Irmãos
e irmãs,
Este
Santo Domingo tem como cenário de fundo o projeto salvador de Deus. No batismo
de Jesus nas margens do Jordão, revela-se o Filho amado de Deus, que veio ao
mundo enviado pelo Pai, com a missão de salvar e libertar homens e mulheres.
A
primeira leitura anuncia um misterioso “Servo”, escolhido por Deus e enviado
aos homens para instaurar um mundo de justiça e de paz sem fim… Investido do
Espírito de Deus, Ele concretizará essa missão com humildade e simplicidade,
sem recorrer ao poder, à imposição, à prepotência, pois, esses esquemas não são
de Deus.
O
“Servo” é um instrumento através do qual Deus atua no mundo para levar a
salvação aos homens: ele é alguém que Deus escolheu entre muitos, a quem chamou
e a quem confiou uma missão – trazer a justiça, propor a todas as nações uma
nova ordem social da qual desaparecerão as trevas que alienam e impedem de
caminhar e oferecer a todos os homens a liberdade e a paz. Deus não só está na
origem (escolha, chamamento e envio) da missão do “Servo”, mas acompanhará a
concretização da missão e possibilitará o seu êxito: para levar a cabo a
missão, o “Servo” contará com a ajuda do Espírito de Deus, que lhe dará a força
de assumir a missão e de concretizá-la.
A
segunda leitura reafirma que Jesus é o Filho amado que o Pai enviou ao mundo para
concretizar um projeto de salvação; por isso, Ele “passou pelo mundo fazendo o
bem” e libertando todos os que eram oprimidos. É este o testemunho que os
discípulos devem dar, para que a salvação que Deus oferece chegue a todos os
povos da terra.
Pedro
começa por reconhecer que a proposta de salvação oferecida por Deus e trazida
por Cristo é universal e se destina a todas as pessoas, sem distinção de
qualquer tipo. Israel foi, na verdade, o primeiro receptor privilegiado da
Palavra de Deus; mas Cristo veio trazer a “boa nova da paz”, salvação, a todos;
e agora, por intermédio das testemunhas de Jesus, essa proposta de salvação que
o Pai faz chega “a qualquer nação que o teme e põe em prática a justiça” – ou
seja, a todo o homem e mulher, sem distinção de raça, de cor, de estatuto
social, que aceita a proposta e adere a Jesus. Assim, a missão fundamental dos
discípulos: anunciar Jesus e testemunhar essa salvação que deve chegar a todos
os homens e mulheres.
No
Evangelho, aparece-nos a concretização da promessa profética: Jesus é o Filho/ “Servo”
enviado pelo Pai, sobre quem repousa o Espírito e cuja missão é realizar a
libertação de homens e mulheres. Obedecendo ao Pai, Ele tornou-Se pessoa,
identificou-Se com as fragilidades dos homens, caminhou ao lado deles, a fim de
os promover e de os levar à reconciliação com Deus, à vida em plenitude.
Para
Mateus, o batismo é um momento privilegiado da manifestação de Jesus aos homens:
antes de começar a sua atividade, Jesus define-Se e apresenta-Se… A passagem
tem duas partes: o diálogo entre João e Jesus e a manifestação de Jesus como
Filho de Deus.
O
diálogo entre João e Jesus (vers. 14-15) explica porque é que Jesus vem ao
encontro de João para ser batizado… Pela resposta de Jesus, fica claro que o
seu baptismo é um passo necessário para que se cumpra o desígnio salvador de
Deus, “convém que assim cumpramos toda a justiça’ … O cumprimento da “justiça”
equivale, no contexto da teologia de Mateus, ao cumprimento da vontade de Deus.
Jesus apresenta-Se, assim, como “Filho”, que cumpre rigorosa e absolutamente a
vontade do Pai, a obediência era aquilo que definia a relação entre um filho e
um pai… “Cumprir a justiça” em relação ao Pai era, para um filho, obedecer-lhe
incondicionalmente.
Que
é que este batismo tem a ver com o projeto salvador do Pai para todos? Ao
receber este batismo de penitência e de perdão dos pecados, do qual não
precisava, porque Ele não conheceu o pecado, Jesus solidarizou-Se com o homem
limitado e pecador, assumiu a sua condição, colocou-Se ao lado dos homens para
os ajudar a sair dessa situação e para percorrer com eles o caminho da
libertação, o caminho da vida plena. Esse era o projeto do Pai, que Jesus
cumpriu integralmente.
Na
segunda parte, temos uma reflexão sobre a identidade de Jesus e sobre a sua
missão. Para isso, Mateus recorre a três elementos simbólicos muito
expressivos: os céus abertos, o Espírito que desce em forma de pomba e a voz do
céu.
A
abertura do céu significa a união da terra e do céu. Desta forma, Mateus
anuncia que a atividade de Jesus vai reconciliar o céu e a terra, vai refazer a
comunhão entre Deus e os homens.
O
símbolo da pomba não é imediatamente claro… Provavelmente, trata-se de uma
alusão à pomba símbolo do Espírito de Deus que, no início, pairava sobra as
águas – evoque a nova criação que terá lugar a partir da atividade que Jesus
vai iniciar.
Temos,
finalmente, a voz do céu. Trata-se de uma forma muito usada pelos rabis para
expressar a opinião de Deus acerca de uma pessoa ou de um acontecimento. Essa
voz declara que Jesus é o Filho de Deus; e fá-lo com uma fórmula tomada desse
cântico do “Servo de Javé” que vimos na primeira leitura de hoje… Sugere-se,
dessa forma, que Jesus é o Filho de Deus… Mas acrescenta-se, para que não haja
equívocos: a sua missão não se desenrolará no triunfalismo, mas na obediência
total ao Pai; não se cumprirá com poder e prepotência, mas na suavidade, na
simplicidade, no respeito pelos homens, “não gritará, nem levantará a voz; não
quebrará a cana fendida, nem apagará a torcida que ainda fumega”.
A
cena do batismo de Jesus revela, portanto, essencialmente que Jesus é o Filho
de Deus, que o Pai envia ao mundo a fim de cumprir um projeto de libertação em favor
de homens e mulheres. Como verdadeiro Filho, Ele obedece ao Pai e cumpre o
plano salvador do Pai; por isso, vem ao encontro dos homens, solidariza-Se com
eles, assume as suas fragilidades, caminha com eles, refaz a comunhão entre
Deus e a humanidade, que o pecado havia interrompido e conduz-nos ao encontro
da vida em plenitude. Da atividade de Jesus, o Filho de Deus que cumpre a
vontade do Pai, resultará uma nova criação, uma nova humanidade.
O texto ainda sugere outras duas linhas, quanto à definição da identidade de Jesus. Uma delas apresenta Jesus como o novo libertador: o batismo de Jesus no Jordão recorda a passagem do Mar Vermelho e estabelece um novo paralelo entre Jesus e Moisés… Jesus é o novo Moisés, revestido do Espírito de Deus, para conduzir o seu Povo da terra da escravidão para a terra da liberdade. A outra linha torna-se patente no diálogo entre João e Jesus: se João reconhece humildemente a sua inferioridade e a sua condição de percursor, é porque Jesus é esse Messias esperado, da descendência de David. Desta forma, cumprindo o projeto do Pai, Ele fez-Se um de nós, partilhou a nossa fragilidade e humanidade, libertou-nos do egoísmo e do pecado e empenhou-Se em promover-nos, dando-nos o batismo revela-Se e faz-nos assumir a nossa missão, para que pudéssemos chegar à vida em plenitude. Assim seja! Amém.
O texto ainda sugere outras duas linhas, quanto à definição da identidade de Jesus. Uma delas apresenta Jesus como o novo libertador: o batismo de Jesus no Jordão recorda a passagem do Mar Vermelho e estabelece um novo paralelo entre Jesus e Moisés… Jesus é o novo Moisés, revestido do Espírito de Deus, para conduzir o seu Povo da terra da escravidão para a terra da liberdade. A outra linha torna-se patente no diálogo entre João e Jesus: se João reconhece humildemente a sua inferioridade e a sua condição de percursor, é porque Jesus é esse Messias esperado, da descendência de David. Desta forma, cumprindo o projeto do Pai, Ele fez-Se um de nós, partilhou a nossa fragilidade e humanidade, libertou-nos do egoísmo e do pecado e empenhou-Se em promover-nos, dando-nos o batismo revela-Se e faz-nos assumir a nossa missão, para que pudéssemos chegar à vida em plenitude. Assim seja! Amém.
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