sábado, 7 de maio de 2011

Emaús com Jesus: pão que se reparte




Queridos irmãos e irmãs,
Neste Domingo Santo, o Senhor caminha conosco, instrui-nos por sua Palavra e se dá a conhecer na fração do pão. Assim, vamos nos unir as pessoas e grupos que promovem a partilha, ajudando a criar laços de comunhão, caminhando com Cristo Ressuscitado.

Estimados irmãos e irmãs,
Os atos dos Apóstolos neste trecho nos mostra Pedro falando, testemunhando ao povo, recordando a vida de Jesus, aquele que foi crucificado pelas mãos dos ímpios. Jesus, fonte de vida e misericórdia, que realizou diversos feitos e prodígios, testemunha e realização divina-humana do amor do Pai à humanidade.

Irmãos e irmãs,
Na segunda leitura, Pedro revela-nos a verdadeira maneira de viver, ancorada e fundamentada na vida de Cristo em nossas vidas. Jesus com seu sangue precioso nos cumula da glória do peregrino, que aspira às coisas do céu, sem se preocupar com os bens da terra, perecíveis. Assim, a fé em Cristo, princípio de vida plena, que manifesta seu amor por nós, em vida e ressurreição, torna-se esperança viva, fixa, serena, com fé no Deus de Amor.

Caríssimos irmãos e irmãs,
O Evangelho de hoje apresenta uma linda cena, inspiradora, profética, missionária, evnagelizadora: Jesus ressuscitado com os discípulos a caminho do povoado de Emaús, os dois cabisbaixos, tristes e derrotados deixavam Jerusalém após a Paixão. Eram dois: Cleopas e provavelmente sua esposa, Maria, aquela que estava ao pé da cruz com Maria, a Mãe de Jesus, e com Maria Madalena.

É uma caminhada triste, dolorosa, recorda o caminho feito por Jesus até o Calvário, onde o Mestre foi crucificado e morto, ainda sem compreender o que havia acontecido. Até que durante esta caminhada, alguém acompanha seus passos e caminha junto com os dois discípulos, ouve suas angústias e desalento. Jesus aproxima-se e encarrega-se, num primeiro momento, de aquecer-lhes o interior e o coração; e o faz explicando-lhes as Escrituras. O caminhante ajuda-os a refletir, recordando as Escrituras e o que haviam profetizado sobre o Messias. Os fatos vão sempre compreendidos, tendo novo significado, à luz da Palavra. Os olhos dos discípulos de Emaús passam a ver, quando Jesus senta-se à mesa com eles e parte o pão.
A Palavra e a Eucaristia são dois momentos singulares em que Jesus Ressuscitado se manifesta e é percebido pelos que crêem. Estamos cansados do caminho, mas na fração do pão tu nos conforta para anunciar a nossos irmãos que na verdade tu tens ressuscitado e que nos tem dado a missão de ser testemunhas de tua ressurreição. Fica conosco, Senhor: para acompanhar-nos, ainda que nem sempre saibamos reconhecer-te; porque ao redor de nós, as mais densas sombras vão se fazendo, e Tu és a Luz; quando em nossos corações se insinua a falta de esperança, e Jesus faz arder com a certeza da Páscoa.

Irmãos e irmãs,
A Santa Igreja usa esta pedagogia relatada no texto de Lucas todos os domingos, porque a cada domingo reúne seus fiéis, lhes expõe a Palavra de Deus que é alimento, que é catequese, que é recebida na docilidade da fé e é capaz não apenas de aquecer o coração, mas de transformá-lo e torná-lo apto à vida em Jesus Cristo. Se os nossos corações não se aquecem, se para nós religião, Cristianismo, Evangelho, Vida em Cristo, contato com Deus e intimidade divina não nos dizem muito, ou nos deixam simplesmente insensíveis, é porque falta a docilidade, o apelo ao Espírito Santo e sobretudo um maior empenho e esforço em nos aplicar à Palavra de Deus que, pouco a pouco, transforma um coração insensível, um coração sem afeto, em um coração fervoroso para Deus.
Na Eucaristia, este texto repete-se conosco a cada domingo: os dois reconheceram finalmente Jesus dentro da casa, na intimidade do lar e na fração do pão. Somos chamados à Igreja, em assembléia, a nos unir com nossos irmãos na fé, a ouvir a Palavra e receber o Corpo imolado, o Sangue derramado de Cristo. E como fruto deste momento celebrativo deveríamos sair com o coração incendiado por Cristo Ressuscitado. Quando isso não acontece, alguma coisa está errada. Há algo errado: na celebração litúrgica, em sua presidência, no modo de participação por parte dos fiéis leigos e/ou nos sentimentos internos do nosso coração. Nesse sentido, podemos perguntar-nos: Em que direção estamos caminhando: Jerusalém ou Emaús? A partilha da Palavra e da Eucaristia nos levam a gestos concretos de partilha, fraternidade e solidariedade?
Neste mês Mariano, a exemplo de Maria, trabalhadora na colheita do Reino, ativa no movimento dos pobres, tal qual Jesus, vivamos na comunhão dos santos que nos precede marcada com o sinal da fé. Jesus, Verdade reveladora do Pai, ilumina-nos com tua Palavra; ajuda-nos a sentir a beleza de crer em ti. Ave Maria, rogai por nós! E como os discípulos de Emaús, reconheçamos Cristo, pão da vida que se reparte na caminhada e digamos: “fica conosco, Senhor! É tarde e a noite já vem! Fica conosco Senhor! Somos teus seguidores também”. Assim seja! Amém.


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