Sacramentos são liturgia, liturgia
é sacramento Sacramentos são ações simbólico- sacramentais, pelas quais o
Cristo Ressuscitado, presente em sua Igreja, nos atinge e nos transforma com
seu Espírito vivificante. Por seus sinais sensíveis, quando realizados na fé,
trazem presente e realizam em nós aquilo que significam: a salvação, a páscoa,
a chegada do Reino, nossa comunhão em Deus.
Acontece que toda essa teologia
que encontramos no início da constituição conciliar sobre a Sagrada Liturgia
(SC 5-8) não diz respeito somente aos sacramentos, mas à liturgia como um todo.
Basta olhar a sequência dos capítulos da constituição para nos darmos conta
disso. Vejam: o capítulo primeiro trata da liturgia em geral (incluindo os
sacramentos); os capítulos seguintes tratam de várias celebrações litúrgicas específicas
ou de alguns de seus elementos: Eucaristia, demais sacramentos e sacramentais,
ofício divino, ano litúrgico, música sacra, arte sacra e sagradas alfaias.
Portanto, não somente nos
gestos centrais dos sacramentos Cristo está presente e atua com seu Espírito,
mas em todas as celebrações litúrgicas (ofício divino, por exemplo) e na
celebração litúrgica como um todo, em todos os seus elementos (assembleia,
ministérios, palavra, música, silêncio, gestos e atitudes do corpo, ano litúrgico,
espaço sagrado...). Vale a pena reler o n. 7 da constituição conciliar, que
fala dessas várias maneiras de Cristo estar presente na liturgia: no ministro
da celebração eucarística, no pão e no vinho eucarísticos, nos sacramentos,
pela sua palavra, quando a Igreja ora e salmodia:
“Para levar a efeito obra
tão importante [obra da salvação], Cristo está presente em sua Igreja,
sobretudo nas ações litúrgicas. Presente está no sacrifício da missa, tanto na
pessoa do ministro, “pois aquele que agora oferece pelo ministério dos sacerdotes
é o mesmo que outrora se ofereceu na cruz”, como sobretudo sob as espécies
eucarísticas. Presente está pela sua força nos sacramentos, de tal forma que,
quando alguém batiza, é Cristo mesmo que batiza. Presente está pela sua
palavra, pois é ele mesmo que fala quando se leem as Sagradas Escrituras na
igreja. Está presente finalmente quando a Igreja ora e salmodia, ele que
prometeu: “Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, aí estarei no meio
deles” ( T 18, 20)”.
Assim, a liturgia como um
todo é celebrado sacramental do mistério pascal de Jesus Cristo. A liturgia
como um todo tem força simbólico-sacramental e como tal deve ser celebrada e
vivida.
A cada gesto, a cada
palavra, a cada olhar..., estamos trazendo presente e atuante (ou não!) o
mistério e a força da páscoa de Jesus, que veio para transformar nossas vidas:
entrar na igreja, andar, encontrar-se com os irmãos, fazer o sinal da cruz, abraçar-nos
uns aos outros(as), beijar o altar, proclamar ou ouvir a palavra, cantar, mergulhar
no silêncio, ver as flores que enfeitam o espaço de celebração... Em todos esses
gestos e momentos, podemos viver (ou não!) o encontro com o Ressuscitado e, através
dele, com o Pai, no Espírito Santo.
Ione Buyst - Liturgia em Mutirão CNBB
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Palavra em mim agradece, pois seu comentário é muito importante para a nossa caminhada dialógica.
Obrigado!