sábado, 17 de março de 2012

Ao Deus desconhecido



Antes de prosseguir o meu caminho
E lançar o meu olhar para frente
Uma vez mais elevo, só, minhas mãos a Ti,
Na direção de quem eu fujo.


A Ti, das profundezas do meu coração,
Tenho dedicado altares festivos,
Para que em cada momento
Tua voz me possa novamente chamar.


Sobre eles está profundamente gravada em fogo
Esta palavra: “ao Deus desconhecido”
Seu sou eu, embora até o presente
Me tenha associado aos sacrílegos.


Seu sou eu – e sinto que os laços
Lutando-me me puxam para baixo
E mesmo fugindo
Me obrigam a pôr-me a seu serviço.

Eu quero Te conhecer, ó Desconhecido!
Tu que, fundo, tocas a minha alma
E qual turbilhão invades minha vida.
Tu, Incompreensível, meu Semelhante.
Quero Te conhecer e a Ti servir.


Poema de F. Nietzsche – Do Livro Tempo de Transcendência – O Ser humano como um Projeto Infinito – Leonardo Boff


Segundo Boff: Quando Nietzsche anuncia a morte de Deus, não é de qualquer Deus. Mas é Aquele construído pelos povos, com suas religiões e culturas, que perdeu o mistério e a capacidade de construir laços sociais e reencantar a vida. Deus morre quando o ser humano perde a memória-imagem de sua transcendência. Ele, porém, ressuscita, quando mergulhamos em sua dimensão transcendente. Assim, emerge o Deus mistério, Inefável digno de nosso desejo Infinito.

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