domingo, 5 de fevereiro de 2012

Jesus que nos acolhe...



Irmãos e irmãs,
Neste Santo Domingo recebemos o convite de refletirmos sobre o sentido do sofrimento e a dor que acompanham nossa caminhada e marcam a nossa existência. Assim, somos chamados a garantir o projeto de Deus, que em sua ação evangelizadora, é um projeto de vida verdadeira, de felicidade sem fim, em Cristo Jesus, mestre maior.

Na primeira leitura, para mostrar como a vida às vezes é dura e triste, Jó utiliza três exemplos de vida: do soldado, condenado a uma existência de luta, de risco e de sujeição; do escravo, condenado a uma vida de trabalho, de tortura e de maus tratos; do trabalhador assalariado, condenado a trabalhar duramente de sol a sol. Apesar, destes exemplos de sofrimento, amargura e desilusão, Jó dirige-se a Deus, pois, sabe que Deus é a sua única esperança e que fora d’Ele não há possibilidade de salvação.
A oração de Jó está carregada de amargura e brota de um coração dolorido, mas que carrega o grito do crente que sabe que só em Deus pode encontrar a esperança e o sentido para a sua existência. Jó nos ensina reconhecer a fragilidade da vida e nos ensina a confiar na fidelidade de Deus.

Na segunda leitura, Paulo mostra-nos a obrigação que os discípulos de Jesus assumiram no sentido de testemunhar diante de todos os homens a proposta libertadora de Jesus. Em sua ação e no seu testemunho, os discípulos de Jesus não podem ser guiados por interesses pessoais, mas sim pelo amor a Deus, ao Evangelho e aos irmãos. Então, Paulo afirma que o anúncio do Evangelho não é, para ele, um título de glória, mas uma obrigação que lhe foi imposta. A partir do momento em que encontrou Cristo e escutou o seu desafio, Paulo foi convocado para evangelizar. Ele apaixonou-se por Cristo, pelo seu projeto de libertação em favor de todos os homens; e essa “paixão” obriga-o a dar testemunho da Boa Nova de Jesus.
Quando alguém encontra Cristo e se torna discípulo, não pode ficar parado, mas tem de dar testemunho… A expressão “ai de mim se não anunciar o Evangelho” traduz o que Paulo sente e que brota do seu amor a Cristo, ao Evangelho e aos homens. Por amor, ele renunciou aos seus direitos e fez-se “servo de todos”; por amor, ele renunciou aos seus próprios interesses e perspectivas pessoais e identificou-se com os fracos, fez-se “tudo para todos”. O que é fundamental, o que é decisivo, o que é absoluto na vida de Paulo é o amor. Este princípio deve orientar e fundamentar todas as opções e comportamentos dos cristãos.

No Evangelho, Marcos revela-nos a eterna preocupação de Deus com a felicidade dos seus filhos. Dessa forma, na ação libertadora de Jesus em favor dos homens, começa a manifestar-se esse mundo novo sem sofrimento, sem opressão, sem exclusão que Deus sonhou para os homens.
Os “milagres” de Jesus não devem serem encarados como gestos espetaculares, destinados a impressionar as multidões, mas como “sinais do Reino”. São gestos que anunciam mundo novo, sem exclusão, onde todos – e de uma forma especial os pobres e marginalizados – têm a possibilidade de ser felizes. Anunciam ainda que Deus quer criar um mundo novo, de novo homem e nova mulher, vivendo a plenitude da vida e da felicidade. É isso que Jesus veio fazer, e é essa a missão que os discípulos de Jesus devem procurar concretizar na terra.
Portanto, Jesus atua no sentido de tornar o “reino” uma realidade presente no meio dos homens. A missão de Jesus consiste em oferecer aos homens a vida nova, a vida definitiva. Jesus toma a iniciativa, pois, a missão que recebeu do Pai consiste em realizar a libertação do homem de tudo aquilo que o faz sofrer e lhe rouba a vida. E o contato com Jesus tem um efeito imediato, a partir da experiência da vida que brota d’Ele, é atividade que se concretiza no serviço dos irmãos.
Dessa forma, o evangelista convida-nos a ver em Jesus Aquele que tem poder para libertar o homem das suas misérias mais profundas e para lhe oferecer uma vida nova, uma vida livre e feliz. Jesus aproxima-Se dos homens, liberta-os do sofrimento que escraviza e aliena, dá-lhes vida definitiva e capacita-os para o serviço dos irmãos. A multidão que se reúne “à porta” da casa de Pedro representa, provavelmente, essa humanidade que busca a libertação e a vida verdadeira e que, dia a dia, olha ansiosamente para a “casa de Pedro”, que simboliza a Igreja, à procura de Jesus e da sua proposta libertadora.
No contexto seguinte, Marcos apresenta-nos Jesus retirado num lugar solitário, em oração, que faz parte do ministério de Jesus. A oração é, para Jesus, o cume e a fonte da ação. A oração aparece como condição para o surgimento do “Reino”. É na oração que Jesus encontra a motivação para centrar-se em Deus e nos seus projetos. O encontro com Deus é ponto de partida para o compromisso com a transformação do mundo. O encontro pessoal com Deus significa um tempo na atividade e um momento de tomada de consciência daquilo que Deus quer e do compromisso que Deus pede aos seus enviados.
Do encontro de Jesus com o Pai, brota uma vontade renovada de concretizar o projeto de Deus e de atuar no meio dos homens a fim de lhes oferecer a libertação e a vida definitiva. E esta ação de Jesus tem de ser continuada pelos seus discípulos, a fim de que todos se convertam e creiam, acolhendo a todos, para fazê-los participar da vida recebida do Pai, partilhando com a humanidade. Que o Senhor Jesus, nos dê a vida em plenitude, acolhe a cada um, para o Reino acontecer na existência de nossa vida e dos irmãos e irmãs de caminhada. Assim seja! Amém.

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