Estamos a caminho...

Irmãos e irmãs,

Neste Santo Domingo do Advento, há uma exultação de imensa alegria, porque aquele que esperamos em nosso meio, vem para endireitar nossos caminhos e para nos conduzir à festa do seu Natal, num grande sinal da sua manifestação no meio dos pobres. Alegremo-nos com o Cristo que vem nos salvar e fortalecer nossos corações e nossas comunidades!

Na primeira leitura, o profeta Isaías apresenta-se ao povo como uma “boa nova” de Deus. A missão deste “profeta”, ungido pelo Espírito, é anunciar um tempo novo, de vida plena e de felicidade sem fim, um tempo de salvação que Deus vai oferecer aos ao povo escolhido por Deus. O profeta é enviado por Deus e sua missão tem a ver com o serviço da Palavra, anunciar o evangelho, a boa notícia, curar os corações feridos, em proclamar a libertação aos prisioneiros, em promulgar “o ano da graça do Senhor”. A missão do profeta é anunciar um tempo novo, de vida plena e de felicidade sem fim, um tempo de salvação que Deus vai oferecer aos pobres, trazendo a vida e a fecundidade que resultarão da ação salvadora e libertadora de Deus.

Paulo na segunda leitura explica aos cristãos da comunidade Tessalônica a atitude que é preciso assumir enquanto se espera o Senhor que vem… Paulo pede-lhes que seja uma comunidade “santa” e irrepreensível, isto é, que vivam alegres, em atitude de louvor e de adoração, abertos aos dons do Espírito e aos desafios de Deus. Assim, como é que os cristãos devem, então, viver esse tempo de espera do Senhor?

Paulo apresenta-nos sugestões úteis para a vida cristã e para a construção da comunidade, conclama a comunidade a viver alegre, em intensa oração, dando graças a Deus, abrindo o coração ao Espírito e aos seus dons. Enfatiza ainda que uma comunidade construída de acordo com estes princípios – que vive a sua existência histórica com alegria e serenidade, que louva o seu Senhor e que está permanentemente atenta para discernir e aceitar os dons do Espírito – é uma comunidade santa, preparada para acolher, em qualquer momento, o Senhor que vem.

O Evangelho de São João revela-nos João Baptista, a voz que prepara os homens para acolher Jesus, a “conhecer” Jesus, a luz do mundo, aquele que o Pai enviou com uma proposta de vida definitiva e de liberdade plena para os homens. A missão de João é dar testemunho da luz, representando a realidade que vem de Deus e com a qual Deus se propõe construir para os homens um mundo novo de vida definitiva e de felicidade total. João não atua por sua própria iniciativa, mas em resposta à escolha divina e para concretizar uma missão que Deus lhe confiou. Assim, o principal nesta história é, naturalmente, Deus: é Ele que escolhe o homem e o envia ao mundo com uma missão concreta. João é a testemunha que vem preparar o povo para acolher esse que vai chegar e que será a vida, Jesus. Assim, João não aceita que lhe atribuam nenhuma função que possa centrar a atenção na sua própria pessoa.

É dentro deste contexto que compreendemos a resposta de João, quando os seus interlocutores o convidam a definir-se: “eu sou uma voz”. É isso que João é: uma “voz” através da qual Deus passa aos homens e mulheres uma mensagem. É à mensagem e não à “voz” que os homens devem dar atenção. Então, João vai apontando para “aquele” que vem e a quem João não é digno “de desatar as correias das sandálias”. Esse é que é “a luz” que vai libertar o povo. É o batismo do Messias, com o Espírito, que transformará totalmente os corações, os fará livres e lhes dará a vida definitiva. Esse que vem batizar no Espírito já está presente, a fim de iniciar a sua obra libertadora. Procurai conhecê-lo, escutá-lo e acolher a sua proposta de vida e de libertação. Que nossa espera em Cristo, seja abençoada e iluminada por João Batista, vocacionado para orientar e guiar o povo nos caminhos do Senhor. Com fé e esperança, confiantes no Cristo que liberta e nos santifica na espera possamos afirmar: “Lâmpada para os meus pés é a Tua palavra e luz para os meus caminhos”. Assim seja! Amém.