domingo, 15 de abril de 2012

Meu Senhor e meu Deus...Eu creio, mas aumentai minha fé



Irmãos e irmãs,
Somos convidados neste Santo Domingo a reconhecer a comunidade de homens e mulheres que nascem da cruz e da ressurreição de Jesus: a Igreja. E a sua missão consiste em revelar aos povos a vida nova que brota da ressurreição.


Na primeira leitura dos Atos dos Apóstolos, temos uma “imagem” das primeiras comunidades cristãs, com os traços da comunidade ideal: formada por pessoas diversas, mas que vivem a mesma fé num só coração e numa só alma; é uma comunidade que manifesta o seu amor fraterno em gestos concretos de partilha e de dom e que, dessa forma, testemunha Jesus ressuscitado. Para todos os membros da comunidade, o Senhor Jesus Cristo é a referência fundamental, que a todos une num projeto comum. Desta adesão a Jesus resulta, a comunhão e a união de todos os “irmãos” da comunidade, ajudando-se mutuamente, partilhando os mesmos valores e os mesmos ideais, formando uma verdadeira família de irmãos que vivem no amor, partilhando os bens, colocando em comum, a serviço da vida.
Então, a primitiva comunidade cristã, nascida do dom de Jesus e do Espírito, é verdadeiramente uma comunidade de homens e mulheres novos, que dá testemunho da salvação e que anuncia a vida plena e definitiva. A fé dos discípulos, a união da comunidade, auto-suficiência, vivência no amor, na partilha, no dom. Viver de acordo com os valores de Jesus é a melhor forma de anunciar e de testemunhar que Jesus está vivo.

A segunda leitura recorda-nos os critérios que definem a vida cristã autêntica: o verdadeiro crente é aquele que ama Deus, que adere a Jesus Cristo e à proposta de salvação que, através d’Ele, o Pai faz aos homens e que vive no amor aos irmãos. Quem vive desta forma, vence o mundo e passa a integrar a família de Deus.
Os verdadeiros crentes são aqueles que amam a Deus e que amam, também, Jesus Cristo, o Filho que nasceu de Deus. Amar a Deus significa cumprir os seus mandamentos. Quando amamos alguém, procuramos realizar obras que agradem àquele a quem amamos… Não se pode dizer que se ama a Deus se não se cumprem os seus mandamentos… E o mandamento de Deus é que amemos os nossos irmãos. Todo aquele que se considera filho de Deus e que pertence à família de Deus deve amar os irmãos que são membros da mesma família. Quem não ama os irmãos, não pode pretender amar a Deus e fazer parte da família de Deus. Assim, amar Deus, amar Jesus e amar os irmãos significa construir a própria vida numa dinâmica de amor.
Esta vida nova que permite aos crentes vencer o mundo é oferecida aos homens através de Jesus Cristo. A vida nova que Jesus veio oferecer chega aos homens pela “água do batismo”, isto é, pela adesão a Cristo e à sua proposta e pelo “sangue”. E o Espírito Santo atesta a validade e a verdade dessa proposta trazida por Jesus Cristo, por mandato de Deus Pai. Quando o homem responde positivamente ao desafio que Deus lhe faz através do batismo, oferece a sua vida como um dom de amor para os irmãos, a exemplo de Cristo e cumpre os mandamentos de Deus, vence o mundo, torna-se filho de Deus e membro da família de Deus.

No Evangelho, revela-nos a ideia de que Jesus vivo e ressuscitado é o centro da comunidade cristã; é à volta d’Ele que a comunidade se estrutura e é d’Ele que ela recebe a vida que a anima e que lhe permite enfrentar as dificuldades e as perseguições. Assim, é na vida da comunidade, na sua liturgia, no seu amor, no seu testemunho que homens e mulheres encontram as provas de que Jesus está vivo. A comunidade está reunida à volta dele, pois, Ele é o centro onde todos vão beber essa vida que lhes permite vencer o “medo” e a hostilidade do mundo. Portanto, ao aparecer “no meio deles”, Jesus assume-Se como ponto de referência, fator de unidade, videira à volta da qual se enxertam os ramos.
A esta comunidade fechada, com medo, mergulhada nas trevas de um mundo hostil, Jesus transmite duplamente a paz, no sentido de harmonia, serenidade, tranqüilidade, confiança, vida plena. Depois Jesus revela a sua “identidade”: nas mãos e no lado, estão os sinais do seu amor e da sua entrega. São nesses sinais de amor e de doação que a comunidade reconhece Jesus vivo e presente no seu meio. A permanência desses “sinais” indica a permanência do amor de Jesus, Ele será sempre o Messias que ama e do qual brotarão a água e o sangue que constituem e alimentam a comunidade.
Posteriormente, Jesus “soprou” sobre os discípulos reunidos à sua volta, com este “sopro”, Jesus transmite aos discípulos a vida nova que fará deles homens novos. Agora, os discípulos possuem o Espírito, a vida de Deus, para poderem – como Jesus – dar-se generosamente aos outros. É este Espírito que constitui e anima a comunidade de Jesus.
Na segunda aparição aos discípulos, vivemos uma experiência de fé em Cristo ressuscitado, fazendo a experiência da fé em Cristo vivo e ressuscitado na comunidade dos crentes, que é o lugar natural onde se manifesta e irradia o amor de Jesus. Desta forma, Tomé representa aqueles que vivem fechados em si próprios, que não faz caso do testemunho da comunidade, nem percebe os sinais de vida nova que nela se manifestam, está voltado ainda para a Cruz. Em lugar de integrar-se e participar da mesma experiência, pretende obter apenas para si próprio uma demonstração particular de Deus. No entanto, Tomé acaba por fazer a experiência de Cristo vivo no interior da comunidade, pois, no “dia do Senhor” volta a estar com a sua comunidade, referência ao dia em que a comunidade é convocada para celebrar a Eucaristia: é no encontro com o amor fraterno, com o perdão dos irmãos, com a Palavra proclamada, com o pão de Jesus partilhado, que se descobre Jesus ressuscitado.
Neste Santo Domingo da Divina Misericórdia, a comunidade de ontem e de hoje ama Jesus, o Senhor Ressuscitado; crê e sabe que ele está realmente presente, ainda que os olhos não o vejam e as mãos não o toquem. A dúvida e a incredulidade de Tomé são símbolos de nossas dúvidas e incredulidades. Porém, junto com a incredulidade de Tomé vem a sua linda profissão de fé: "MEU SENHOR E MEU DEUS". Esta deve ser a nossa profissão de fé nesta Páscoa: "MEU SENHOR E MEU DEUS, EU CREIO, MAS AUMENTAI A MINHA FÉ!". Assim seja! Amém.

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