sábado, 26 de março de 2011

Jesus: água de vida nova


Irmãos e irmãs,
Celebrando a Páscoa de Jesus Cristo que acontece em todas as pessoas que se abrem ao Dom de Deus e ansiosamente deseja a plena realização do seu reino. Junto com a samaritana, fazemos a experiência de um diálogo e encontro com o senhor.

Queridos irmãos e irmãs,
No Êxodo as dificuldades fazem o povo ficar em dúvida: será que Deus libertador o está acompanhando no caminho para a vida?
O povo considerou como Dom de Deus a água que brotou da rocha no deserto. Assim nos mostra que Deus não permite que essa sede continue sufocando a vida das pessoas. A rocha, Javé – Cristo no meio do povo revela-nos seu amor e sacia a sede do povo. Deus acolhe seu povo, o povo que clama no deserto recebe então todo amor Divino, atendendo-os em suas necessidades físicas, mas, sobretudo com a graça da salvação. A água que simboliza a vida

Caríssimos em Cristo,
Paulo mostra aos Romanos e assim para nós hoje que Cristo morreu por todos, estabelecendo a paz da humanidade com Deus. O que significa, então, conservar a esperança que não decepciona?
Significa que justificados pela fé em Jesus Cristo, estamos em paz com Deus; por isso, começamos a viver a esperança da salvação. Essa esperança é vivida em meio a uma luta perseverante, ancorada na certeza, garantida pelo Espírito santo que nos foi dado. Deus manifestou seu amor em Jesus Cristo, que morreu por nós quando ainda éramos pecadores. Agora que já fomos reconciliados podemos crer com maior razão, na certeza da espera que seremos salvos pela vida nova, ressurreição plena em Cristo Jesus.

Amados em Cristo,
João revela-nos Jesus em sua caminhada messiânica. O caminho tinha sido longo, Jesus sente-se esgotado. É meio dia e senta-se junto do poço de Jacob. Chega uma samaritana e Jesus pede-lhe água. Aparecem os primeiros sinais de inimizade entre judeus e os samaritanos.
Mas por iniciativa de Jesus começa um diálogo salvador. A primeira parte do diálogo tem a água como pano de fundo. Da água do poço, Jesus passa a falar da água viva. A água é associada ao Espírito como fonte de vida nova. Esta é a água que brota de Cristo e salta até à vida eterna. É a mesma que brotará do lado do Senhor. A mulher não entende a s palavras de Jesus; atreve-se a pedir-lhe água como um desafio, mas dá-se início a um caminho de fé. Jesus ultrapassa as diferenças entre judeus e samaritanos e trata de aguçar a curiosidade da mulher falando-lhe de uma água que é verdadeiro Dom de Deus.
Neste diálogo com a mulher samaritana, Jesus então supera os preconceitos de raça e as discriminações sociais. Como qualquer pessoa, essa mulher tem sede de vida. Todos buscam algo que lhe mate a sede, mas encontram apenas águas paradas. Jesus traz água viva corrente e faz com que a fonte brote de dentro de cada um.
A samaritana é o retrato do povo brasileiro e latino-americano: marginalizado em nível político-social, que não toma parte nas decisões que regem a vida da sociedade, explorado economicamente, vê-se obrigado a se esconder nas periferias das grandes cidades ou no sertão abandonado, sem condições de vida digna. A sede da samaritana é a sede do povo brasileiro em busca de participação política nas decisões que afetam a vida de cada cidadão.

Estimados irmãos e irmãs,
Na sequência do Evangelho, o diálogo toma outra direção, utilizado a pedagogia da catequese: partindo dos pontos de interesse pessoais e familiares, a mulher confessa sua situação familiar, situa o aspecto religioso e chega-se à plena revelação da verdade messiânica.
É a própria mulher que faz a pergunta do ponto de vista religioso. O ponto central de divergência entre judeus e samaritanos era o Templo como lugar de culto. Enquanto os judeus adoravam a Deus no templo de Jerusalém, os samaritanos o adoravam no templo de monte Garizim. Jesus declara sem sentido o culto que se oferece no Templo e tem de ser substituído por um culto novo em Espírito e em verdade. A mudança é completa: Jesus, o novo Templo, oferece-se a si mesmo como sacrifício, o único válido e agradável aos olhos do Pai. A instituição fica abolida. João 4,24: Deus é espírito, e é necessário que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade. Jesus nos diz que Deus procura adoradores que o façam em Espírito e em Verdade. A samaritana estava preocupada com a forma e as circunstâncias [...]. Jesus rompe a separação religiosa, mostrando que Deus quer ser adorado na própria dimensão da vida humana. A própria vida, dedicada ao bem dos outros, como a de Jesus, é o verdadeiro culto a Deus, a adoração em espírito e verdade. Como Pai, Deus está presente na família humana e não quer que separemos religião e vida.

Irmãos e irmãs,
A mulher samaritana, que o tinha confessado como profeta, apela à chegada eminente do Messias, os samaritanos esperavam um Messias revelador, que explique tudo, enquanto que os judeus esperavam um Messias libertador político. Jesus aceita o messianismo dos samaritanos e manifesta-se claramente, coisa que não fará aos judeus.
Os Judeus se consideravam escolhidos por Deus, mas não compreenderam e não aceitaram a mensagem de Jesus, e até obrigaram a sair da Judéia. Os samaritanos, que eram considerados como povo marginalizado e herege, acolheram Jesus como o Salvador do mundo. A samaritana deixa o cântaro porque aceitou já a nova água. A fé converte-a em testemunha e vai dar aos seus compatriotas a notícia. Os seus vizinhos também se encontrarão pessoalmente com Jesus. Quando chegam os discípulos, o tema da água é substituído pelo tema do alimento. Para Jesus o verdadeiro alimento é cumprir a vontade do Pai. O campo já está preparado; a ceifa será abundante, como se mostra na conversão de muitos dos samaritanos.
Com sua palavra e ação, Jesus realiza a obra do semeador. Todos que fazem a experiência de Jesus partem para anunciá-lo, como a samaritana, provocando a vinda do povo. A vontade do Pai é reunir a humanidade em torno de Jesus, e cabe aos discípulos continuar essa tarefa, iniciada pelo próprio Jesus.
Assim, invoquemos para aqueles (as) que se preparam para o batismo, à força purificadora da graça de Deus. E neste tempo quaresmal, em meios a tantos desertos, como a samaritana, façamos a experiência de encontro com o senhor, no diálogo fraterno, envolvendo acolhimento, palavra e anúncio profético. Com ardor missionário inundados pela água santa – Jesus, proclamemos: “Água que nasce na fonteserena do mundo e que abre um profundo grotão. Água que faz inocente riacho e deságua na corrente do ribeirão... Águas escuras dos rios que levam a fertilidade ao sertão. Águas que banham aldeias e matam a sede da população”. Ainda afirmar cantando: “onde mandar eu irei, seu amor eu não posso ocultar. Quero anunciar para o mundo ouvir, que Jesus é o nosso Salvador. Aonde mandar eu irei, seu amor eu não posso ocultar. Quero anunciar para o mundo ouvir, que Jesus é o nosso Salvador’’.
Com isso, fortalecer em nosso meio os sinais propostos pela Campanha da Fraternidade que promovem vida, cuidando do ambiente, de maneira especial, da água. Cuidar da água é uma questão de sobrevivência; depende da decisão e da ação de cada pessoa, comunidade e da sociedade em geral. Somente com sensibilidade, criatividade, determinação, participação e com espírito das primeiras comunidades cristãs, com Jesus: água de vida nova, será possível construir as respostas técnicas, científicas, ecológicas, sociais, políticas e econômicas para a gestão da água da perspectiva do desenvolvimento sustentável, com inclusão social e justiça ambiental. Assim seja! Amém.

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