Neste Santo Domingo, celebramos a
Solenidade de Todos os Santos e Santas, fazendo comunhão com todos os que vivem
a plenitude das bem-aventuranças e, foram proclamados e reconhecidos pela Igreja
como santos por terem aceitado o convite de Deus.
A primeira leitura do Livro do
Apocalipse mostra-nos que havia uma multidão de eleitos – de todas as tribos,
povos e línguas - os 144 mil - multidão incontável que está diante do cordeiro,
santos e santas. O mistério da glória eterna é assim descrito: a visão de Deus;
a multidão dos que cantam; a alegria e a felicidade dos eleitos mergulhados no
amor de Deus – Santos e Santas. Cada um deve sentir-se ao mesmo tempo
entusiasmado e confiante em um dia vir a fazer parte dessa multidão.
Desta forma, ser Santo é ter vivido de
tal maneira que na hora do julgamento mereça ouvir aquela palavra doce: -
vinde, benditos de Meu Pai, possui o Reino que vos está preparado desde o
princípio dos tempos. É encontrar-se
unido a Cristo e aos irmãos pela graça do batismo, e procurar ardentemente
pautar o seu viver ao ritmo de Cristo. Ser santo é reconhecer muitas vezes a
sua fraqueza, as suas quedas e o seu pecado e nunca desanimar, voltando-se para
a misericórdia divina que salva.
A segunda leitura mostra-nos que o
projeto de Deus é o admirável projeto de amor que o Pai nos consagrou em nos chamar
filhos de Deus. Filhos do Pai, envolvidos no amor, seremos semelhantes a
Cristo, em sua plena manifestação e o veremos tal como Ele é; seremos puros de
coração a semelhança de Cristo Jesus. Nossa filiação se traduz na prática da
justiça se traduz na vivência das bem-aventuranças. Santidade não é uma
culminância de vida, mas uma conquista no dia a dia, nos fatos corriqueiros, na
busca dos acertos em família e na sociedade.
No Evangelho revelam-se as condições das
bem-aventuranças, ajudando-nos a compreender a santidade consumada e a daqueles
que, sem terem atingido a perfeição, estão no caminho, porque se esforçam a
todo o momento por fazer a vontade divina, e não desanimam perante as
fraquezas. Esses sabem recorrer regularmente aos sacramentos que santificam;
não se conformam com o que fizeram, e procuram hoje ser melhores do que ontem,
porque seguem à Palavra divina, os preceitos: - não murmureis … não digais mal
de ninguém… não pratiqueis o mal… esforçai-vos por praticar a caridade… sede apóstolos…
sede pobres de espírito… buscai a justiça…. sede puros de coração… aguentai com
firmeza e paciência as perseguições… e as injustiças… porque vosso é o Reino
dos céus. Ser santo é um admirável projeto de Deus. O plano divino não exclui
ninguém, mas coloca exigências.
O espírito das Bem-aventuranças é um
programa a cumprir que conduz à santidade.
O ensinamento de Jesus contido no Evangelho tem sido sucessivamente partilhado
pela Igreja, que procura interpretar à luz das circunstâncias de cada época a
verdade imutável da mensagem divina.
Nos documentos da Igreja encontramos em
muitos lugares conceitos sobre a santidade.
Jesus é declarado autor mestre e modelo de santidade. A santidade de
Cristo é destacada, como a vocação universal de todos os cristãos à santidade e
a ajuda que cada um, conforme a circunstância pode buscar nos sacramentos. Os
fiéis são chamados expressamente o Povo santo de Deus.
Concretizemos a santidade dos leigos,
dos trabalhadores, dos estudantes..., dos que sofrem, sem esquecer a santidade
dos bispos, dos padres, dos diáconos, dos religiosos. Cada um deve encontrar o
seu enquadramento próprio e assumir as suas responsabilidades. Esta doce e
imprescindível tarefa do leigo cristão é realizada no espírito das
bem-aventuranças e no exercício da missão profética, sacerdotal, e real, que,
como batizados, todos somos chamados a desempenhar.
Sendo um programa a exigir empenhamento
e dedicação, ele enquadra-se na própria dimensão espiritual de homens e
mulheres que Deus chama à vida para ser santo. O exemplo dos santos nos guia. A
graça dos sacramentos nos ajuda. Jesus é o autor, modelo e mestre de toda a
santidade. Santidade é o chamado que Deus nos faz no exemplo daqueles que nos
precederam, santidade de Deus revelada nos seus Santos.
Estamos habituados a ligar a memória dos
santos a famosas figuras do passado como São Bento, Santo Antônio, São
Francisco de Assis, São Domingos de Gusmão. Esses Santos ilustraram a história
da Igreja e esta apresenta-os como exemplos e modelos de quem melhor serviu o
plano de Deus. Portanto, ser Santo é ter atingido o termo desta vida terrena em
comunhão com Deus, encontrar-se na bem-aventurança, junto de Deus.
Nas bem-aventuranças encontramos valores
universais, que podem ser entendidos e acolhidos por todos, como oferta de um
estado de felicidade a ser vivido por aqueles que comungam com a vontade de
Deus. Elas orientam para práticas a serem assumidas por aqueles que buscam a
vida. As quatro primeiras bem-aventuranças referem-se aos pobres, aqueles que
choram, sofrem a opressão e exploração do sistema social, esperam pela justiça,
anunciando a intervenção libertadora de Deus. As outras bem-aventuranças
apontam para aqueles que se empenham em uma prática transformadora do mundo.
São os misericordiosos que se solidarizam com os sofredores, com o coração
desapegado das riquezas e livres para servir aos mais necessitados. Promovem a
vida e a paz, comprometendo-se com a luta pela implantação da justiça
característica do Reino dos Céus, no seguimento de Jesus.
As bem-aventuranças situam-se entre a
pobreza e a justiça. Pobreza como forma concreta de libertar-se da submissão
aos interesses dos ricos e poderosos, colocando sua vida a serviço da Vida. E o
apelo à justiça é o fundamento das demais bem-aventuranças, pelas quais podemos
transformar o mundo, tornando-o rico em fraternidade, justiça e paz. Ser pobre
em espírito é trilhar o caminho da justiça
A festa de Todos os Santos é momento oportuno
para uma revisão da caminhada da comunidade. Olhando para os que nos
precederam, santos e mártires, a comunidade é convidada a se questionar sobre
seu caminho de santidade. Somos filhos de Deus. O nosso batismo nos deu o
caminho da Santidade, que se faz com a centralidade do seguimento de Jesus, que
todos devemos buscar para sermos santos e santas, pois, esta é a nossa vocação.
E nossa filiação se traduz na prática da justiça.
A prática da justiça se traduz na
vivência das bem-aventuranças. Ao tentar vivê-las, os cristãos deparam com
conflitos, perseguições e morte patrocinados pela sociedade estabelecida que
não aderiu ao projeto de Deus. Neste sentido, a memória dos mártires da caminhada
é esperança e conforto: Jesus tem a última palavra sobre os conflitos e as
forças do mal. Urge à comunidade denunciar e resistir em meio às tribulações. Não
há outro caminho de santidade, Santidade é estar com Deus e, sendo mais santos,
o mundo torna-se melhor para todos. Jesus, com a pedagogia das
bem-aventuranças, respeita nossa liberdade de escolha, porém, aponta-nos as
bem-aventuranças, como caminho para a santidade. E não há outro caminho a não
ser o da santidade! Assim seja! Amém.
Olá,
ResponderExcluirQue os santos não canonizados continuem a fazer o bem perto de nós!!!
Abraços fraternos de paz e bem