Irmãos
e irmãs,
Neste
Santo Domingo há um convite à esperança, a confiar nesse Deus libertador, Senhor
da história, que tem um projeto de vida definitiva para a humanidade. Ele vai –
dizem os nossos textos – mudar a noite do mundo numa aurora de vida sem fim.
A
primeira leitura anuncia aos cristãos perseguidos e desanimados a chegada
iminente do tempo da intervenção libertadora de Deus para salvar o Povo fiel. É
esta a esperança que deve sustentar os justos, chamados a permanecerem fiéis a
Deus, apesar da perseguição e da prova. A sua constância e fidelidade serão
recompensadas com a vida eterna.
Aqueles
que, apesar da perseguição e do sofrimento, se mantiveram fiéis a Deus e aos
seus valores, esses estão destinados à “vida eterna”, “resplandecerão como a
luminosidade do firmamento”; “brilharão como as estrelas com um esplendor
eterno”; Essa vida nova que os espera não será uma vida semelhante à do mundo
presente, mas será uma vida transfigurada, na presença de Cristo Jesus – na nova
parusia.
A
segunda leitura lembra que Jesus veio ao mundo para concretizar o projeto de
Deus no sentido de libertar-nos do pecado e inserir-nos numa dinâmica de vida
eterna. Com a sua vida e com o seu testemunho, Ele ensinou-nos a vencer o
egoísmo e o pecado e a fazer da vida um dom de amor a Deus e aos irmãos. É esse
o caminho do mundo novo e da vida definitiva.
Com
o seu exemplo e testemunho, Jesus propôs um caminho novo, mudou nossos corações
e ensinou-nos a viver numa total disponibilidade para com os projetos de Deus,
na entrega total aos irmãos. Assim, Ele “tornou perfeitos para sempre os que
são santificados”. E cumprida a sua
missão na terra, Jesus “sentou-Se para sempre à direita de Deus”. Assim, quem,
apesar das dificuldades, percorre o mesmo caminho de Cristo, está destinado a sentar-se
“à direita de Deus” e a viver, para sempre, em comunhão com Deus.
No
Evangelho, Jesus garante-nos que, num futuro sem data marcada, o mundo do
egoísmo e do pecado irá desaparecer e que, em seu lugar, Deus vai fazer
aparecer um mundo novo, de vida e de felicidade sem fim. Aos seus discípulos,
Jesus pede que estejam atentos aos sinais que anunciam essa nova realidade e disponíveis
para acolher os projetos, os apelos e os desafios de Deus.
Marcos
relata-nos que Jesus utiliza imagens tiradas da tradição profética e
apocalíptica – à queda desse mundo velho que se opõe a Deus e que persegue os
cristãos, o obscurecimento do sol, da lua e das estrelas anuncia o dia da intervenção
justiceira de Javé para descrever os acontecimentos do “dia do Senhor”, o dia
em que Javé vai intervir na história para salvar os seus eleitos.
A
mensagem é evidente: está para acontecer uma viragem decisiva na história; a
velha ordem religiosa e política, os poderes que se opõem a Deus e que
perseguem os santos, irão ser derrubados; a queda desse mundo velho aparece
associada à vinda do Filho do Homem, a fim de darem lugar a um mundo novo,
construído de acordo com os critérios e os valores de Deus. Não se refere,
aqui, àquilo que nós costumamos chamar “o fim do mundo”; mas refere-se, de
maneira geral, à vitória de Deus sobre o mal que oprime e escraviza aqueles que
optaram por Deus e pelas suas propostas.
O
Filho do Homem” virá “sobre as nuvens do céu” para afirmar a sua soberania
sobre “todos os povos, todas as nações e todas as línguas”. O “Filho do Homem,
cheio de poder e de glória, que virá “reunir os seus eleitos”, não pode ser
outro senão Jesus. Assim, todos os cristãos tem assegurado o triunfo definitivo
de Cristo sobre os poderes opressores e a libertação daqueles que, apesar das
perseguições, continuaram a percorrer com fidelidade os caminhos de Deus. Com a
sua vinda gloriosa, de ontem, de hoje, de amanhã, cessará a escravidão
insuportável que nos impede de conhecer a vida em plenitude e nascerá um mundo
novo, de alegria e de felicidade plenas. Desta forma, o relato não se destina a
amedrontar, mas a abrir os corações à esperança: quando Jesus vier com a sua
autoridade soberana, o mundo velho cairá e surgirá o dia novo da
salvação/libertação sem fim.
Na
sequência do relato de Marcos, Jesus responde à questão posta pelos discípulos:
“Diz-nos quando tudo isto acontecerá e qual o sinal de que tudo está para
acabar”. Para Jesus, mais importante do que definir o tempo exato da queda do
mundo velho é ter confiança na chegada do mundo novo e estar atento aos sinais
que o anunciam. O aparecimento nas figueiras de novos ramos e de novas folhas
acontece, sem falhas, cada ano e anuncia ao agricultor a chegada do Verão e do
tempo das colheitas; da mesma forma, os cristãos são convidados a esperar, com
confiança, a chegada do mundo novo e a perceber, nos sinais de desagregação do
mundo velho, o anúncio de que o tempo da sua libertação está a chegar.
Sabemos
que haverá a parusia no final dos tempos, mas também sabemos que ela acontece
em cada Santa Missa celebrada. Foi o próprio Jesus que estabeleceu a Eucaristia
como um acontecimento – parusia – a vinda do Rei e do seu Reino, sendo que isso
acontece em cada Celebração Eucarística: “A Parusia é o mais alto grau de
intensificação e de satisfação da liturgia. E a liturgia é parusia. Cada
Eucaristia é Parusia, vinda do Senhor; e, ainda, a Eucaristia é, inclusive, o
mais verdadeiro desejo ardente de que Ele, por fim, revelaria a Sua Glória
escondida” (Cardeal Joseph Ratzinger – Bento XVI).
A
Eucaristia consiste em duas realidades: a terrena e a celeste. Por isso,
enquanto esperamos a vinda gloriosa de Jesus no fim dos tempos, vamos recebê-Lo
com ardor a vinda d’Ele em cada Eucaristia para nos preparar para Sua vinda
definitiva. A Eucaristia é parusia – presença real de Cristo sob as espécies
eucarísticas – presença sacramental. Eucaristia é a vinda do nosso Rei para
entrar na vida dos Seus servos. Cristo nos visita na Eucaristia. Foi o melhor e
mais simples meio de todos terem acesso a Deus. A parusia é a presença no Senhor
Glorioso, Real e Verdadeiro. Na Eucaristia já acontece a vinda de Jesus, porém,
não na Sua segunda e definitiva vinda. Assim, parusia significa vinda, chegada
ou advento.
Certos
da vinda do Senhor, atentos aos sinais que O anunciam, os que creem podem
preparar o seu coração para O acolher, para aceitar os desafios que Ele traz,
para agarrar as oportunidades que Ele oferece. Não há uma data marcada para o
advento dessa nova realidade. De uma coisa, no entanto, os que creem podem
estar certos: as palavras de Jesus não são uma bela teoria ou um piedoso
desejo; mas são a garantia de que esse mundo novo, de vida plena e de felicidade
sem fim, irá surgir. Pois, "céus e terras passarão, mas Suas Palavras não
passarão". Então, peçamos ao Mestre de nossa alma que nos direcione no caminho
da santidade no amor ao próximo servindo a Deus no irmão, preparando para a
parusia definitiva, pois, o Reino de Deus está próximo, como o meu irmão
está próximo de mim e, a comunhão com o meu próximo é a entrada do Reino. Assim
seja! Amém.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Palavra em mim agradece, pois seu comentário é muito importante para a nossa caminhada dialógica.
Obrigado!