Irmãos e irmãs,
Este Santo Domingo,
mais uma vez mostra-nos a preocupação de Deus em oferecer aos homens o “pão” da
vida plena e definitiva. E convida-nos a acolher com reconhecimento e gratidão,
os dons de Deus.
A
primeira leitura mostra como Deus Se preocupa em oferecer aos seus filhos o
alimento que dá vida. No “pão cozido sobre pedras quentes” e na “bilha de água”
com que Deus retempera as forças do profeta Elias, manifesta-se o Deus da
bondade e do amor, cheio de solicitude para com os seus filhos, que anima os
seus profetas e lhes dá a força para testemunhar, mesmo nos momentos de
dificuldade e de desânimo.
Deus
não está longe e não abandona o seu profeta. É a confirmação de que o profeta
não está perdido nem abandonado por Deus, mesmo quando é incompreendido e
perseguido pelos homens. Assim, Deus não anula a missão do profeta, nem elimina
os perseguidores; mas limita-Se a dar ao profeta a força para continuar a sua
peregrinação.
Desta
forma, alimentado pela força de Deus, o profeta caminha durante “quarenta dias
e quarenta noites até ao monte de Deus, o Horeb”. Esta peregrinação ao Horeb –
o monte da Aliança – é um regresso às fontes, uma peregrinação às origens de
Israel como Povo de Deus… Elias necessita revitalizar a sua fé e reencontrar o
sentido da sua missão como profeta de Javé e como defensor dessa Aliança que
Deus ofereceu ao seu Povo.
Na
segunda leitura, Paulo na Carta aos Éfesios mostra-nos as consequências da
adesão a Jesus, o “pão” da vida… Quando alguém acolhe Jesus como o “pão” que
desceu do céu, torna-se uma nova pessoa, que renuncia à vida velha do egoísmo e
do pecado e que passa a viver na caridade, a exemplo de Cristo.
Pelo
Batismo, cada cristão tornou-se morada do Espírito; e ao acolher o Espírito,
recebeu um sinal ou selo que prova a sua pertença a Deus. Tem, portanto, de
viver em consequência e de expressar, nas suas ações concretas, a vida nova do
Espírito. A exortação a “não contristar” o Espírito (4,30) deve entender-se
como “não decepcioneis o Espírito que habita em vós, continuando a viver de
acordo com o homem velho”. O cristão deve pautar toda a sua vida por atitudes
de bondade, de compaixão, de perdão, de amor, tendo Cristo como o modelo de vida.
No
Evangelho, João apresenta-nos Jesus como o “pão” vivo que desceu do céu para
dar a vida ao mundo. Para que esse “pão” sacie definitivamente a fome de vida
que reside no coração de cada homem ou mulher, é preciso “acreditar”, isto é,
aderir a Jesus, acolher as suas propostas, aceitar o seu projeto, segui-l’O no
“sim” a Deus e no amor aos irmãos.
De
outra forma, os interlocutores de Jesus não aceitam a sua pretensão de Se
apresentar como “o pão que desceu do céu”. Eles conhecem a sua origem humana,
sabem que o seu pai é José, conhecem a sua mãe e a sua família; e, na sua
perspectiva, isso exclui uma origem divina. Em consequência, eles não podem
aceitar que Jesus Se arrogue a pretensão de trazer aos homens a vida de Deus.
Desta
forma, Jesus afirma que os judeus não têm o coração aberto aos dons de Deus e
recusam-se a aceitar os desafios de Deus… O Pai apresenta-lhes Jesus e
pede-lhes que vejam em Jesus o “pão” de Deus para dar vida ao mundo; pois, amarrados
às suas seguranças, acomodados a um sistema religioso ritualista, estéril e
vazio, já decidiram que não têm fome de vida e que não precisam para nada do
“pão” de Deus. Não estão, portanto, dispostos, a acolher Jesus, “o pão que desceu
do céu”. Eles não escutam Jesus, porque estão instalados num esquema de orgulho
e de auto-suficiência e, por isso, não precisam de Deus.
Contudo,
para aqueles que O querem aceitar como “o pão de Deus que desceu do céu”, Jesus
traz a vida eterna. Ele “é”, de fato, o “pão” que permite ao homem saciar a sua
fome de vida: “Eu sou o pão da vida”. Portanto, quem adere a Jesus e à proposta
que Ele veio apresentar encontra a vida definitiva. O que é decisivo, neste
processo, é o “acreditar” – isto é, o aderir efetivamente a Jesus e aos valores
que Ele veio propor. Então, essa vida que Jesus está disposto a oferecer não é
uma vida parcial, limitada e finita; mas é uma vida verdadeira e eterna. Diferente
do deserto, onde os israelitas receberam um pão - o maná - que não lhes
garantia a vida eterna e definitiva e que nem sequer lhes assegurava o encontro
com a terra prometida e com a liberdade plena; mas o “pão” que Jesus quer
oferecer ao homem levará o homem a alcançar a meta da vida plena.
Jesus
vai dar a sua “carne”, sua pessoa, para que homens e mulheres tenham acesso a
essa vida plena, total, definitiva; pessoa, que os discípulos conhecem e que se
lhes manifesta, todos os dias, em gestos concretos de amor, de bondade, de
solicitude, de misericórdia. Essa “pessoa” revela-lhes o caminho para a vida
verdadeira: nas atitudes, nas palavras de Jesus, manifesta-se historicamente ao
mundo o Deus que ama os homens e que os convida, através de gestos concretos, a
fazer da vida um dom e um serviço de amor.
A
afirmação de Jesus: Eu sou o pão que desceu do céu, transcende as expectativas
humanas. Pois, Deus responde aos apelos do povo, não mais com um dom perecível,
como o maná do deserto, mas com o dom do próprio Filho. Por ser o revelador do
Pai, Jesus afirma: Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou não o atrair.
A fé é dom que leva a participar do diálogo amoroso entre o Pai e o Filho. Em
todas as pessoas que aderem a Cristo, realizam-se as promessas proféticas, onde
todos serão discípulos do Senhor. Acreditar e escutar Jesus, Palavra do Pai, pão
da vida – pão do céu - pão eucarístico, que alimenta a vida, que permanece para sempre. A
participação na vida eterna começa no presente, através do acolhimento a Jesus,
pão vivo que desce do céu. Ele entrega sua existência como Cordeiro de Deus
para libertar o mundo da opressão do pecado. O pão que Jesus oferece é símbolo
de sua carne doada para a vida do mundo. Comer deste pão eucarístico é recordar
sua entrega, comprometendo-se com seu projeto de amor. Jesus continua-nos
ensinando o verdadeiro sentido de sua pessoa. Assim como Jesus, sejamos pão
vivo repartido para a vida do mundo na esperança de um dia habitar para sempre
no banquete do Reino celeste. Assim seja! Amém.
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