica da “misericórdia”. Ele acha que tem créditos
superiores aos do irmão e não compreende nem aceita que o pai queira exercer o
seu direito à misericórdia e acolha, feliz, o filho rebelde. É a imagem desses
fariseus e escribas que interpelaram Jesus: porque cumpriam à risca as
exigências da Lei, desprezavam os pecadores e achavam que essa devia ser também
a lógica de Deus.
A
“parábola do pai bondoso e misericordioso” pretende apresentar-nos a lógica de
Deus. Deus é o Pai bondoso, que respeita absolutamente a liberdade e as
decisões dos seus filhos, mesmo que eles usem essa liberdade para procurar a
felicidade em caminhos errados; e, aconteça o que acontecer, continua a amar e
a esperar ansiosamente o regresso dos filhos rebeldes. Quando os reencontra,
acolhe-os com amor e reintegra-os na sua família. Essa é a alegria de Deus. É
esse Deus de amor, de bondade, de misericórdia, que se alegra quando o filho
regressa que nós, às vezes filhos rebeldes, temos a certeza de encontrar quando
voltamos.
A
parábola pretende ser também um convite a deixarmo-nos arrastar por esta
dinâmica de amor no julgamento que fazemos dos nossos irmãos. Mais do que pela
“justiça”, que nos deixemos guiar pela misericórdia, na linha de Deus – Pai bondoso
e misericordioso. Assim seja! Amém.
Que lindo... engraçado que domingo passado, na formação o Pe. fez essas revelações sobre a parábola.
ResponderExcluirParabéns mais uma vez.
Beijos!