Irmãos
e irmãs,
A
Palavra que a liturgia de hoje nos apresenta convida-nos a manter com Deus uma
relação estreita, uma comunhão íntima, um diálogo insistente: só dessa forma
será possível aceitarmos os projetos de Deus, compreender os seus silêncios,
respeitar os seus ritmos, acreditar no seu amor.
A
primeira leitura dá a entender que Deus intervém no mundo e salva o seu Povo servindo-Se,
muitas vezes, da ação do homem; mas, para que o homem possa ganhar as duras
batalhas da existência, ele tem que contar com a ajuda e a força de Deus… Ora,
essa ajuda e essa força brotam da oração, do diálogo com Deus.
A
nossa história narra, pois, um confronto entre os hebreus em marcha pelo
deserto e os amalecitas; enquanto o Povo chefiado por Josué combatia contra os
inimigos, Moisés, no cimo de um monte, rezava e implorava a ajuda de Deus… De
acordo com os catequistas de Israel, enquanto Moisés mantinha as mãos levantadas,
os hebreus levavam vantagem sobre os inimigos; mas logo que Moisés, vencido
pelo cansaço, deixava cair as mãos, eram os amalecitas que dominavam. A solução
foi colocar Aarão e Hur ao lado de Moisés, amparando-lhe as mãos: assim, os
hebreus levaram de vencida os inimigos.
Desta
forma, a libertação se deve, mais do que aos esforços do Povo, à ação de Deus.
Assim, é importante a oração, invocando o Deus libertador com perseverança e
insistência. Para vencer as duras batalhas que a vida nos apresenta, é preciso
ter a ajuda e a força de Deus; e essa ajuda e essa força brotam de um diálogo
contínuo, nunca interrompido e nunca acabado, do cristão com Deus.
A
segunda leitura apresenta uma outra fonte privilegiada de encontro entre Deus e
seu povo: a Escritura Sagrada… Sendo a Palavra com que Deus indica a homens e
mulheres o caminho da vida plena, ela deve assumir um lugar preponderante na
experiência cristã. A Palavra transmitida na Escritura é “inspirada por Deus”;
por isso, nela está “a sabedoria que leva à salvação”. A utilidade da Escritura
é descrita através de quatro verbos fortes: “ensinar”, “persuadir”, “corrigir”
e “formar”. Fica assim claro que a Escritura é a fonte para toda a formação e
educação cristã, para fazer aparecer o “homem perfeito”, ou seja, o novo homem
e a nova mulher.
O
Evangelho sugere que Deus não está ausente nem fica insensível diante do
sofrimento do seu Povo… Os cristãos devem descobrir que Deus os ama e que tem
um projeto de salvação para todos; e essa descoberta só se pode fazer através
da oração, de um diálogo contínuo e perseverante com Deus.
O
nosso texto consta de uma parábola. Os personagens centrais da parábola são uma
viúva e um juiz. A viúva, pobre e injustiçada, passava a vida a queixar-se do
seu adversário e a exigir justiça; mas o juiz, “que não temia Deus nem os
homens”, não lhe prestava qualquer atenção… No entanto, o juiz – apesar da sua
dureza e insensibilidade – acabou por fazer justiça à viúva, a fim de se livrar
definitivamente da sua insistência importuna.
Apresentada
a parábola, vem a sua aplicação. Se um juiz prepotente e insensível é capaz de
resolver o problema da viúva por causa da sua insistência, Deus - que não é,
nem de perto nem de longe, um juiz prepotente e sem coração, não iria escutar
os “seus eleitos que por Ele clamam dia e noite e iria fazê-los esperar muito
tempo?”
Naturalmente,
estamos diante de uma pergunta retórica. É evidente que, se até um juiz
insensível acaba por fazer justiça a quem lhe pede com insistência, com muito
mais motivo Deus – que é rico em misericórdia e que defende sempre os débeis –
estará atento às súplicas dos seus filhos.
Portanto,
ao contrário do que parece, Deus não abandonou o seu Povo, nem é insensível aos
seus apelos; Ele tem o seu projeto, o seu plano e o seu tempo próprio para
intervir… Aos crentes resta moderar a sua impaciência e confiar em que Ele não
deixará de intervir para os libertar.
Que é que tudo isto
tem a ver com a oração? Porque é que esta é uma parábola sobre a necessidade de
rezar - “Jesus disse-lhes uma parábola sobre a necessidade de orar sempre, sem
desanimar”? Lucas pede aos cristãos a quem a mensagem se destina que, apesar do
aparente silêncio de Deus, não deixem nunca de dialogar com Ele. É nesse diálogo
que entendemos os projetos e os ritmos de Deus; é nesse diálogo que Deus
transforma os nossos corações; é nesse diálogo que aprendemos a entregar-nos
nas mãos de Deus e a confiar n’Ele. Sobretudo, que nada - nem o desânimo, nem a
desconfiança perante o silêncio de Deus - nos leve a desistir de uma verdadeira comunhão
e de um profundo diálogo com Deus. Portanto, não devemos separar a oração da
vida. Que façamos da nossa vida uma verdadeira fonte de oração, unindo fé e
vida sempre. Assim seja! Amém.
Passei para visitar o blog.
ResponderExcluirDeus te guarde.
Luciana Dias