Irmãos e irmãs,
Este Santo Domingo
convida-nos a
contemplar o amor de Deus, manifestado na pessoa, nos gestos, nas palavras de
Jesus e em sua ação concreta de evangelização na vida do povo por Sua ação e dos
discípulos de Jesus.
A primeira leitura revela-nos que a salvação
oferecida por Deus através de Jesus Cristo, e levada ao mundo pelos discípulos,
se destina a todos os homens e mulheres, sem exceção e distinção de pessoas ou
povos. Desta forma, a ação dos discípulos é testemunhar ao mundo inteiro a
dimensão salvífica da ação de Jesus. É este o anúncio que Jesus encarregou aos
seus discípulos de ontem e os de hoje. Portanto, o anúncio sobre Jesus deve chegar
a todos os cantos da terra. Para Deus, o que é importante é a disponibilidade
para acolher a oferta que Ele faz, não importando a classe ou grupo social.
Com isso, o anúncio feito por Pedro, há a efusão do
Espírito “sobre quantos ouviam a Palavra”, sem distinção. E o resultado é a
vinda do Espírito Santo, que tal como em Pentecostes, veio, contudo, mostrar
que a salvação oferecida por Deus, trazida por Cristo e testemunhada pelos
discípulos é um dom oferecido a todos os homens e mulheres que têm o coração
aberto às propostas de Deus.
Na segunda leitura, temos uma das mais profundas e
completas definições de Deus: “Deus é amor”. A vinda de Jesus ao encontro dos
homens e a sua morte na cruz revelam a grandeza do amor de Deus pelos homens.
Ser “filho de Deus” e “conhecer a Deus” é deixar-se envolver por este dinamismo
de amor e amar os irmãos. Assim, Jesus
Cristo, o Filho, cumprindo o plano do Pai, mostrou em gestos concretos,
visíveis, palpáveis, o amor de Deus pelos homens, sobretudo pelos mais pobres,
excluídos e marginalizados.
O amor de Deus é um amor incondicional, gratuito,
desinteressado, que não exige nada em troca. Todavia, se Deus é amor, o amor
deve ser uma realidade sempre presente na vida dos “filhos de Deus”. Quem
“conhece” Deus, quem vive numa relação próxima e íntima com Deus, amando aos
irmãos com o mesmo amor incondicional, desinteressado e gratuito que caracteriza
o ser de Deus. Ser “filho de Deus” e viver em comunhão com Deus exige que o
amor transpareça nos gestos de todos os dias e nas relações que estabelecemos
uns com os outros.
No Evangelho, Jesus revela-nos os princípios que os
discípulos devem percorrer, ao longo de sua caminhada, após a partida de Jesus
deste mundo. Então, João propõe-nos uma ‘catequese’
onde são apresentados estes princípios.
Neste aspecto, a relação do Pai com Jesus é o
modelo da relação de Jesus com os discípulos. O Pai amou Jesus e demonstrou-Lhe
sempre o seu amor; e Jesus correspondeu ao amor do Pai, cumprindo os seus
mandamentos. Da mesma forma, Jesus amou os discípulos e demonstrou-lhes sempre
o seu amor; e os discípulos devem corresponder ao amor de Jesus, cumprindo os
seus mandamentos. Jesus cumpriu com total fidelidade e obediência o projeto de
salvação que Deus tinha para o povo e que confio a Ele; ensinou os homens a viver
no amor, que se faz serviço, doação, um caminho de liberdade e de vida plena.
Os discípulos são o fruto da obra de Jesus nasceram
do amor do Pai, amor que se fez presente na ação, nos gestos, nas palavras de
Jesus. Portanto, devem cumprir os “mandamentos” de Jesus, como Jesus cumpriu os
“mandamentos” do Pai; sendo testemunhas da salvação de Deus e levar a
libertação aos irmãos. Essa proposta que Jesus faz aos discípulos é uma
proposta que conduz à vida, à realização plena, à alegria. Desse amor nasce a
comunidade do Reino, a comunidade do mundo novo, que testemunha, através do
amor, a salvação de Deus. Deus faz-Se presente no mundo e age para libertar os
homens através desse amor desinteressado, gratuito, total, que tem a marca de
Jesus e que os discípulos são chamados a testemunhar.
E a relação que Jesus tem com os
membros dessa comunidade não é uma relação de “senhor” e de “servos”, mas uma
relação de “amigos”, pois, o amor colocou Jesus e os discípulos ao mesmo nível.
Os discípulos são os “amigos” a quem Jesus revelou o amor do Pai; que
voluntariamente e cheios de alegria e entusiasmo, colaboram na tarefa de
evangelização, a sua missão é testemunhar o amor de Deus no meio dos homens.
Através desse testemunho, concretiza-se o projeto salvador de Deus e nasce o
novo homem e nova mulher.
Jesus quer constituir uma
comunidade que vá ao encontro do mundo, que continue a sua obra, que testemunhe
o amor, que leve a todos os povos o projeto libertador e salvador de Deus, que deve
permanecer e tornar-se uma realidade efetivamente presente no mundo, capaz de
transformar o mundo e a vida de homens e mulheres. O amor partilhado é a
condição para estar vinculado a Jesus e produzir muitos frutos, vida em
abundância. Se este mandamento se cumpre, Jesus estará sempre presente ao lado dos
seus discípulos, impulsionando a comunidade e sustentando-o em sua atividade em
favor da concretização do projeto Salvador do Pai. Que Maria, modelo de mãe, neste dia dedicado às mães, fortaleça-nos na missão e amar. É o amor do Pai, no amor do
irmão. Eis a identidade do cristão! Assim seja! Amém.
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