Na
primeira leitura, diante das perseguições sofridas pelas comunidades cristãs, o
livro do Apocalipse procura dar uma resposta, um consolo, um incentivo à luta e
à esperança. Nosso trecho traz imagens simbólicas principais: a arca
da Aliança - o Templo, a arca, a
aliança, os sinais cósmicos indicam que Deus vai falar, vai comunicar-se com os
homens. A Arca, no Primeiro Testamento, trazia as tábuas da Lei, expressão de
Deus para o povo. A arca, aqui, pode simbolizar aquela que traz em seu seio a própria
Palavra de Deus; a mulher - ela
estava vestida de glória e protegida por Deus, vestida como o sol, tem traços
da eternidade divina, lua sob os pés, e na cabeça, uma coroa de 12 estrelas.
Ela representa a vitória da comunidade dos filhos de Deus do Primeiro e Segundo
Testamento, 12 tribos e 12 apóstolos. A mulher é uma imagem polivalente: É Eva,
a mãe da humanidade, que vai dar à luz um descendente capaz de esmagar o mal; é
o povo de Deus do Primeiro Testamento, 12 estrelas; é Sião-Jerusalém, que dará
à luz o Messias; é Maria mãe de Jesus; é a comunidade-Igreja, mãe dos cristãos.
A fuga da mulher para o deserto indica a vida da Igreja até o fim da história
em meio às perseguições e na intimidade com Deus.
A
tradição da Igreja sempre aplicou este trecho do Apocalipse a Maria que é a
Nova Eva, figura da humanidade, figura da Igreja geradora de cristãos. Assunta
ao céu, ela antecipa na glória de Jesus o futuro vitorioso de cada cristão; o dragão, é a personificação do mal, a
autossuficiência; é o poder totalitário dos impérios perseguidores da Igreja.
No tempo de João, era o Império Romano que perseguia os cristãos. É
sanguinário, vermelho, poderoso, sete cabeças, duas coroas, mas seu poder não é
absoluto nem perfeito. Pretende lutar contra Deus, estrelas do céu e quer
devorar o Filho da Mulher, o Messias que veio para destruí-lo; o Filho, é Jesus que, com sua
ressurreição, “foi levado para junto de Deus e do seu trono” se tornou o
vencedor do dragão, do pecado, do mal e da morte. Apresenta “a salvação, o
poder e a realeza do nosso Deus e a autoridade do seu Cristo”
A
segunda leitura é todo dedicado à ressurreição, que alguns estavam
negando. Primeiro, ele recorda o anúncio fundamental: Cristo morreu e
ressuscitou. Essa certeza da nossa fé é testemunhada por muitos que viram o
Cristo ressuscitado. Se, como alguns estão afirmando, os mortos não
ressuscitam, também Cristo não ressuscitou e, então, é vã a nossa fé. Mas isso
não é verdade. No trecho de hoje, Paulo apresenta dois argumentos: Jesus é o
Novo Adão - Adão morreu e na sua morte
todos morreram. Jesus é o novo Adão ressuscitado. Ele é o primeiro fruto de uma
nova colheita. Os primeiros frutos garantem a qualidade da colheita. Isto
significa que se Cristo ressuscitou como primícias, todos nós ressuscitaremos
depois dele. Em Adão a morte, em Cristo a vida; A vitória de Cristo sobre o mal
e a morte, Jesus vence todas as forças e estruturas injustas e inimigas da
vida. Todos esses inimigos ele os colocará debaixo dos seus pés. Só depois que
isso tiver acontecido é que ele entregará o Reino a Deus Pai. Aí será o fim.
Mas qual será o maior inimigo da vida? É a própria morte. Este é o último
inimigo a ser destruído. Cristo já o destruiu em seu próprio corpo, mas a
vitória só será completa quando ele a destruir em cada um de nós. Aí, sim! Aí,
ele entregará o Reino a seu Pai para que Deus seja tudo em todos. É bom lembrar
que nesta luta de destruição de tudo que gera a morte cada cristão deve estar
profundamente empenhado.
No
Evangelho, temos dois encontros: o encontro de duas futuras mães e o encontro
de duas crianças! O
primeiro é Maria que se encontra com Isabel - Quem é Maria? Quem é Isabel? Duas
pessoas pobres, mas agradecidas pelo dom da fecundidade. Isabel era estéril e
Maria não teve relações com nenhum homem. Deus se manifesta nos pobres
trazendo-lhes a riqueza da vida. As palavras de Isabel são inspiradas em textos
do Primeiro Testamento: “Seja bendita entre as mulheres, Jael”, “Tu és bendita,
ó filha, pelo Deus altíssimo, mas que todas as mulheres da terra”, “Bendito
seja o fruto do teu ventre”, “Como entrará a Arca do Senhor em minha casa?”
Maria
é vista aqui como a Arca da Aliança, pois ela traz em seu seio a salvação de
Deus e Isabel reconhece o Salvador, que irá nascer do ventre de Maria. As
palavras inspiradas de Isabel são repetidas, há dois mil anos, por milhões de
lábios devotos todos os dias ao rezarem a Ave Maria. Maria é bem-aventurada,
porque acreditou nas promessas do Senhor. Sua grandeza provém, sobretudo de sua
fé assumida.
O
segundo encontro é em Jesus que se encontra com João Batista, à saudação de
Maria, João Batista se agita no seio de Isabel saltando de alegria, e ela se
enche do Espírito Santo. É claro que Lucas quer mostrar a presença da Boa Nova
no seio de Maria. A presença do Salvador já alegra o coração do precursor.
O
cântico de Maria é apresentado como resposta de Maria à saudação de Isabel.
Lucas o compõe também com palavras do Primeiro Testamento, principalmente
inspirado no cântico de Ana, como expressão da gratidão dos pobres – resto de
Israel – que aguardavam a libertação. O núcleo do cântico nos mostra uma
espécie de inversão de valores. Na dimensão religiosa Deus destrói a
autossuficiência humana, dispensa os soberbos de coração. Na dimensão política,
Deus derruba os poderosos de seus tronos e eleva os humildes, refazendo as
relações de opressão em relações de fraternidade. Na dimensão social, Deus
despede os ricos de mãos vazias e enche de bens os famintos, transformando as
relações de exploração em relações de partilha. É a misericórdia de Deus
chegando na vida de todos os descendentes de Abraão, que conservaram seu temor
ao Deus sempre fiel às suas promessas salvíficas.
Nossa
Senhora foi, exaltada por Deus. Escolheu-A para Mãe do Seu Unigênito. Encheu-A
de toda a graça. Fez d’Ela a mais bela de todas as Suas criaturas, elevou-A ao
Céu em corpo e alma, não deixando que o Seu corpo fosse destruído pela podridão
do sepulcro. Na pessoa da Santíssima Virgem, a Igreja alcançou já aquela
perfeição sem mancha nem ruga, que lhe é própria. Mas os fiéis de Cristo, esses
têm ainda de trabalhar para crescer em santidade, vencendo o pecado. Por isso
levantam os olhos para Maria na qual a Igreja é já perfeitamente santa. Esta luta pela salvação, esta luta pela
santidade tem em Maria o modelo. Temos de copiar as suas virtudes. Elas são o
caminho para vencer.
Maria
é modelo de caridade, que é a maior de todas as virtudes: amor de Deus que a
leva a obedecer prontamente e em tudo à vontade de Deus. Amor aos outros,
gastando-Se generosamente ao serviço deles. Sem poupar sacrifícios. Ajudando a
prima no serviço da casa, como humilde criada, Ela que é a Mãe de Deus. Ajuda-a
também espiritualmente e em primeiro lugar. Ao saudar Isabel esta fica cheia do
Espírito Santo e o menino salta-lhe no seio e é santificado pela presença de
Maria. É que Ela leva dentro de Si a Cristo. Por isso pode comunica-Lo aos
outros.
Esse
é o segredo dos cristãos: serem portadores de Cristo, como gostavam de dizer os
primeiros cristãos. E é levando-O consigo que se pode comunica-Lo aos que nos rodeiam
e transformar o mundo. Aprendamos com
Nossa Senhora. Amemos aos outros praticando as obras de vida e salvação. Assim seja! Amém..
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