domingo, 22 de abril de 2012

Experiência do encontro com Jesus ressuscitado


Neste Santo Domingo, o Senhor se manifesta ressuscitado na fração do pão. Ele vem ao nosso encontro, caminha conosco, instrui-nos por sua palavra e se dá a conhecer na fração do pão. Assim, celebremos a páscoa de Jesus Cristo que se manifesta em todas as pessoas e grupos que promovem a partilha e ajudam a criar laços de comunhão.

A primeira leitura dos Atos dos Apóstolos apresenta-nos, o testemunho dos discípulos sobre Jesus. Depois de terem mostrado, em gestos concretos, que Jesus está vivo e continua a oferecer aos homens a salvação, Pedro convida os seus interlocutores a acolherem a proposta de vida que Jesus lhes faz. Então, a ação dos apóstolos aparece como continuidade da ação de Jesus. Desta forma, Pedro representa o testemunho da primitiva comunidade de Jerusalém, convidada a testemunhar a missão de Jesus e em apresentar aos homens o projeto salvador de Deus para a remissão dos pecados. As palavras e os gestos das "testemunhas" de Jesus mostram como o mundo muda quando a salvação chega e como passa de uma situação de escravidão para ser um povo livre.

Na segunda leitura, João lembra que o cristão, depois de encontrar Jesus e de aceitar a vida que Ele oferece, tem de viver de forma coerente com o compromisso que assumiu. A realidade humana é de pecado, por isso, se assim não fosse Deus não teria a necessidade de enviar ao mundo o seu Filho com uma proposta de conversão e salvação, se o pecado não fosse uma realidade universal. A conversão à prática da justiça leva à construção de um mundo de paz, liberto do pecado, assumido por Deus. A conversão à justiça é a prática do mandamento do amor. Desta forma, é preciso ser coerente, que deve manifestar-se no reconhecimento da debilidade e da fragilidade que fazem parte da realidade humana e num esforço de fidelidade aos mandamentos de Deus.

No Evangelho, Lucas relata um episódio que situa em Jerusalém, pouco depois da ressurreição. Os dois discípulos retornam a Jerusalém para contar o que havia acontecido no caminho, e comunicam aos apóstolos reunidos o reconhecimento de Jesus na partilha do pão. Quando estão falando, o próprio Jesus aparece no meio deles. E mesmos ouvindo o depoimento dos discípulos de Emaús e vendo Jesus aparecer diante deles, ficaram assustados e cheios de medo. Jesus falou com eles, mostrou as mãos e os pés, deixou-se tocar, ainda assim não acreditaram, a ponto do próprio Senhor lhes censurar porque estavam preocupados e tinham dúvidas no coração. O ambiente ainda de perturbação e dúvida. A comunidade sente-se desamparada e insegura. Há medo e insegurança, pois, os discípulos ainda não fizeram a experiência de encontro com Cristo ressuscitado.
A narrativa reafirma a comunicação da paz, da realidade corpórea do ressuscitado e o testemunho missionário. Assim, as comunidades de discípulos devem viver na paz, conscientes da presença de Jesus. E esta paz só pode ser encontrada em Jesus, que tem a vida eterna e a comunica a todos. A vida eterna, ultrapassada a condição temporal, como ressuscitados, envolve a totalidade da pessoa, corpo e alma. O encontro com Jesus é o encontro com a paz. É a paz em plenitude, a paz da participação da vida eterna do Pai, que Jesus traz a todos.
Desta forma, os discípulos descobrem, progressivamente, Jesus vivo e ressuscitado; e após esse "encontro", os discípulos são convidados a dar testemunho de Jesus diante dos outros homens e mulheres. Reconhece assim para os cristãos de todas as épocas que Cristo continua vivo e presente, acompanhando a sua Igreja, e que os discípulos, reunidos em comunidade, podem fazer uma experiência de encontro verdadeiro com Jesus ressuscitado.
Então, podemos perguntar: como é que podemos fazer uma experiência de encontro com Jesus ressuscitado? Como é que podemos mostrar ao mundo que Jesus está vivo e continua a oferecer aos homens a salvação?
Neste sentido, Lucas assegura-nos que Jesus está vivo e continua a ser o centro, à volta do qual se constrói a comunidade dos discípulos. É o Jesus que partilhou o pão com o povo, que trouxe paz a todos e que continua presente na comunidade. E pelo amor se entra em comunhão com Deus em sua vida eterna. Tocados pela graça da eucaristia, conseguimos superar os limites na nossa relação com o próximo. Isso se chama santidade de vida, que permite o entrelaçamento em nós, do humano e divino, aquele que é santo, aceita participar da nossa vida.
É precisamente nesse contexto de encontro comunitário, no diálogo com os irmãos que partilham a mesma fé, na escuta comunitária da Palavra de Deus, no amor partilhado em gestos de fraternidade e de serviço, que os discípulos de hoje podem fazer a experiência do encontro com Jesus ressuscitado. Pois, o Senhor se manifesta vivo, aquece o nosso coração com sua Palavra, partilha conosco o pão da vida e, abrindo os nossos olhos, anima-nos, enviando-nos como testemunhas da vida nova. Assim seja! Amém.

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