domingo, 28 de agosto de 2011

Aceitação de Jesus: perder-se para viver




Irmãos e irmãs,
Neste Santo Domingo, alegremo-nos com Cristo que nos anima para a caminhada rumo ao Pai. Ele mesmo nos adverte que é preciso carregar nossa cruz e segui-lo, mas, quando vier na glória do Pai, toda conduta será retribuída conforme a conduta de cada um. Nesta alegria, acolhamos, de modo especial, nossos catequistas, homenageados hoje em todo o Brasil.

A primeira leitura mostra que o caminho de Jesus e dos cristãos incomoda porque é marcado pela denúncia profética e a constante perseguição. Assim, seduzidos pelo chamado de Jesus, empenhamos em renovar as estruturas deste mundo conformando-o a tudo que é bom, justo, e agradável a Deus. Nesse sentido, na segunda leitura, Paulo alerta pela necessidade do não conformismo diante das injustiças em busca de transformações que visem a incrementar o projeto de Deus.

No evangelho, Mateus mostra-nos Jesus falando aos discípulos sobre as provações que o aguardam em Jerusalém. Ë o chamado “anúncio da Paixão”, tendo dois sentidos. Na perspectiva messiânica é o sofrimento necessário redentor, de acordo com a tradição do Primeiro Testamento. Pode significar também a comum prática repressora dos poderosos deste mundo que não toleram e procuram destruir todo aquele que promove a libertação do povo oprimido, tal como foi Jesus em toda sua vida. Então, Pedro, ao identificar Jesus com o Cristo, tinha uma revelação de Deus, era proclamado como pedra da Igreja, a as portas do inferno não prevaleceriam sobre ela. Agora, ao rejeitar o confronto de Jesus em Jerusalém, não tem a compreensão das coisas de Deus, é pedra de tropeço, satanás.

Jesus a caminho de Jerusalém, anuncia a sua paixão, a sua morte e ressurreição! Pedro repreende Jesus, dizendo-lhe, que nada! E Jesus diz a Pedro que está fazendo o papel do diabo, afastando-o de Deus e de fazer a vontade de Deus e em seguida faz aos apóstolos o convite de segui-lo, o que acarretará a renuncia a si mesmo, tomar a cruz, que lhes garantirá a vida eterna. Israel rejeitou Jesus, e só resta a Cristo este caminho: É necessário sofrer – sofrer - ressuscitar. Pedro em sua pretensão de impedir-lhe o caminho, torna-se para ele um obstáculo e é repelido como satanás, seguir então Cristo tem conseqüências, viver em si o sacrifício de Cristo, para salvar a própria vida.
Eis o paradoxo cristão: Perder-se para viver. As palavras de Jesus nos colocam diante de dois modos diferentes de conceber a vida: Um, que pensa conforme a “carne e o sangue”, e o outro que vê as coisas e os acontecimentos com os olhos de Deus... há quem espere a salvação do sucesso terreno, das coisas de “ganhar o mundo inteiro” e por isso vai organizar sua vida e sua atividade neste sentido. Há quem espere a salvação das mãos de Deus e a Ele se entrega totalmente, vivendo na fidelidade à sua palavra e seu chamado, embora aos olhos do mundo esteja “perdendo sua vida” e indo ao encontro do fracasso.
Portanto, é fundamental combater o comodismo, a nossa falta de vontade de conversão! Não podemos esvaziar-nos de nossa radicalidade, reduzi-la a palavreado, slogans. A consciência desse caminho ajuda a vencer os desafios e a arriscar. A memória dos cristãos autênticos – dentro ou fora da comunidade – que arriscaram e “perderam” a vida poderá redimensionar a caminhada do povo de Deus no esforço contínuo de implantar no mundo a justiça do Reino. E ajudará também a perceber as pedras de tropeço e os descompromissados que impedem a caminhada da comunidade.
Jesus convida-nos a consagrarem sua vida à causa da justiça e da vida. Seguir Jesus Cristo é assumir um compromisso. Exige-se a totalidade. Uma unidade interna e externa, uma aceitação total de Jesus Cristo: perder-se para viver. Assim seja! Amém.

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