Irmãos e irmãs,
Este
Santo Domingo convida-nos a tomar consciência de quanto é exigente o caminho do
“Reino”. Optar pelo “Reino” não é escolher um caminho de facilidade, mas sim
aceitar percorrer um caminho de renúncia e de dom da vida.
A
primeira leitura lembra a todos aqueles que não conseguem decidir-se pelo
“Reino” que só em Deus é possível encontrar a verdadeira felicidade e o sentido
da vida. Há, portanto, um encorajamento implícito a aderir ao “Reino”: embora
exigente, é um caminho que leva à felicidade plena.
Assim,
a sabedoria que é um dom de Deus permite-nos compreender tudo, fazer o que
agrada a Deus e ser salvo. Então, para todos aqueles que estão interessados em
dar um verdadeiro sentido à sua vida, devem acolher a “sabedoria”, dom de Deus.
Só a ação de Deus que derrama sobre todos a “sabedoria” permite encontrar o sentido da
vida e discernir o verdadeiro sentido da vida.
A
segunda leitura recorda que o amor é o valor fundamental, para todos os que
aceitam a dinâmica do “Reino”; só ele permite descobrir a igualdade de todos os
homens, filhos do mesmo Pai e irmãos em Cristo. Aceitar viver na lógica do
“Reino” é reconhecer em cada homem um irmão e agir em consequência.
Para
Paulo, o amor deverá ser a suprema e insubstituível norma que dirige e
condiciona as palavras, os comportamentos, as decisões dos cristãos. Ora, o
amor tem consequências bem práticas, que os membros da comunidade cristã, implica
o ver em cada homem um irmão – independentemente da sua raça, da sua cor, ou do
seu estatuto social.
O
Evangelho de Lucas apresenta-nos na perspectiva de Jesus, as exigências
fundamentais para quem quer seguir o “caminho do discípulo” e chegar a
sentar-se à mesa do “Reino”? Jesus põe três exigências, todas elas relacionadas
ao tema da renúncia.
A
primeira exige o preferir Jesus à própria família. A este propósito, Lucas põe
na boca de Jesus uma expressão muito forte. Literalmente, podemos traduzir que
“quem preferir o pai, a mãe… não pode ser meu discípulo”. Para ser discípulo, é
preciso “pôr em segundo lugar algo porque, entretanto, apareceu na vida da
pessoa um valor que ainda é mais importante”. É evidente que Jesus não está a
pedir deixar de amar a ninguém, muito menos a esses a quem nos ligam laços de
amor… Está, sim, a exigir que as relações familiares não nos impeçam de aderir
ao “Reino”. Se for necessário escolher, a prioridade deve ser do “Reino”.
A
segunda exige a renúncia à própria vida. O discípulo de Jesus não pode viver a
fazer opções egoístas, colocando em primeiro lugar os seus interesses, os seus
esquemas, aquilo que é melhor para ele; mas tem de colocar a sua vida ao
serviço do “Reino” e fazer da sua vida um dom de amor aos irmãos, se necessário
até à morte. Foi esse, de facto, o caminho de Jesus; e o discípulo é convidado
a imitar o mestre.
A
terceira exige a renúncia aos bens. Jesus sabe que os bens podem facilmente
transformar-se em deuses, tornando-se uma prioridade, escravizando o homem e
levando-o a viver em função deles; assim sendo, que espaço fica para o “Reino”?
Por outro lado, dar prioridade aos bens significa viver de forma egoísta,
esquecendo as necessidades dos irmãos; ora, viver na dinâmica do “Reino”
implica viver no amor e deixar que a vida seja dirigida por uma lógica de amor
e de partilha… Pode, então, viver-se no “Reino” sem renunciar aos bens?
Com
este rol de exigências, fica claro que a opção pelo “Reino” não é um caminho de
facilidade e, por isso, talvez não seja um caminho que todos aceitem seguir. É
por isso que Jesus recomenda o pesar bem as implicações e as consequências da
opção pelo “Reino”. A parábola do homem que, antes de construir uma torre,
pensa se tem com que terminá-la e a parábola do rei que, antes de partir para a
guerra, pensa se pode opor-se a outro rei com forças superiores convidam os
candidatos a discípulos tomar consciência da sua força, da sua vontade, da sua
decisão em corresponder aos desafios do Evangelho e em assumir, com
radicalidade, as exigências do “Reino”.
Desta
forma, as orientações do “caminho do discípulo”: é um caminho em que o “Reino”
deve ter a primazia sobre as pessoas que amamos, sobre os nossos bens, sobre os
nossos próprios interesses e esquemas pessoais. Quem tomar contato com esta
proposta tem de pensar seriamente se a quer acolher, se tem forças para a
acolher… Jesus não admite meios-termos: ou se aceita o “Reino” e se embarca
nessa aventura a tempo inteiro e “a fundo perdido”, ou não vale a pena começar
algo que não vai levar a lado nenhum, porque não é um caminho que se percorra
com hesitações. O discipulado exige
renúncia livre e plena, acolhendo Jesus Cristo, Luz e Senhor da Vida,
percorrendo um caminho na busca pela Santidade, renunciando a si mesmo. Assim seja! Amém.
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