domingo, 11 de julho de 2010

O mestre ensina o sonho

A mediação pedagógica, isto é, a comunicação que promove o conhecimento, encontra-se dentro do mestre e foi construída em seu estado mais puro, a relação é sentida como chave.
O mestre é democrático, tem prazer com a palavra e o silêncio, com a reflexão e a intuição.
O mestre pulsa. O mestre fala baixo, mas às vezes grita, é meio louco mesmo, e esta loucura que há de saber decifrar-se. O mestre é sereno e semeia a paz.
Também o mestre arde, empurra a máquina do mundo e do tempo, revela a face esquecida, expõe raízes e cicatrizes maquiadas.
O mestre fala claro. O mestre é inquieto por dentro, quer transformar porque percebe a mudança e seu efeito benéfico. Ele aproxima-se dos outros e os outros dele. O mestre presta atenção em tudo e em todos. Ao mesmo tempo.
O mestre ouve o coração. O mestre gosta de ler, ler tudo de todas as formas. Lê com os olhos, mão, pé, boca, nariz, imaginação... O mestre gosta de escrever, plantar, cozinhar, brincar, preparar, regar, cuidar, arrumar, limpar, pintar, amar e muitas outras ações que faz cotidianamente. Ele une o trabalho ao prazer, a ética à estética.
O mestre tem utopias, vê o invisível, lembra-se do que não sabe.
O mestre é um ser profético.
O mestre age.
O mestre ensina o sonho.
O mestre cuida dos outros, namora a vida e se encanta com sua beleza.
O mestre encantado fica rindo, desfrutando um sabor novo. O mestre é aprendiz.

Guilherme Blauth, 2000

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