A história, uma longa caminhada
Nós, cristãos,
consideramos a vida e a história como uma grande caminhada, que só terminará
quando nos encontrarmos todos na casa do Pai, na Cidade de Deus, na “nova Jerusalém”,
no Reino definitivo, como Deus prometeu. Por isso, é perigoso representar o ano
litúrgico dentro de um círculo; daria a impressão de que estamos presos no tempo:
todo ano, tudo começaria de novo da estaca zero e jamais poderíamos esperar
grandes mudanças. Muita gente reforça este pensamento dizendo: “Sempre foi
assim! Sempre será assim! Pobre sempre será pobre!” Mas tanto a ressurreição de
Jesus como o seu nascimento nos ensinam exatamente o contrário: a força e a
presença de Deus no meio da humanidade nos dão possibilidade de mudar a história,
de lutar para melhorar a situação, para transformá-la em história de salvação,
de vida para todos... Nenhum poder deste mundo, nenhum governo, nenhum grupo
poderoso é eterno, por mais que se apresente assim: todos poderão ser desbancados
pelo poder do Reino de Deus que está crescendo no meio de nós.
O Advento de um mundo renovado
O Advento do
Reino de Deus traz em si uma proposta radicalmente nova de relacionamento entre
as pessoas e os grupos humanos; traz em si uma crítica a muitos projetos e
maneiras de se organizar a sociedade e a vida individual de cada um. Vivemos numa
sociedade que só visa o lucro, o poder, a dominação de alguns poucos sobre todos
os outros. A pessoa humana é reduzida a mercadoria. A injustiça se petrificou
nas estruturas sócio-econômicas que a cada dia matam milhares de seres humanos.
Uns têm tudo, outros não têm nem terra, nem trabalho, nem salário digno, nem
casa, nem comida... Viver o Advento significa, portanto, rever os nossos
projetos, avaliá-los à luz da mensagem do Advento do Senhor, rever o rumo que
estamos tomando em nossa vida individual, social e comunitária.
O Senhor vem para
assumir o governo do mundo e de nossas vidas. Vem realizando a salvação, a cada
dia, a cada momento da história, até que um dia o Reino esteja plenamente
estabelecido. O Senhor vem: cada celebração litúrgica é uma “visita” do Senhor,
dia de sua vinda, principalmente quando celebramos a Eucaristia, a ceia do Senhor,
proclamando sua vitória sobre todas as mortes, “até que Ele venha”.
O tempo litúrgico
do Advento faz-nos viver profundamente este aspecto da presença-ausência do
Reino. Reaviva em nós a esperança de um futuro melhor dentro de um mundo que
parece estar se suicidando. Reanima a nossa coragem: os nossos esforços por uma
vida digna, por uma sociedade fraterna, não serão em vão. Reaviva o nosso amor.
Alguém espera por nós no ponto de chegada e já se faz presente como companheiro
de caminhada: o Senhor Jesus.
“Vem, Senhor Jesus!”
É por isso que a
prece mais característica do tempo do Advento é: “Vem, Senhor Jesus!”, prece
bem antiga. (...) Diz Humberto Porto: “Através dela queriam os primitivos cristãos
proclamar a certeza nova de que só pela mediação do ‘Kyrios’ (Senhor) glorioso
é que temos realmente acesso ao Pai; (...) expressa a fé e a esperança da
reunião de todos os homens [e mulheres] na unidade, com a transformação do ser
humano e do cosmos sob o juízo definitivo de Deus. Ela envolve a súplica da
manifestação universal da glória divina na realização escatológica da
salvação”.
Formação Litúrgica em Mutirão - CNBB
O Advento nos é
dado como um tempo mais intenso
para proclamarmos a vinda do Reino de Deus
em
nosso mundo e para nos prepararmos para a sua vinda.
Assim, o tempo do Advento
estabelece em nós
um ritmo de espera, marcado pela escuta da Palavra
e pela
alegria, pelo anseio de paz e pela comunhão
com todos os que esperam a
manifestação de Deus,
pela sintonia com o universo, a espera da Redenção.
Vem,
Senhor Jesus!
Fonte: Lá Vem o
Trem das CEBs
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